A morte e a morte de Marielle Franco

O assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson colocou em xeque a política de militarização do Estado. A reação popular de indignação ultrapassou todas as fronteiras. Um crime político cometido contra uma atuante vereadora negra, lésbica, moradora e defensora dos direitos dos moradores de favela não poderia mesmo ficar nas fronteiras cariocas. A reação foi imediata, nas ruas e nas instituições que defendem a democracia.

No dia seguinte, mais de 50 deputados do Parlamento Europeu defenderam a suspensão “imediata” das negociações do acordo comercial com a União Europeia. Documento divulgado por 51 europarlamentares afirmava que: “A política de segurança do Governo brasileiro e do Estado do Rio de Janeiro, baseada essencialmente no aumento da presença de corpos policiais e militares (e que culminou na intervenção do Exército brasileiro), não fez mais do que agravar o clima de violência no país”.

No mesmo dia, na ONU, participantes de um encontro sobre os direitos da mulher fizeram um minuto de silêncio em respeito à vereadora.

Manifestações em várias cidades brasileiras e também em Portugal, Alemanha, Inglaterra, França, Canadá ocuparam as ruas exigindo apuração imediata e denunciando o autoritarismo do estado brasileiro. Estudo da Fundação Getúlio Vargas mostrou que a reação dos internautas sobre este crime superou, em número, até as postagens do dia do impeachment. O mapa de interações mostrou que pouco mais de 7% criticavam a esquerda, e cobravam aumento da força policial na cidade. A reação da reação também foi rápida.Após a divulgação dos protestos contra este crime político que escancarou a quebra da institucionalidade que ronda o país, começou a circular pela internet informações sobre um possível envolvimento da vereadora com o crime organizado. Repercutido por uma desembargadora e um deputado federal, a calúnia cresceu na rede graças a pessoas comuns que repercutiram informações falsas geradas por militantes de direita. Imediatamente, o PSOL entrou com ação contra estas calúnias, que tentam matar desta vez o caráter de Marielle.

Como reação à campanha difamatória, neste final de semana, além de muitas manifestações de solidariedade, familiares de policiais assassinados e até um ex chefe do Estado Maior das Forças Armadas escreveram pelas redes depoimentos contando momentos em que Marielle Franco os ajudou na qualidade de integrante da comissão de direitos humanos da Câmara de Vereadores. Ela era a relatora da Comissão da Intervenção na Câmara do Rio de Janeiro.

O Sindipetro-RJ esteve na vigília durante a manhã na Cinelândia e no ato realizado no final do dia 15. O sindicato, junto com outras entidades do país e do mundo, entende que defender Justiça para Marielle e Anderson é defender o estado democrático de direito e os direitos dos trabalhadores brasileiros. (Vigília na Cinelândia ;  Ato na Maré ; Ato no Rio ) Não compartilhe mentiras – Se você vir alguma difamação ou atentado à memória de Marielle Franco, encaminhe print ou link dos posts para: evelyn@ejsadvogadas.com.br

(Versão do impresso Boletim 61 do Sindipetro-RJ)

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