Antes de anunciar o fechamento das FAFENs Bahia e Sergipe, enquanto se aguardam ofertas para venda até o fim do primeiro semestre, a Petrobrás já havia anunciado a saída do setor de fertilizantes, primeiramente no PNG 2017-2021, e mais tarde, em setembro de 2017, com a colocação para venda de 100% da Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), que opera em Araucária (PR), e da Unidade de Fertilizantes-III (UFN-III), cuja planta se localiza em Três Lagoas (MS). De forma escandalosa, ainda promoveu três tentativas de leilão dos equipamentos da UFN V, em Uberaba (MG), sendo a última ocorrida recentemente, entre os dias 20 e 22 de março.

De imediato, prevendo os impactos desastrosos para o estado, o governador de Sergipe, Jackson Barreto, informou que atuará em Brasília para mobilizar parlamentares contra o fechamento. Na Bahia, o deputado estadual Joseildo Ramos, anunciou que buscará o governador do estado, Rui Costa, para fortalecer a luta contra este processo que poderá gerar efeitos desastrosos para o Polo Petroquímico de Camaçari, onde há fábricas que consomem produtos da FAFEN-BA.

O fato é que o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, da Índia e da China. Segundo o veículo Canal Rural, as estimativas apontam para uma elevação nos preços dos fertilizantes nitrogenados em até 15%, impulsionada pela demanda destes três países. Adicionalmente, o Brasil é um forte mercado em expansão para o ARLA 32 (de uso obrigatório para a frota a diesel), produzido pela Ansa. Diante deste cenário, a direção da empresa prefere justificar o desmonte, alardeando o “prejuízo” das FAFENs, o qual se compensa na estrutura do RGN, ao invés de adotar uma estratégia para redução do custo de aquisição do gás (matéria-prima), bem como atuar junto ao governo para a criação de linhas de financiamento para a aquisição do produto nacional nos mesmos padrões de prazo e juros concedidos internacionalmente.

Na contramão da indústria de óleo & gás, Parente busca ainda a saída de outros setores estratégicos, como o de biocombustíveis. Vale ressaltar que o programa RENOVABIO, de 12/12/2017, atribuiu metas anuais individuais de incorporação de biocombustíveis aos derivados comercializados pelas distribuidoras em função de sua fatia de mercado no ano precedente. Os players estrangeiros comemoram a mudança regulatória e se posicionam como grandes fornecedores do produto, ao passo que a Petrobras vende ativos rentáveis no setor de álcool e biodiesel e, como se não bastasse, ainda busca se desfazer de ativos no ramo petroquímico, um segmento altamente lucrativo e de grande penetração. Trabalhando fortemente para reduzir a Petrobras a uma mera produtora e exportadora de óleo cru, Parente destrói o futuro da companhia sob as bênçãos dos “deuses do mercado”, os mesmos que não conseguiram prever a grande crise de 2008.

P.S. Quando fechávamos esta edição, recebemos a notícia de que Pedro Parente havia determinado a suspensão da hibernação das FAFENs até outubro. Na esperança de confirmação desta notícia, comemoramos esta primeira vitória, mas alertamos que nossa luta apenas começou!

(Versão do impresso Boletim 62 do Sindipetro-RJ)

Destaques

Campanha de Solidariedade

Está aberta uma conta digital (https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-a-heroina-que-estancou-sangue-de-vimitima-em-sequestro) para ajudar Patrícia Rodrigues, mãe de três filhos, que perdeu quase tudo em recente enchente no Rio de Janeiro.

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