As empresas Globo e seu inconformismo com a existência da Petrobrás

Mais uma vez as empresas Globo, através do editorial de seu jornal, atacam a categoria petroleira

Em texto publicado em 21 de fevereiro, dia do anúncio do acordo mediado pelo TST que suspendeu a greve que completava então 20 dias, o jornal atacou a chamada “Visão Sindicalista” que considera a empresa “um bem do povo”.
Se puxarmos pela história, estes empresários da família Marinho devem saber que criação da Petrobrás em 1953 foi fruto da campanha “ O Petróleo é Nosso”, depois de um intenso debate que envolveu a sociedade brasileira.

Pela Lei 2004, de 3 de outubro de 1953, foi criada a Petróleo Brasileiro S/A – Petrobras. Cabia à companhia a execução do monopólio estatal do petróleo. As atribuições incluíam pesquisa, exploração, refino do produto nacional e estrangeiro, transporte marítimo e sistema de dutos.
Portanto, há quase 67 anos a Petrobrás cumpre a função estratégica para qual foi criada de prover abastecimento energético ao povo brasileiro, mas pelo jeito os legítimos representantes dos interesses da burguesia brasileira e da banca internacional não entendem assim. E não surpreende : não foi o jornal O Globo quem declarou que a instituição do 13° salário levaria o país à falência? Este é só um exemplo.

O editorial considera que a Greve Nacional Petroleira foi orientada sob dogma do “bem do povo”, e que a mobilização feita pela corporação sindical contra o fechamento da Araucária Nitrogenados (ANSA) no Estado do Paraná foi feita por quem se considera “dona” da estatal. O Globo defende o fechamento da fábrica de fertilizante, mostrando assim a contradição da propaganda seu braço televisivo – TV Globo – que diz que o “agro é pop”, aludindo ao crescimento e desenvolvimento que o agronegócio traz ao Brasil. Sendo o Brasil o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, por que a Petrobrás deveria abrir mão de atuar no setor? Parece que o grupo Globo acha que o Brasil deve ficar atrelado aos interesses de empresas como a Monsanto e do mercado internacional, em conformidade com seu ideário neoliberal.

O texto desenterra e distorce até eventos ocorridos na ditadura militar, citando o ex-presidente Ernesto Geisel, que se viu “obrigado” a aprovar assinatura de contratos de risco com grupos privados para a exploração nos anos 1970 da Bacia de Campos.

Segundo a geóloga Patrícia Laier, diretora do Sindipetro-RJ, vale rememorar ao Globo que existia uma pressão econômica sobre os generais, pois ao final da década, após o primeiro choque do petróleo em 1973, as importações de petróleo respondiam por um quinto da dívida externa. “Com o aumento do consumo devido ao desenvolvimento da indústria automotiva e ao chamado milagre econômico de Médici, que encheu o Brasil de autoestradas e carros, apesar de todos os esforços da Petrobrás, produzíamos apenas um quinto do que consumíamos (cerca de 200 mil barris para 1 milhão) ” – relembra.

Os contratos de serviço com cláusula de risco foram autorizados por Geisel em outubro de 1975, apenas para a exploração de petróleo e gás, sendo que as companhias estrangeiras não seriam donas das eventuais reservas que viessem a descobrir. Tais contratos seriam assinados com as principais multinacionais estrangeiras de petróleo e gás.
No livro comemorativo dos 50 anos da AEPET, o ex-presidente da entidade, Fernando Siqueira, faz um resumo do resultado da vigência dos contratos de risco: “Durante a vigência dos contratos de risco, 243 contratos foram assinados com 35 das maiores e mais experientes empresas internacionais. Estas dispuseram, por força de diretriz superior, de 85% do total das áreas com rochas sedimentares passíveis de conter petróleo. Tais áreas, postas em licitação, foram divididas e subdivididas em áreas ou blocos, oferecidos com todas as informações geológicas e geofísicas até então coletadas pela Petrobrás” – explica. Em suma, um baita negócio para as multinacionais.

Cabe ressaltar que a Bacia de Santos, onde o Pré-Sal foi descoberto em 2006 pela Petrobrás, ficou com as multinacionais estrangeiras no período da vigência dos contratos de risco (1975-1987). E tudo o que elas descobriram foi o campo de gás de Merluza (1979/Pecten, Shell) no Pós-Sal.

Dito isto, vê-se que não precisamos voltar muito no tempo para mostrar o quanto a família Marinho despreza a importância da Petrobrás, quando, por exemplo, sua linha editorial minimizava as possibilidades de exploração dos campos do Pré-Sal. Em 2008, Carlos Alberto Sardemberg, jornalista econômico das organizações Globo dizia que o Pré-Sal não existia.

Pelo jeito, e pelo seu histórico de lutas contra a Petrobrás, as empresas Globo de fato não consideram a estatal como um “Bem do Povo”, e sim como um “Bem do Mercado”. Por isso, sempre bajula a política entreguista neoliberal de Roberto Castello Branco, que rifa os ativos na jogatina do mercado financeiro como fez com a BR Distribuidora, quando pulverizou suas ações através de uma IPO na bolsa de valores, tornado possível a sua privatização.

A categoria petroleira, ao contrário dos barões da comunicação monopolista, defende sim a Petrobrás e a sua importância para os Brasil e os brasileiros, e não permitirá que a empresa seja subjugada em detrimento das multinacionais que só querem surrupiar as riquezas e recursos do país.

 

Imagem Diário PB

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