O balanço divulgado pela Petrobrás no dia 15 mostrou que mesmo com a redução dos investimentos na empresa e com o sucateamento das unidades em operação, os trabalhadores conseguiram mais do que dobrar o lucro operacional da companhia: R$ 35,6 bilhões versus R$ 17,1 bilhões, em 2016.
O resultado negativo no último ano foi fruto da política entreguista da direção da Petrobrás, expressa através do questionável pagamento antecipado e ampliado de R$ 11,2 bilhões aos acionistas de Wall Street, da adesão ao programa de regularização de débitos federais (Refis) no valor de R$ 10,4 bilhões e, novamente, das baixas contábeis (impairments) consideradas (R$ 3 bilhões).
Os petroleiros fizeram sua parte e se desdobraram para manter a produção da empresa, mesmo diante de um cenário de redução do efetivo próprio e contratado, além das tensões internas causadas pelas reduções nos salários e benefícios dos trabalhadores terceirizados.
O resultado deste balanço indica o impacto do crescimento do processo de desmonte, transformando um excelente desempenho em prejuízo, às custas da transferência do lucro petroleiro para outros grupos.
PLR do desmonte – A referência para o cálculo de PLR também é questionável. A expressão escrita no ACT “pago no exercício anterior” se refere ao último contracheque de PLR. O exercício anterior não seria, portanto, o “exercício imediatamente anterior”, e então cumprir o ACT significaria pagar a metade de uma remuneração + a metade da PLR de 2014. Além disso, a regra de 2,5 referente a relação entre a menor e a maior PLR não pode ser quebrada porque garante uma PLR mais linear.
Além de tudo isso, é importante registrar que o Sindipetro-RJ sempre lutou contra a remuneração variável porque ela é discriminatória e não compõe o salário real, entre outros problemas. Os aposentados, por exemplo, nada recebem. E em um setor onde o retorno dos investimentos acontece ao longo dos anos: descoberta, prospecção etc, é absurdo que trabalhadores que participaram de ações que hoje geram lucro para a empresa não recebam nada por isto.
(Versão do impresso Boletim 61 do Sindipetro-RJ)
