De acordo com uma entrevista concedida ao Valor Online pelo Gerente Executivo do Cenpes, a Petrobrás investe cerca de R$ 2 bilhões por ano em pesquisa e desenvolvimento. Ainda, de acordo com o executivo, o crescente volume de produção de óleo e gás da empresa aumenta o valor a ser investido em pesquisa, segundo as regras da ANP; é a conhecida “obrigação com a ANP” ou “PEP 78”. Nosso GE também entende que “o setor depende da inovação”, especialmente diante dos desafios que induzem à transformação digital e ao mesmo tempo são trazidos por ela.

Enquanto isso, historicamente, percebemos o sucateamento do Cenpes ao mesmo tempo em que cifras consideráveis da “obrigação” destinam-se predominantemente às universidades e agora também contemplarão o desenvolvimento de start ups (empresas de base tecnológica). Entendemos que nada há de negativo em investir em universidades e empresas brasileiras de inovação tecnológica desde que não se perca o foco no próprio Cenpes, cujos laboratórios estão cada vez mais defasados e a infraestrutura assustadoramente precária. O incêndio do prédio 20, ocorrido no dia 22/6, é um exemplo gritante da necessidade urgente de investimento no Centro de Pesquisas. Uma construção “adoecida” há mais de 15 anos (problemas no sistema de refrigeração, em instalações elétricas, nas condições de segurança dos trabalhadores, etc) e que vinha sendo alvo de constantes e não cumpridas promessas de revitalização/retrofit foi subitamente (e finalmente) interditada por causa de um incêndio que poderia ter causado mortes.

Até agora, o que foi apurado mostra que o sinistro se iniciou, provavelmente, por conta de um curto circuito ocorrido em uma tomada do laboratório da PDEP/TEE, a qual já havia apresentado o mesmo problema há cerca de um ano. Extintores de incêndio que não funcionaram adequadamente, armazenamento inadequado de inflamáveis líquidos, material provavelmente inadequado no revestimento do teto, dificuldade para retirar os extintores de seus suportes, uma brigada em constante mudança e que desconhece a Unidade, uma equipe de segurança alheia à localização dos recursos necessários para combater um incêndio e totalmente despreparada diante de uma emergência, áreas inteiras desguarnecidas de seus poucos operadores para que os mesmos pudessem colaborar no combate ao incêndio… Recebemos denúncias de que a brigada não conseguia sequer engatar as mangueiras no sistema de água e teve de ser auxiliada em praticamente tudo. Todas estas constatações apenas deixam patente que o Centro de Pesquisas da Petrobrás pede socorro. Mas dinheiro não falta.

Estes e outros temas serão discutidos na reunião a ocorrer nesta terça (10), sobre o papel do pesquisador do Cenpes, às 11h30 no CEPE.

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