Colunista neoliberal e bolsonarista faz ataques à Petrobrás e aos seus trabalhadores

A mídia neoliberal brasileira sempre usa o velho discurso da ineficiência do Estado para justificar a “novidade” do Brasil “muderno” e privatizado para atacar a Petrobrás e as demais estatais

O mais recente velho discurso está sendo difundido pela rádio Jovem Pan de São Paulo, que aliás é um microfone aberto ao neoliberalismo e ao bolsonarismo, atacando gratuitamente a Petrobrás.

No artigo “Brasil não precisa da Petrobras, e é mentira que a estatal seja ‘estratégica’ para o país”, assinado pelo jornalista José Roberto Guzzo, conhecido no meio como J.R e que até 2019 era colunista da Veja, sendo demitido por seu bolsonarismo agudo, e olha que a revista ajudou o Bolsonaro a ser eleito, pode-se notar o complexo de vira-latas e o ranço contra o Brasil. Além do intuito de disseminar a ignorância sobre a Petrobrás e questões estratégicas para o país.

Senão vejamos: “A empresa, ao lado de todas as suas irmãs estatais, é um dos alicerces mais delirantes do Brasil Velho — e esse é um Brasil que está condenado a fracassar. É o Brasil do “Estado”, que não muda nunca e prejudica a todos, salvo as minorias: impede a liberdade econômica, bloqueia a real criação e distribuição de riqueza e mantém a população brasileira no seu estado permanente de servidão aos que são donos da máquina do Estado” – começa. Distorção completa da realidade, que ignora o fato de que todos os países, principalmente os da periferia do sistema, que entregaram seus recursos conseguiram nada além do subdesenvolvimento profundo. Ignora também que os ditos países desenvolvidos chegaram aonde estão através das ações de um Estado forte e empreendedor e não se colocando à mercê do “mercado”. Mesmo os EUA, a pátria do liberalismo, blindam, até hoje, seus mercados e empresas com práticas protecionistas. Desde o pós-guerra, as grandes empresas multinacionais de petróleo estabelecem e depõem governos em países potenciais fornecedores de riqueza (como petróleo, minérios, etc) de modo a criar condições favoráveis à sua exploração predatória, não sendo por outra razão que os governos de viés mais nacionalista ao redor do mundo criaram estatais para proteger seu patrimônio. A consequência é que a maior parte das reservas de petróleo do mundo estão nas mãos de estatais, mostrando que o tal “Brasil Velho” do colunista foi, e é, mais que necessário para minimamente criar as condições para o desenvolvimento de uma sociedade menos pobre e desigual no país.

Certamente José Roberto Guzzo deve saber que a Petrobrás está sendo alvo de um dos maiores saques de sua história a partir do seu plano de desinvestimento e privatização e que esse processo vai criar um monopólio privado ou vários monopólios privados regionais, conforme estudo recente divulgado pela PUC-Rio, ( mesmo sendo uma universidade em que a linha predominante na ideologia econômica seja liberal ). Certamente aqueles que patrocinam o discurso de Guzzo entendem que o “novo” país, condenado ao fracasso da maioria, será a vitória dos mercantilistas de plantão.

Outro ponto: como fazer distribuição de riqueza quando temos no país a aplicação de uma política econômica e monetária que só favorece banqueiros e especuladores ? Guzzo poderia explicar o que foi feito com o R$ 1,2 trilhão dado por Bolsonaro e Paulo Guedes aos bancos, ou será que o colunista está satisfeito com a proposta de R$ 250,00 que o governo pretende dar como ajuda de custo por conta da pandemia aos brasileiros necessitados? Talvez Guzzo seja daqueles que ignoram o esquema vicioso da dívida pública, tantas vezes denunciado pela Auditoria Cidadã da Dívida, mas têm calafrios com os pobres que recebem uma ajuda de custo ou um bolsa família.

E segue o paladino da extrema direita em seu texto: “O salseiro da vez, como uma criança de dez anos de idade seria capaz de entender, aconteceu porque o preço da gasolina, e sobretudo do óleo diesel, vem subindo, os caminhoneiros estão agitados e ninguém no governo sabe ao certo o que fazer a respeito — ou, se alguém sabe, não está dizendo para ninguém. Diminuir os impostos de 45% que o cidadão paga a cada litro que compra na bomba? Nem pensar. Governos têm horror a mexer naqueles impostos dos quais as pessoas não podem fugir, como gasolina, luz e telefone — a não ser, é claro, se a mexida for para cima” – bravateia. Se o colunista se dispusesse a entender o que é a política de preços de combustíveis baseada na PPI (preço paridade de importação), entenderia melhor o contexto que teima em descontextualizar.

O colunista, que também escreve para o “Estadão”, Gazeta do Povo e outras tribunas neoliberais (veículos que defendem com unhas e dentes o receituário entreguista do governo apesar de falar mal de Bolsonaro ) , tenta minimizar os efeitos desta política de preços de combustíveis sobre trabalhadores importantes, como os caminhoneiros, jogando todo peso nos impostos. Aliás neoliberais detestam impostos, mas adoram um financiamento público e uma publicidade de estatal. Seus patrões que o digam, pois basta dar uma pesquisada nas verbas distribuídas pela Secom (Secretaria de Comunicação do Governo Federal) e se perceberá que advogam pelo Estado mínimo para o povo, mas máximo para defender seus interesses.

Ataques aos empregados da Petrobrás

Por fim, José Roberto Guzzo, mais uma vez de forma gratuita, ataca os funcionários, usando a demissão de Castello Branco como referência. Como se em algum momento Castello representasse qualquer petroleir@.

“Por que raios, então, o governo ficou dois anos inteiros pagando estes salários de paxá (Roberto Castello Branco) — só agora começaram a achar caro? O demitido, segundo se soube na mesma ocasião, estava há 11 meses sem comparecer ao local de trabalho, escondido da COVID. De novo: por que não foi mandado embora antes? Não é possível um sujeito ficar trancado em casa fazendo home office e levarem 11 meses para saber disso. Revelou-se, também, que há uma “caixa preta” na Petrobrás, e que a empresa está forrada de desocupados que ganharam seus empregos durante o reinado de Lula-Dilma. É mesmo? Não digam — quem poderia imaginar uma coisa dessas, não é?” – argumenta com com mentiras e total desrespeito aos trabalhadores e à história da Petrobrás.

Criticar o teletrabalho colocando como alternativa o mero retorno ao trabalho presencial é um escárnio em relação às 254 mil pessoas que já morreram de COVID-19 em um ano e tantas outras que já estão doentes e, de modo mais amplo, a todo o país. Será que o jornalista tem ideia da situação de surto de COVID-19 em plataformas como P-74 e P-75 e que mais de 60 trabalhadores da empresa já morreram por causa da doença? E em momento algum a Petrobrás parou! O próprio Sindicato, que tem diversas críticas ao formato imposto pela hierarquia da empresa para o teletrabalho temporário (durante a pandemia) e ao do teletrabalho permanente (pós-pandemia), defende o teletrabalho para proteger as pessoas em relação ao coronavírus e considera que, se bem organizado, de forma negociada com os trabalhadores (algo a que a hierarquia tem se negado), o teletrabalho tem aspectos interessantes no pós-pandemia.

Ao longo de quase 70 anos de história, a Petrobrás desenvolveu a engenharia do Brasil, conquistando, não à toa, por 4 vezes o  OTC  Distinguised Achievement Award, o Nobel da indústria petrolífera mundial, gerando crescimento econômico, empregos e formando mão-de-obra especializada, reconhecida por sua competência até fora do país. Guzzo deve desconhecer, ou finge não saber, sobre a capacidade da Petrobrás de produzir quase três milhões de barris de petróleo por dia ( bbl/d), explorando com competência áreas remotas do Pré-Sal, com tecnologia desenvolvida por seus empregados. Lembra-se ainda que o Pré-Sal foi descoberto pela empresa, num limite tecnológico que as multinacionais concorrentes não tiveram competência nem disposição para transpor.

Neoliberais como Guzzo, que tanto usam a meritocracia como referência em suas conversas vazias, preferem desvalorizar a forma como os petroleiros ingressam na Petrobrás, a partir de um concurso público concorrido e altamente exigente. Para o exercício da prática jornalística, coisa que deve ter esquecido, deveria ter citado em sua coluna que executivos como o sr. Claudio Costa, chefão do RH, indicado pelo governador João Dória e pelo PSDB, foram parar na Petrobrás para aplicar uma política de auto bonificações, turbinadas por privatizações de forma a incentivar o desmonte da empresa. Cadê a crítica a esse tipo “estratégia” por parte do governo?

A resposta para o espontaneamente desinformado colunista deveria vir da própria direção da Petrobrás, a qual prefere assediar, perseguir, demitir e processar por denúncias e críticas ao plano de desinvestimentos e privatização da empresa, mas faz questão de se calar diante de ataques à reputação da empresa e de seus empregados por um jornalista apaniguado por seus padrinhos neoliberais de uma mídia comprometida com um projeto lesivo ao Brasil. Em última análise, jornalistas como Guzzo e esta hierarquia da empresa estão a serviço dos mesmos interesses.

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