“FSM 2019 – Rio de Janeiro” interliga e mobiliza   

Nos dias 29 e 30/11, o SINDIPETRO-RJ, sediou o “Fórum Social Mundial – Rio de Janeiro (FSM 2019) – Um outro mundo é possível… e necessário!”  

Mais de trezentas pessoas estiveram no FSM 2019 onde foram feitas denúncias e discussões sobre as políticas neoliberais e fascistas que estão em prática no Brasil. Diversos representantes de organizações políticas, movimentos sociais e sociedade civil em geral passaram pelas mesas de debate. Para o sucesso do evento, houve pelo menos quatro reuniões mensais organizativas. A primeira aconteceu no dia 19/07 no auditório do SINDIPETRO-RJ. O Sindicato participou ativamente como organizador e apoiador financeiro deste Fórum através do diretor de Política e Formação Sindical, Luiz Mário Nogueira Dias, que, durante o evento, distribuiu farto material gráfico sobre a Auditoria Cidadã da Dívida Pública, a venda das estatais e a política de preços dos combustíveis. O credenciamento foi gratuito e pelo menos 300 pastas com livros e cartilhas educativas, como a “Falácia da privatização para redução da dívida” da AEPET, foram distribuídas. O diretor Luiz Mário também convocou petroleiros para a sindicalização e palestrou na Mesa sobre “Privatizações e Soberania”.  

Durante o Fórum, vários produtos foram expostos e vendidos, como os da Economia Solidária; da Devas – Artesãs da Maré; do coletivo Salamandra Negra; os bótons e camisetas do ativista pela Palestina, Luiz Cláudio Ferreira Moraes; as reproduções em DVD de filmes do documentarista Carlos Pronzato; entre outros

 

Abertura com “Dedo na Ferida” 

Na sexta (29), foi exibido e debatido o filme “Dedo na ferida” https://www.youtube.com/watch?v=lhErYR90dCI , dirigido por Silvio Tendler, que recebeu o Prêmio Júri Popular de melhor documentário longa metragem no Festival do Rio, 2017. O filme aponta as contradições do sistema financeiro e questiona o discurso das autoridades sobre gasto e arrecadação, apresentando um rico panorama, através de depoimentos pontuais, sobre a nociva influência do capital na política e nos governos. Antes do debate, foi lido o Manifesto

 

e divulgados os nomes de todos os integrantes do Comitê articulador dessa edição 2019 do FSM

Comitê FSM 2019 

Assista a transmissão ao vivo do dia 29:  https://www.facebook.com/sindipetrorj/videos/3193428154062818/

 

No sábado (30), após o almoço, Aghata Julião fez uma apresentação musical e Luiz Rodolfo de Aragão Ortiz fez demonstrações de Karatê como exemplo de uma das formas disponíveis para o controle do corpo e da mente

 

Mesas ampliadas com especialistas 

Ressalta-se a riqueza promovida pela dinâmica organizativa do Fórum, que apresentou experiências comprovadas sobre um mesmo tema, permitindo a criação de subsídios para a elaboração de alternativas para uma transformação social. As mesas foram compostas por três convidados-palestrantes, abrindo-se depois para debate e repostas a perguntas da plateia. Em 24 horas de atividade falou-se de Cidadania e Direitos Humanos; Meio Ambiente, Agrotóxicos, Fome e Saúde; Mídia e Cultura; Economia e Economia Solidária; Território cidade-campo, ocupações, populações de rua e sem-teto; Povos originários, comunidades tradicionais e etnias; Reforma Agrária e Agricultura Familiar; Juventude e Educação; e Segurança Pública.  

Privatizações e Soberania – Petróleo e Petrobrás 

Para falar em defesa das estatais, foram convidados o diretor do SINDIPETRO-RJ, Luiz Mário Nogueira Dias; o engenheiro Fernando Siqueira, diretor da AEPET e o petroleiro Eduardo Soares, que também participa da rede EMANCIPA – em defesa da Educação Popular. Dessa mesa, destacamos alguns trechos das palestras.  

Fernando Siqueira disse que “nós estamos vivendo um momento complicado, mais uma vez, com o anúncio do Ministério da Economia de realizar privatizações. Uma dessas estatais é a Casa da Moeda, que fundamentalmente tem acesso a todas as operações de cartão de crédito, a todas as transações brasileiras, e ela tem condições de arquivar e manter o sigilo. E isso tem um valor extraordinário para quem tiver acesso e um prejuízo irremediável para quem for o dono dessas informações. Então, a privatização não visa só o lucro, mas visa informações profundamente estratégicas. No mesmo caso, está a privatização da Petrobrás. O petróleo é responsável por cerca de 92% dos transportes de pessoas e alimentos; faz parte da indústria petroquímica, cujos elementos básicos para todos os produtos vêm do petróleo. Eu estava em São Paulo para uma palestra e um caminhoneiro disse: ‘com R$ 4 eu levo um passageiro do Centro ao aeroporto’. E eu perguntei: de onde virá a energia elétrica para o seu carro?” Fernando Siqueira explicou: “Gás e carvão são apenas 36%. Infelizmente, essa energia para alimentar o carro elétrico vai vir de combustíveis fósseis não renováveis e poluentes. Os países não buscaram as alternativas ao petróleo e ele continua um produto extremamente estratégico! Vejam que foi por causa da importância do petróleo que nós tivemos todas as guerras: a I Guerra Mundial, a II Guerra Mundial, a Guerra do Golfo, das Malvinas, Vietnã, Afeganistão… tudo isso tem disputa pelo petróleo. Resumindo, eu costumo citar o exemplo da Noruega, que até a década de 1970, era o segundo país mais pobre da Europa, que vivia de exportar bacalhau e minérios. Hoje, a Noruega tem um fundo soberano que já atinge cerca de U$ 1 trilhão que é para quando o petróleo acabar o povo norueguês continuar a ter o seu bem-estar social garantido. Por outro lado, na mesma ocasião, a Nigéria descobriu uma reserva que era o dobro da reserva norueguesa, mas o governo entregou para outros explorarem”. Vale registrarmos que a crise humanitária na Nigéria completou dez anos em agosto desse ano.  

“A privatização não visa só o lucro, mas visa informações profundamente estratégicas” Fernando Siqueira

 

Os petroleiros marcaram presença no FSM 2019 com o debate sobre “Privatização e Soberania”

 

O diretor do SINDIPETRO-RJ, de Política e Formação Sindical, Luiz Mário Nogueira Dias disse que hoje temos um governo que não nos representa em nenhuma de suas instâncias. Ele fez um detalhado panorama da história da descoberta do petróleo no Brasil e defendeu a categoria petroleira: “nós não somos irresponsáveis, não somos marajás, como diz a mídia”. E denunciou: “estão doando a Petrobrás inteira e as outras estatais brasileiras! É lamentável ter que falar isso, mas se não tomarmos a Petrobrás como nossa, ela será fechada. Assim como não existirão serviços públicos. Nós temos que ocupar as ruas e as praças públicas para lutarmos por essas empresas. Em outros países, como França, Inglaterra e Alemanha, estão estatizando tudo que não deu certo na iniciativa privada. E nós estamos entregando nossas empresas. Precisamos lutar, já! Precisamos construir tudo junto, começando por assembleias populares”.  

“Falar de privatização não é só falar de empresas, mas também de serviços públicos.”  Luiz Mário Nogueira Dias  

O engenheiro Eduardo Soares, petroleiro, a partir das declarações absurdas do atual presidente do Brasil – que sugeriu a ida do brasileiro ao banheiro dia sim dia não – comparou a privatização de determinados serviços da sociedade à privatização do banheiro de nossas casas, deixando assim a um terceiro o controle da realização das nossas necessidades. Dissertou sobre o papel do combustível na composição dos preços das mercadorias como roupas, alimentos, transporte público, ou seja, o preço dos combustíveis assegura nosso acesso a recursos necessários à nossa vida. Dessa forma, privatizar tais serviços retira do povo o direito de controlar a forma como estes serão distribuídos à sociedade, e que é preciso que o povo sinta-se dono dessas empresas estatais, podendo escolher sua direção não somente mas inclusive através do voto e também através das ações populares, o que não existe em empresas privadas. Disse também: “Nós somos um tipo de refém diferente, pois somos nós que escolhemos nossos líderes de forma democrática e somos nós que precisamos ter o sentimento de pertencimento, porque essas empresas são nossas! Eu percebo que dentro desses dez anos que trabalho na Petrobrás, antes nós trabalhávamos para o desenvolvimento nacional, mas, hoje, nós trabalhamos para o mercado acionista! Então, nós trabalhamos para uma pessoa que não trabalha, ao invés de dividirmos os resultados desse esforço, desse suor, desse trabalho entre nós. Outra questão está na história do Brasil: quais riquezas nos roubaram? O que mais levaram foram vidas. Quanto vale, por exemplo, o pau-brasil dentro da floresta? Quanto vale o minério dentro da terra? Nada valem! Então, o que mais roubaram na nossa história e o que estão tentando roubar agora são as nossas vidas com privatizações que só vão enriquecer o mercado de capital internacional”. Comentou sobre as empresas estrangeiras, que representantes de outros países, vêm ao Brasil participar de leilões de campos de petróleo para garantir a proteção de seus países contra a flutuação do preço do petróleo no mercado internacional. As empresas compram os campos de petróleo e fixam o preço, enquanto que no Brasil – dono da matéria-prima e da mão de obra capaz de produzi-la – vende para o seu povo à preço internacional para atender aos anseios do mesmo mercado, que compra o petróleo brasileiro à preço fixo para proteger suas nações. “O povo brasileiro está sendo duplamente roubado”, afirmou Eduardo Soares. “Para proteger nossa nação precisamos proteger nosso território, pois militar mesmo protege seu território e não o entrega ao capital internacional. Portanto, o povo deve ir para as ruas reclamar seus direitos e defender seu território, e já deveria ter iniciado esse movimento, que é mais do que necessário”, concluiu. 

 “Na Petrobrás, antes nós trabalhávamos para o desenvolvimento nacional. Hoje, nós trabalhamos para o mercado acionista!”  Eduardo Soares 

 

Assista a transmissão ao vivo do dia 30: Parte 1-Manhã – https://www.facebook.com/sindipetrorj/videos/1818933334916895/  Parte 2-Tarde – https://www.facebook.com/sindipetrorj/videos/1165439916981372/  Parte 3- Noite-Encerramento https://www.facebook.com/sindipetrorj/videos/567507330742059/ 

Ocupar todos os espaços possíveis  

Para a socióloga Maria da Glória Figueiredo Souza, fundadora do FSM, “a importância do Fórum é histórica desde a sua criação em 2001” em oposição ao Fórum Econômico Mundial que acontece anualmente desde 1974 em Davos, na Suíça, patrocinado por mais de mil empresas multinacionais em defesa da expansão do neoliberalismo. “Esse FSM 2019 – Rio de Janeiro foi um sucesso e agradecemos muito ao diretor Luiz Mário Nogueira Dias e ao SINDIPETRO-RJ, porque conseguimos realizá-lo e transmitir informações fundamentais para ajudar a população no entendimento do que está acontecendo agora no Brasil”, afirmou.  

No estúdio da Rádio Petroleira, o diretor Luiz Mário Nogueira Dias recebeu a socióloga Maria da Glória e o presidente do Sindicato dos Químicas para uma avaliação sobre o FSM Rio de Janeiro – 2019 no programa Privatizar faz mal ao Brasil no dia 05/12

Ouça: https://www.sindipetro.org.br/privatizar-faz-mal-ao-brasil-09-05-12-2019/

Segundo o diretor Luiz Mário Nogueira Dias, “o importante é construir algo com muita luta e muita ocupação e com boa vontade, com amor e carinho, lembrando que não podemos abrir mão também de usar o nosso próprio corpo para proteger a terra, como as populações originárias fizeram e como os integrantes da Aldeia Indígena Maracanã fazem hoje. O sangue nessa terra tem muito dos indígenas e dos negros. Ter três mulheres negras encerrando os debates nesse Fórum é muito importante para a sociedade. Vamos fazer essas apresentações na rua, em cada bairro, para que o povo saiba o que está acontecendo, porque se não o fizermos estaremos errando. Petroleiros, lutem! Juntem-se à luta agora, antes que fiquem desempregados. E trabalhador, filie-se ao seu Sindicato!”.  

A Mesa “Juventude e Educação” encerrou o FSM 2019 com palestras da professora Ana Gomes, integrante da Comissão de Mulheres Negras; da estudante Mel Pereira, vice-presidente da Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado (AERJ); e da professora Conceição, moradora no Complexo do Alemão, militante, anarquista e em defesa da Ocupação Olga Benário, em Bonsucesso

 

E vem aí o Fórum Social Mundial previsto para janeiro em Porto Alegre e, ainda em 2020, o Fórum Social Mundial em Barcelona, na Espanha. Compartilhe! 

 

Destaques