Jogando pesado: Petrobrás discrimina quem não aderir ao PCR

Em palestra com empregados da unidade Cenpes, realizada no último dia 31 de julho para explicar o PCR, a direção da Petrobrás, a partir de dois representantes do RH, deixou bem claro para os que possuem função gratificada na Companhia, que continuar no PCAC é estar desalinhado da­quilo que se espera de pessoas com “cargo de con­fiança”. Por isso, não haverá mais progressão na função dentro do PCAC, uma clara discriminação a quem não aderir ao PCR.

“O empregado com função gratificada que optar por não migrar (PCR), e que continue no PCAC, não terá processo de avanço de nível do AFG (Avanço de Função Gratificada). O processo de AFG preza e está alinhado ao plano estratégico da empresa” – disse o representante do RH. Ou seja, para quem continuar no PCAC, a carreira na função gratificada fica congelada e, por conclusão óbvia, o (a) funcionário (a) tenderá a perdê-la após certo tempo.

Ainda segundo os palestrantes, o PCR é uma das ações que integram o Plano de Negócios da empresa e está totalmente alinhado à estratégia da companhia.

“O PCR é derivado do PNG 2017/2021, a em­presa quer uma adesão de 100% dos empregados, desta forma vamos alinhar a política de recursos humanos da Petrobrás com a estratégia da com­panhia” – declarou um dos representantes, rati­ficando a política de RH que prepara a Petrobrás para a privatização.

Ao explicar o fato da Petrobrás não ter cons­truído o processo de reformulação do novo plano de carreiras com os sindicatos e federações, a Petrobrás disse que a empresa não tem obriga­ção legal de inserir as entidades representativas dos trabalhadores em situações que tratem da questão.

“A Petrobrás realiza a 7ª alteração do plano de cargos e salários de seus empregados. Desde 1969 nunca consultou o sindicato para qualquer ajuda na elaboração da carreira de seus trabalhadores, a não ser em 2007 quando foi implantado o PCAC, que era uma conjuntura peculiar daquele período (…). A empresa segue as normas governamentais e tendências de outras estatais que readequaram as carreiras de seus empregados ” – tentou justificar o representante da empresa.

A criação de “excelências”

O RH reafirmou que o processo foi construído a partir da contratação dos serviços de consultoria da Fundação Instituto de Administração (FIA) da USP e que o prazo para adesão ao PCR não terá prorrogação e vai até o dia 14 de setembro.

A criação de “excelências” dentro da Petrobrás, ao invés de estimular o desenvolvimento de lide­ranças comprometidas com uma boa gestão de pessoas e recursos e de reconhecer competências técnicas, leva à divisão da categoria, inclusive por condicionar a manutenção das funções gratifica­das à obediência cega aos ditames da direção da ocasião.

Para que não se esqueça: a perseguição contra Moara

Além de consolidar a discriminação contra quem não aderir ao PCR, a direção da Petrobrás aplica perseguição política contra quem desmascarou o PCR, como a petroleira Moara Zanetti

Como publicamos em edições anteriores, Moara foi impedida de participar de um curso por ter feito uma análise, em vídeo sobre o PCR, a partir de informações obtidas em reunião da em­presa com a FNP, onde representava o Sindipetro-RJ, no qual é diretora. Moara agora sofre com o assédio e ameaça de transferência forçada de setor (RH), após ter explicitado a real intenção da direção da Petrobrás, que é a privatização da empresa e desvalorização das nossas carreiras.

No dia 25 de julho, após os atos contra a censura e perseguição à Moara Zanetti, foi realizada à noite uma reunião com o substituto do gerente executivo de RH, que se encontrava de férias.

A petroleira teve sua atuação como dirigente sindical enquadrada pela empresa como conflito de interesse e, por isso, buscam transferi-la forçadamente para outro setor, apesar de afirmarem em ofício que buscam uma solução “negociada” para o “problema”.

O Sindipetro-RJ reafirma sua posição em defesa da Moara e exige respeito da direção da Petrobrás à pratica sindical, sem qualquer tipo de mordaça.

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