Justiça aponta economista de Bolsonaro como beneficiário de fraude na bolsa

MPF abre investigação sobre esquema em fundos de pensão

O economista de Bolsonaro, Paulo Guedes, é citado em processo de fraude em decisão proferida no dia 3 de julho, pelo juiz Tiago Pereira, da 5ª Vara Criminal Federal do Rio, que já determinou a condenação de três executivos da Dimarco, corretora com a qual Guedes se relacionava por meio da GPG, sua própria corretora, em sociedade com sua esposa. Ele é citado na lista de clientes da corretora Dimarco que obtiveram ganhos atípicos no período em que as fraudes ocorreram.

Segundo o juiz, entre janeiro de 2004 e setembro de 2005, os condenados manipularam ordens de negociação de títulos na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros, hoje parte da B3, que gere a bolsa de São Paulo) para lesar a Fapes (Fundação Assistência e Previdência Social do BNDES) e favorecer um pequeno grupo de clientes. As operações deram à fundação prejuízo de R$ 12,8 milhões no período investigado, enquanto os clientes tiveram lucro de R$ 5,85 milhões. A GPG, corretora de Guedes e sua esposa, Maria Cristina Bolívar Guedes, lucrou R$ 596 mil.

MPF investiga por fraude contra fundos de pensão

Ainda sobre Paulo Guedes, o Ministério Público Federal em Brasília está investigando o mentor econômico de Bolsonaro pela suspeita de estar associado a executivos em um esquema que frauda negócios ligados a fundos de pensão em estatais, entre eles a Petros. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, ao longo de seis anos o economista captou ao menos 1 bilhão de reais, de entidades como Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobrás), Funcef (Caixa), Postalis (Correios) e BNDESPar, braço de investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A investigação apura se Guedes teria cometido crime por gestão fraudulenta ou temerária, por suposta emissão de títulos sem lastro ou garantias ao negociar, obter e investir recursos desses fundos.

Como funcionava o esquema

Segundo as investigações, os negócios foram feitos pela BR Educacional Gestora de Ativos, que pertence ao economista. Ela lançou dois fundos de investimentos que receberam, das entidades das estatais, 1 bilhão de reais em seis anos. Entre 2009 e 2013, um dos fundos obteve 400 milhões de reais para projetos educacionais. Os investigadores apuram se o negócio foi aprovado sem análise adequada e gerado ganhos excessivos. Parte do dinheiro das negociações foi injetado na HSM Educacional SA., controlada por Guedes. Ela adquiriu de um grupo argentino 100% das participações em outra empresa, a HSM do Brasil, que buscava lucro na realização de eventos para estudantes e executivos e em palestras.

A empresa, apresentou prejuízos, por causa das remunerações dessas palestras. Na época, Guedes fazia conferências promovidas pela HSM. Os investidores tentam rastrear o dinheiro desses eventos para saber quem os recebeu. A apuração foi instaurada pela Operação Greenfield, que investiga pagamentos de propina em fundos de pensão. Na época, a Previ era gerida por Sérgio Rosa, e a Petros por Wagner Pinheiro. A Operação Greenfield apura esquemas em fundos de pensão baseados em relatórios da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar).

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