A direção atual da Petrobrás, escandalosamente subserviente aos interesses das multinacionais e do sistema financeiro, busca nos disciplinar segundo os interesses imediatos destes mesmos agentes.
Ela obtém vitórias parciais neste sentido, usando o endividamento da empresa como arma, além de abusar de conceitos que falam ao “senso comum” como a “justiça” da meritocracia e a importância da disciplina de capital e da responsabilidade financeira. Aposta igualmente na crise de representação que viveu/vive o movimento sindical e na desesperança que se abateu sobre grande parte da população, acreditando que as classes trabalhadoras nunca poderão obter ganhos de fato.
Neste cenário, esta direção indigna de qualquer admiração reduz a empresa em portfólio, tamanho, presença e futuro, caminhando na contramão de todas as grandes concorrentes ao se desfazer de ativos estratégicos como refinarias, dutos, distribuidoras de combustíveis em geral e GLP, FAFENs e campos de petróleo. Reduz o efetivo petroleiro, próprio e contratado, tratando as pessoas como recursos dispensáveis, embora diga o contrário.
Reduz as condições de vida do efetivo que permanece na empresa, através de um ACT rebaixado e das condições cada vez mais inseguras de trabalho, usando, por outro lado, indicadores de acidentes como condicionantes a uma remuneração “melhor”. Essa mesma direção, descaradamente chorona por conta de uma “crise” que faz faltar dinheiro na Petrobrás, acumula para si somas vergonhosamente altas sob o nome de RVE, a qual também distribui parte para funcionários com função gratificada, objetivando comprá-los, e o que sobrar se sobrar, vai para os demais de acordo com o cargo e o tempo de casa.
Vivemos o máximo da contradição dentro da Petrobrás de hoje, cada vez mais inviabilizada em sua eficiência por meio de mil regrinhas de “compliance”, enquanto a corrupção maior se passa diante de todos: privatizações fatiadas, desemprego e, no futuro, fim da Petrobrás, daquela companhia que por mais de 60 anos moveu este país e concretizou sonhos sob inúmeras formas. A decisão que se impõe hoje é: aceitar ou lutar. De que lado você está petroleir@?
Versão do impresso Boletim CLXVII