O firme propósito dos EUA em obter o Pré-Sal brasileiro

Em janeiro desse ano, em uma das primeiras atividades divulgadas pela indústria petrolífera nos EUA, foi exibido um vídeo com o personagem Bisonho, da turma do Ursinho Pooh, que trazia um de seus sombrios enunciados: “Fim da estrada, nada a fazer e sem esperança de as coisas melhorarem”. O pessimismo foi explicado pelo diretor de Energia da HOS Investment Partners, Kim Bourgeois: “A maioria de nossas manhãs de segunda-feira têm sido assim.”

A bolha estourou

Para as empresas de exploração e produção por trás do crescimento espetacular do petróleo dos EUA, a situação não é confortável diante de um caixa que segue rumo ao negativo num esforço desmedido para atender às expectativas dos investidores. Segundo a diretora de Política e Formação Sindical do SINDIPETRO-RJ, Patrícia Laier, geóloga e conselheira da AEPET, “na verdade, isto já era previsto pelos especialistas. Esta galera dos não convencionais nunca trabalhou no positivo, justamente por causa das características dos poços por fraturas que declinam rapidamente. Nas previsões mais otimistas, este declínio se daria a partir de 2025 quando os produtores da OPEP aumentariam sua participação relativa na produção mundial. Os estadunidenses sempre souberam que seria apenas um paliativo. Os não convencionais nunca foram páreo para os convencionais e é por isto a urgência das majors em se tornarem donas de reservas no Pré-Sal do Brasil, caracterizado por campos gigantes e supergigantes com os melhores poços em produção hoje no mundo”. No Texas, por exemplo, que é o maior estado produtor de petróleo nos Estados Unidos e com a maior parte da prolífica Bacia do Permiano, o número de plataformas ativas caiu 24% no ano passado. “Como maiores consumidores mundiais com cerca de 20 milhões de barris por dia, representando cerca de 20% de toda a produção mundial, os Estados Unidos têm o firme propósito de se assenhorar das reservas de petróleo do nosso Pré-Sal, das iranianas e das venezuelanas. E acreditem, se o México ainda fosse um grande produtor e exportador, suas crianças não estariam em celas no Texas”, critica Patrícia Laier.

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