Passando a boiada: Petrobrás vende (entrega) participação do campo de Baúna, na Bacia de Santos

Preço irrisório com parcelamento tipo “Casas Bahia” e venda para empresa envolvida em episódio nebuloso

A Petrobrás anunciou no último dia 6 de novembro a venda da totalidade de sua participação no campo de Baúna (área de concessão BM-S-40), localizado em águas rasas na Bacia de Santos, para a Karoon Petróleo & Gás Ltda (Karoon), subsidiária da Karoon Energy Ltd.

O campo de Baúna iniciou sua operação com o FPSO Cidade de Itajaí em fevereiro de 2013. A produção média do campo de janeiro a setembro de 2020 foi de aproximadamente 16 mil barris de óleo por dia e 104 mil m³/d de gás. Com essa transação, a Karoon será a operadora da concessão com 100% de participação.

A operação foi concluída com o pagamento de US$ 150 milhões para a Petrobrás. O valor recebido no fechamento se soma ao montante de US$ 49,9 milhões pagos à Petrobrás na data de assinatura, em 24/07/2019. “A parcela remanescente, estimada em aproximadamente US$ 40 milhões, será paga pela Karoon em 18 meses contados da data de hoje (6/11), considerando os ajustes de preço, uma vez que a data-base da transação é de 01/01/2019. Assim, o valor foi ajustado em função do resultado do fluxo de caixa incorporado pela Petrobras até a data de fechamento. Adicionalmente, foi acordada pelas partes parcelar contingente do preço, a ser recebida pela Petrobras até 2026, no valor de USS 285 milhões” – diz o informe de conclusão do negócio. Assim, a preço de banana mais um campo é praticamente doado.

FNP em 2017 denunciou o negócio ao MPF

Vale lembrar que em 2017, a FNP havia denunciado o então presidente da Petrobrás, Pedro Parente, ao Ministério Público Federal por suspeita de fraude neste negócio. Na época o processo de venda foi suspenso ( Relembre a matéria neste link https://sindipetro.org.br/fnp-denuncia-pedro-parente-no-ministerio-publico-federal/ ).

Inicialmente, o negócio englobava os campos de Tartaruga verde e Baúna, mas como a FNP obteve a liminar de suspensão a direção da Petrobrás optou por vender os campos em separado.

A advogada Raquel Sousa, do Sindipetro-ALSE e da FNP, autora da ação, explica como campo de Baúna há tempos estava no radar da Karoon:

“A Petrobrás recentemente colocou de novo para vender os campos, só que de forma separada. Em realidade a Karoon tinha interesse em Baúna, pois já possui outros campos na região, e assim ela vai utilizar um mesmo FPSO para fazer a exploração. O que chama atenção neste procedimento é que como uma empresa que já tinha um passado nebuloso, depois de ter suspensa a compra dos campos de Tartaruga Verde e Baúna, em que o valor oferecido, US$ 1,6 bilhão, era quatro vezes maior do que seu capital societário. Ainda com o agravante de ter sido desmentida por outra empresa, a Woodside Energy, em documento oficial, citada na mesma negociação como parceira do negócio, mentindo para a Petrobrás. Agora essa mesma empresa ganha a concorrência de um campo que estava incluído no negócio que foi suspenso” – questiona Raquel, citando um dos argumentos indicados pela ação que suspendeu a venda conjunta dos campos de Tartaruga Verde e Baúna.

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