PCR é armadilha, não assine!

Novo plano de cargos é mais uma medida que reforça a privatização. Vamos, juntos, barrar este ataque!

A rigor, o que é o PCR?

O novo Plano de Carreiras e Remuneração (PCR) da Petrobrás representa, a grosso modo, um rompimento dos termos do edital do concurso público realizado pelo funcionário(a). Foram constatadas várias possíveus ilegalidades e inconstitucionalidades, assim como a questionável pretensão de manter concomitantemente dois quadros de carreiras para as mesmas funções, dividindo a categoria. Lembremos do engodo que foi a repactuação do Plano Petros.

O PCR, alinhado ao PNG 2017-2021, é mais uma medida que reforça a privatização da empresa. Elaborado sem qualquer transparência, sem a participação dos sindicatos e oferecido mediante de recompensa financeira, o novo canto da sereia pode soar atrativo, mas acarretará na diminuição da verba destinada à ascensão funcional. A própria empresa afirma que recuperará em 4 anos o investimento (mais de R$1 bi) que ora realiza na oferta do bônus de adesão. Como poderia, se o trabalhador não saísse perdendo? O bônus será pago com seu próprio salário!

A “vantagem” financeira imediata é um dinheiro retirado de nossos próprios salários ao longo do tempo. Para boa parte dos trabalhadores serão 5 anos, ao invés dos 2 atuais, sem qualquer progressão e sem garantia de “50%” de concessão de níveis.

Por que tanta pressa?

A empresa disse que estava planejando o PCR há dois anos, mas apresentou a proposta na última sexta (29/06) para gestores e segunda (02/07) já estava aberta para adesão. Não parece muito estranho que, depois de não pagar a PLR devida, a mesma companhia ofereça um dinheiro para adesão a um plano que criou às escondidas?

A FNP orienta os trabalhadores para que não assinem a adesão por imposição ou com a pressa que a direção da empresa está demandando. Aliás, uma boa forma de reconhecer o que os trabalhadores têm feito seria pagar a RMNR e a PLR devidas, sem que tivéssemos que fazer uso de ações judiciais e mobilização. Mas se não fazem sequer isso, por que esse PCR agora?

Direção da empresa e governo buscam aplicar rapidamente medidas alinhadas com a venda de ativos, os leilões das reservas do Pré-Sal e com o absurdo equacionamento do PPSP (e agora a nova chantagem de migração para o Petros 2).

Leia o parecer jurídico em: https://bit.ly/2KMfTGz

Privatização e maior exploração:

o pano de fundoO objetivo do PCR é adequar, enxugar e realocar a mão de obra de acordo com os interesses da empresa no contexto de privatização.

Na área operacional os objetivos deste plano serão ainda mais sentidos: produzir mais com o menor efetivo possível, sobrecarregando os trabalhadores. Resgatando tentativas passadas (e frustradas) de má gestão de recursos humanos, a empresa apressou-se em dizer que o PCR não tem relação com o projeto do “operador-mantenedor” (fusão das atividades de operação e manutenção em uma mesma carreira).

Mas é justamente isto que nos parece, agora de forma muito mais ampla.

O PCR surge também como um coroamento do PIDV, demissões em massa e terceirizações ao longo das últimas gestões. Agora, a direção, de acordo com o PLAFOR quer reduzir o número de empregados, na busca de lucratividade a qualquer preço e investindo em uma “estratégia” de venda de ativos e “parcerias” que somente reduzem nossa fatia do bolo e acaba com a nossa integração vertical.

Mobilidade para quem?

Em primeiro lugar a falta de mobilidade não será resolvida com o PCR. Os desmandos dos gerentes que impediam a mobilização seguirá. Sob o engodo de responder à justa e sentida demanda de mobilidade, cria-se, com o tal “cargo amplo”, um artifício para nos deixar ainda mais à mercê dos interesses gerenciais (e não de nossa carreira). Além dos questionamentos jurídicos quanto aos concursos, registros profissionais, concomitância de dois planos etc. acreditamos que esta “mobilidade” atenderá a uma estratégia de terceirização e de maior poder de chantagem sobre os trabalhadores. Aliás, já é assumidamente assim, pois o ‘Mobiliza Contínuo’ exige adesão ao novo plano. Bônus por um lado, restrição por outro.

Além disso a reclassificação de técnicos já era possível antes, mas de forma mais direcionada e sem transferir a responsabilidade para o trabalhador. O que se busca com esses cargos genéricos é a legalização do desvio de função. Caso algum trabalhador se sinta prejudicado, será mais difícil procurar o sindicato e a justiça. Com a privatização dos ativos, a empresa quer transferir o ônus para cada trabalhador: “procure um lugar no ‘Mobiliza’, se vira!’’

O ataque é coletivo, a resposta precisa ser coletiva!

É necessário retomar a greve nacional

Venda de ativos (refinarias, Fafens, dutos, terminais, campos terrestres etc.), leilões de hidrocarbonetos, terceirização, equacionamento e agora o PCR são tentativas de um mesmo projeto de Petrobrás, diametralmente oposto ao que desejam os trabalhadores (ou boa parte de nós, pelo menos!) e ao que o Brasil precisa.

Esse projeto vem sendo implementado ao longo dos últimos governos e agora querem jogar a pá de cal. Não permitiremos. A arma que temos para isso é nossa mobilização. Por isso é preciso retomar a greve nacional. Construir a unidade da categoria para enfrentar esta armadilha, este deve ser o objetivo da FNP. Novamente, chamamos as demais entidades à unidade.

Versão do impresso Boletim LXXVIII

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