Petrobrás e seu descompromisso com a vida dos trabalhadores

Trabalhador com deficiência sofre acidente após utilizar transporte fretado da Petrobrás. É preciso ter atenção às necessidades do outro

Na última terça-feira (9) após descer do ônibus da Petrobrás que o conduzia ao Centro do Rio, quando se dirigia a uma consulta odontológica, José Francisco Teixeira Lourenço, um empregado com deficiência, lotado no Cenpes, tomou um tombo ao passar por uma poça d’água ficando com diversas escoriações.

“Foi após descer, no percurso entre o Ventura e a Senador Dantas. Estava chovendo, a calçada molhada e cheia de lodo. Infelizmente não permitem que os ônibus parem para as pessoas com necessidades especiais em ponto mais apropriado. Eu já havia feito várias solicitações, até que aconteceu o que eu temia” – narra Lourenço que já havia oficializado ao comitê de SMS, em reunião no Cenpes, onde trabalha há cinco anos, as dificuldades decorrentes da falta de flexibilização dos locais de parada com melhores condições de acesso para pessoas com deficiência (PcDs).

Dificuldade já havia sido alertada

Aliás, no próprio Cenpes foi realizada uma reunião da Comissão Local de SMS, em 29 de junho, último, em que Francisco Lourenço alertou sobre o problema de acessibilidade ao transporte (fretamento) na Petrobrás. “Os motoristas dos ônibus não são autorizados a parar em outros pontos que não aqueles pré-determinados. É importante criar exceções para pessoas com deficiência, assim como o entendimento de que as leis específicas para pessoas nestas condições devem ser cumpridas pelo Transporte da Companhia” – consta a declaração na ata da reunião. Neste mesmo encontro uma representante do Compartilhado informou que, dentre os empregados próprios da Petrobrás lotados no Cenpes, existem 11 PcDs, sendo nove físicos, um auditivo e um visual, informando que o mapeamento não foi feito para os contratados.

A dificuldade às PcDs é uma rotina para quem necessita usar o transporte da empresa a trabalho. “Houve uma vez que um deficiente visual só conseguiu desembarcar no Ventura e teve que se deslocar com muita dificuldade até o Edise” – conta. Vale lembrar que a Petrobrás não incluiu as PcDs em qualquer projeto piloto de teletrabalho. “Imagine como seria bom para nós deficientes, evitando esses transtornos e acidentes como o que aconteceu comigo” – conclui José Francisco Teixeira Lourenço.

A direção do Sindipetro-RJ manifesta sua profunda insatisfação com o descaso à questão, valoriza as reuniões de Comissão Local e CIPA e entende que deve se dar a devida efetividade ao tratamento dos problemas e riscos expostos pelo sindicato e pela categoria. Ainda, quanto a questão do teletrabalho, levantada por José Francisco, entendemos que a mesma demonstra o quanto os espaços públicos e da própria Petrobrás não proporcionam as condições devidas de inclusão às PcDs, as fazendo, conflituosamente, reivindicar o retorno aos espaços privados restritos. Na próxima sexta (19), no Cenpes será realizada uma reunião pela comissão local de SMS, em que será colocado em pauta o incidente com o petroleiro José Francisco Teixeira Lourenço.

Versão do impresso Boletim XCIII

Destaques

Campanha de Solidariedade

Está aberta uma conta digital (https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-a-heroina-que-estancou-sangue-de-vimitima-em-sequestro) para ajudar Patrícia Rodrigues, mãe de três filhos, que perdeu quase tudo em recente enchente no Rio de Janeiro.

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