Petroleiras no 8M – 2020: por democracia, contra a retirada de direitos e contra qualquer tipo de assédio!

Mulheres petroleiras, o mês de março marca a celebração da nossa luta con­tra a violência, o feminicídio, a discrimi nação e o assédio. Seja em nossas casas, nas ruas ou dentro do sistema Petrobrás, encara­mos o desafio de defender os nossos direitos, exigir respeito e mais do que isso, a valoriza­ção das diferenças. O oito de março (8M) é a data que celebra internacionalmente essa luta, e por isso nesta segunda-feira (9) estaremos nas ruas para juntas, de forma global, reafir­mar a nossa mobilização!

É fato que essa conjuntura não está fácil para nós trabalhadoras (es) com Bolsonaro e sua trin­ca do mal: Paulo Guedes, Witzel e Crivella. Para a esmagadora maioria da população que depende do seu trabalho para viver, que precisa de políti­cas sociais, do fornecimento publico de medica­mentos, da previdência, de direitos trabalhistas. Para quem quer liberdade de ser o que é com respeito e valorização; liberdade de se organi­zar politicamente; para quem quer a soberania nacional; para quem precisa de emprego. Para quem não quer ver mais corpos negros mortos ou encarcerados. Mas resistir é possível e lutar é preciso! E assim estamos fazendo!

A greve nacional petroleira

Hoje, o desmonte e a privatização do Sistema Petrobrás, geram apreensão e medo com o que possa acontecer no futuro. Na verdade, já convivemos com o medo constante de demissões, o que já é uma realidade. Na BR Distribuidora, inúmeras companhei­ras foram demitidas pelos novos donos da empresa após a chamada privatização “branca” feita pela pulverização de papeis da BR na Bolsa de Valores, ao final de 2019, quando a Petrobrás deixou de ter o controle acionário da subsidiária. Fazemos parte dos quase 2.000 demitidos(as).

Já no início de 2020 o ataque foi à Araucária Nitrogenados (ANSA-FAFEN-PR) onde um total de quase mil pessoas, 396 empregados (as) próprios e 600 terceirizados (as) tiveram formalizadas as suas demissões.

Mas isso não ficou barato: Mulheres e homens petroleiras(os) deflagraram uma gre­ve nacional contra tais demissões, contra o desmonte da Petrobrás, entre outras pau­tas. Esta foi a maior greve desde 1995. Em 13 estados, contando com mais de 21000 trabalhadores(as) parados, em mais de cem unidades pelo país, mostramos a capaci­dade de organização e de luta da categoria petroleira. E sim! Nós mulheres estivemos à frente, junto com outros companheiros, dessa luta histórica.

Portanto, as contribuições das mulheres para a Petrobrás acontecem das mais va­riadas formas: Desde a exploração, passando pelo refino, distribuição, áreas adminis­trativas e também na luta sindical, na defesa dos direitos de toda a categoria e das mulheres, na luta por emprego e pela soberania nacional.

Nosso cotidiano no mundo do trabalho e na Petrobrás

Ainda neste contexto sofremos com a rotina de assédios sofridos por conta do preconceito de gênero, raça e de orientação sexual, deficiência, etc.

Somos nós, mulheres, que recebemos os menores salários, que mais sofremos com os desvios de função, com a opres­são gerencial, com a invisibilidade das nossas falas, do nosso trabalho. Também somos as principais vítimas de assédio sexual e moral e, este último, muitas vezes decorrente do pri­meiro, ou seja, uma vingança por uma inves­tida sexual não correspondida. Somos cobra­das por comportamentos que não justifiquem o assédio, como se algo pudesse justificá-lo.

Obviamente, tudo isso é potencializado por múltiplas vezes quando somos mulhe­res negras, terceirizadas, homossexuais, por­tadoras de deficiência e assim por diante. Em momentos se desmonte e privatização como o que estamos vivendo no Sistema Pe­trobrás essa situação se agrava.

Com o au­mento da competitividade e a idéia da mulher como o pólo frágil; Com a redução de equipes e a utilização, consciente ou inconsciente, de critérios machistas para eliminação das mu­lheres; Com a tripla jornada e a atribuição à mulher dos cuidados com a casa, com os filhos, com a saúde na família, mas, ao mesmo tem­po, isso sendo visto pelo empregador como pouco comprometimento com o trabalho e, por aí vai.

Apesar das dificuldades, resistimos! E mais que isso, seguimos em luta e unidas! Somos mães, somos filhas, companheiras, es­posas, lésbicas, bissexuais, casadas, solteiras, roqueiras, pagodeiras, ousadas ou recatadas, em luta contra esse governo que afronta as trabalhadoras, ataca as liberdades individuais e o conjunto daqueles que vivem do trabalho. Somos operadoras, técnicas, engenheiras, as­sistentes sociais, geólogas, etc, etc.

Somos mulheres e petroleiras com muito orgulho! Defendemos os nossos empregos, a Petrobrás, o Brasil!

 

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