Precarização de transporte no CENPES: não a demissão de terceirizados e mais transparência nos contratos

Em reunião da Comissão Local do CENPES com o Sindipetro-RJ, ocorrida na sexta (11), foi informado o histórico do processo que gerou a substituição dos carros de turno por táxis. O gerente Alex do Vale (COMPARTILHADO/CST/STMP/SL-SE) apresentou em reunião do COMIN, em outubro, a proposta de atendimento dos trabalhadores do turno por voucher eletrônico.

A alegação foi de que os trabalhadores de turno da TIC (CIPD), da ENERGIA/UO-TERM/EO, da POÇOS/CAAP-EX/POLO-EXP, da LMS/US-LOG/OLS/TM (FRONAPE) e da UO-RIO (EDIHB) já eram atendidos em totalidade por esta modalidade de transporte, restando apenas o turno do CENPES para este enquadramento na base do Rio de Janeiro. A proposta surgiu sem diálogo com os trabalhadores, a despeito de haver uma programação mensal de reuniões de Comissão Local com o Sindipetro-RJ, sem considerar os riscos e as especificidades da Ilha do Fundão dentro da diversidade de horários dos turnos e sem qualquer transparência.

A proposta poderia ter sido recusada na reunião do COMIN, completamente implementada ou parcialmente implementada, no que a gerência executiva do CENPES se decidiu pela implementação parcial. Definiu-se então que haveria a migração de 95 funcionários do turno para o atendimento por voucher eletrônico, enquanto que 58 permaneceriam atendidos pelos carros de turno, de modo a fazer uma experiência de 90 dias. Se bem sucedida, a ideia passaria à implantação total, do contrário, seria abandonada.

O gerente Alex do Vale também teria informado que as já citadas unidades do Rio que se utilizam do atendimento com voucher estão desde 2016 sendo bem atendidas, conforme revelam os indicadores de avaliação (obtidos através de aplicativo específico). Outros indicadores serão criados para acompanhar a implantação parcial desta proposta no CENPES, mesmo já havendo experiências mal sucedidas quanto ao uso de táxis no Fundão. Alex do Vale teria afirmado que as cooperativas se comprometeram a manter equipes na localidade, de modo a evitar “apagões”.

O Compartilhado enviou a listagem de empregados atendidos por voucher e VIX para os COTUR, no que foi solicitado pela GP-CENPES (atual designação do RH) a fazer este envio aos gestores dos funcionários. Seja como for, o fato é que não houve comunicação prévia para as equipes quanto a esta medida. A migração parcial e a forma de seleção dos funcionários também causou estranheza entre as equipes, conforme relatos dos petroleiros. Três cooperativas de táxi foram selecionadas para este atendimento (Coopacarioca, Central Táxi Rio de Janeiro e CopaTaxi) mas não se conhecem ainda os critérios para sua seleção.

Outro ponto digno de nota é que os táxis não terão câmeras instaladas, ao contrário dos carros da VIX, mostrando a contradição do gerente Alex do Vale, o qual alegava com veemência que tais câmeras eram essenciais para a segurança de petroleiros e motoristas. Diante da argumentação do Sindipetro-RJ sobre os riscos que a existência de tais câmeras traziam para os usuários e motoristas em uma cidade violenta como o Rio de Janeiro, Alex do Vale alegava que a ISC havia emitido um parecer quanto à manutenção delas e que sua retirada era virtualmente impossível. Parece que agora, diante da realidade dos táxis, o parecer da ISC e a tal segurança trazida pelas câmeras já não importa tanto assim.

Diante da mudança agendada para 15/01, o Sindipetro-RJ entrou em contato com os trabalhadores para colher mais informações, noticiou o fato em suas mídias, convocou e realizou uma reunião presencial no CENPES, nesta sexta-feira, e levou todos estes fatos à reunião de Comissão Local,  solicitando que a implantação parcial do voucher eletrônico fosse adiada por, no mínimo, um mês. Um adiamento possibilitaria o diálogo com os trabalhadores de modo a se buscar uma solução melhor, de preferência com abandono desta ideia. Após a reunião da Comissão, o GP-CENPES informou que o Compartilhado adiou a implantação para o dia 31/01, assumindo o compromisso de formalizar a decisão com a força de trabalho.

O Sindipetro também recebeu informações extra oficiais de que as demissões dos motoristas da VIX (mais da metade havia recebido aviso prévio) foram suspensas.

A Direção do Sindipetro-RJ continuará lutando para estabelecer um canal de diálogo efetivo sobre este assunto para defender os direitos dos trabalhadores, sejam próprios ou contratados. Ainda, nesta segunda-feira (14), na entrada do turno e em seguida na Praça das bandeiras, ocorreram setoriais a fim de informar para mobilizar, tanto o TURNO quanto o ADM, para se posicionar como contrários a esta precarização do transporte no CENPES. Primeiro atacam os carros de turno, amanhã serão os ônibus do fretamento.

 

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