Em carta enviada em 15/02 aos trabalhadores pela intranet da empresa, a Petrobrás, através do novo diretor de Assuntos Corporativos da estatal, Eberaldo de Almeida Neto, comunica que estuda a adoção de um sistema de pagamento de bônus por desempenho individual aos seus funcionários.

Eberaldo aponta que a empresa também iniciará o debate de outras propostas relacionadas à meritocracia como um “plano de cargos que permita maior mobilidade”, a revisão da função de especialista e criação de um banco de talentos interno.

Segundo a carta, “o banco de talentos, gerido pelo RH, propicia a aplicação inequívoca de critérios claros para a sucessão, com base no mérito e no amplo acesso”. Eberaldo de Almeida Neto assumiu o cargo no fim de janeiro, no lugar de Hugo Repsold, atual diretor de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia. Na carta, ele afirma ainda que a companhia precisa avançar em dois temas essenciais para o seu futuro: “a integração e o mérito”: “Temos de acelerar esse processo, de forma a intensificar o aumento da eficiência”. O diretor afirma também que a discussão sobre mérito está avançando dentro da empresa, como na criação dos processos seletivos para cargos de gerência vagos.

Sob o mote justo de valorizar aqueles que se dedicam à empresa em detrimento dos que mantém comportamento oposto, entendemos que tais medidas, na verdade, geram consequências desastrosas à ambiência e ao trabalho em equipe, como ocorreu entre 1998 e 2001, na gestão Henri Philippe Reichstul (tendo Pedro Parente no Conselho de Administração), quando a Petrobrás praticou a Remuneração Variável.

Além de acelerar o processo de privatização, a política meritocrática de bônus por desempenho individual pode se tornar, inclusive, mais nociva do que a venda de ativos na medida em que um ativo, por mais difícil que seja, pode até ser readquirido em um momento futuro, mas a privatização da lógica de funcionamento, da mentalidade e da cultura, é mais difícil de ser mudada, pois passa a ser a forma como a maioria das pessoas vê e vive a empresa.

Em recente reunião de apresentação de planos e resultados, uma gerência da engenharia apontou que a remuneração variável irá substituir a promoção por antiguidade. O Sindipetro-RJ alerta que este tema é objeto de Acordo Coletivo de Trabalho e questiona se o RH Relações Sindicais participou deste debate porque o sindicato não foi comunicado.

Segundo a mesma gerência as metas de desempenho serão apenas para os gerentes, porém, a direção do Sindipetro-RJ entende que se há meta para os gerentes haverá desdobramento para os gerenciados, como já está ocorrendo nas áreas operacionais.

Uma das metas que serão analisadas é a Taxa de Acidentes Registráveis (TAR), no entanto, isto conflita com nosso Acordo Coletivo, o qual não permite vinculação de qualquer tipo de bônus ou inclusão no Gerenciamento de Desempenho (GD) de metas de acidentes. Outro grande perigo é que o desempenho por metas sempre é baseado na produtividade, não levando em consideração os limites humanos. Tais situações tendem a propiciar um aumento de situações de risco e acidentes, nem sempre notificados aos órgãos competentes.

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