XIII Congresso Nacional da FNP começa com Plenária Nacional de Aposentados

Teve início nesta quinta-feira (28), o XIII Congresso Nacional da Federação Nacional dos Petroleiros, em Santos, a partir do tema Campanha reivindicatória 2022 – chegou a hora de reconquistar os direitos – Petrobrás para os brasileiros

Com representantes estaduais dos sindicatos,  oposições, diretorias não filiadas e que formam a federação, delegados, não quatro dias seguidos para debater os rumos da categoria petroleira no próximo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Neste ano as negociações devem ser mais difíceis por se tratar de ano eleitoral e em um cenário em que a classe trabalhadora tem sido criminalizada em seu direito constitucional de discutir reajuste salarial.

Neste primeiro dia de debates aconteceu a VII Plenária Nacional de Aposentados da FNP. A plenária dos aposentados contou com as apresentações de Warley Martins Gonçalves, presidente Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (COBAP) e de Nazareno Godeiro, economista do Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos (ILAESE).

Na primeira palestra “Ameaça à sustentabilidade das entidades de classe”, Warley Martins destacou a necessidade de unidade das entidades, para conter os ataques aos aposentados e pensionistas e por extensão a classe trabalhadora. No atual governo, acrescenta Martins, há um movimento orquestrado para dificultar a organização das entidades, a exemplo da refiliação periódica dos filiados a COBAP. Essa medida como outras têm a finalidade de enfraquecer e desestruturar as entidades representativas dos aposentados.

Ele também pontuou que a COBAP é uma entidade que conta com mais de 650 associações filiadas, e que tem prioridade na defesa dos direitos dos aposentados, pensionistas e idosos e na luta pela concessão do 14º salário, pedindo atenção total para as próximas eleições gerais em outubro. A COBAP, no próximo mês de outubro, promove entre os dias 20 e 24, o seu 22º Congresso em Florianópolis-SC, sendo esperada a presença de mais de 1.500 pessoas.

O abandono do Nordeste

O pesquisador do Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese), Nazareno Codeiro, falou da “Importância da presença da Petrobrás no Nordeste”  e  dedicou sua apresentação ao abandono promovido pela Petrobrás no Nordeste. O número de empregados na região que chegou ao vultoso número de 17 mil hoje não chega hoje a 4.500.

O economista do ILAESE informou que a Petrobrás está descobrindo uma nova fronteira petroleira, chamada Pré-Sal do Nordeste.

“O abandono da Petrobrás do Nordeste não é por falta de produtividade dos poços antigos e maduros, é em verdade por descobertas gigantescas que estão sendo feitas entre a região do Rio Grande do Norte e Sergipe, na bacia marítima, entregando isso para o capital internacional, transformando o Brasil em mera colônia de exportação de riqueza primária como o petróleo, como já faz com os minérios através da Vale e do Agronegócio. É uma desindustrialização desenfreada, em que a burguesia brasileira não quer mais investir no país.” – denunciou.

A venda de refinarias, campos terrestres, sedes, parques eólicos, fábricas de fertilizantes significa o abandono da companhia no Brasil todo e uma concentração no Sudeste, passando a funcionar como empresa privada a serviço do lucro privado multinacional. Por outro lado, é a desindustrialização do Brasil e o retorno a velha economia colonial. Portanto, a destruição da Petrobrás é um passo importante para a destruição da indústria brasileira, por a petrolífera ser o esteio dessa indústria. “A Petrobrás segue uma política de abandono do Brasil, e se concentrar no Pré-Sal da Região Sudeste, e cerca de 80% do efetivo de trabalhadores da Petrobrás está concentrado atualmente nesta parte do Brasil” – explicou.

O pesquisador do Ilaese finalizou sugerindo algumas ações para garantir uma Petrobrás 100% estatal e para os brasileiros, entre elas ele cita: recomprar todas as ações, especialmente as negociadas na bolsa de Nova York, fechar o capital da empresa, fim da privatização e desinvestimento, além da anulação de todas as privatizações, entre outras medidas.

 

Eleições serão fundamentais para definir o futuro da Petrobrás

Ao abordar o processo eleitoral deste ano, Nazareno enfatizou a importância dos aposentados que têm atuação sindical, e de como sua atuação será fundamental para conscientização política da categoria.

“A gente não tem soberania sobre os preços dos combustíveis, na produção de minérios, petróleo, alimentos e nem no meio ambiente. Os petroleiros precisam exigir de todos os candidatos à presidência um posicionamento em defesa da Petrobrás e dos interesses do Brasil. A população brasileira, em sua maior parte, através dos sindicatos combativos, principalmente, os petroleiros, terá que pressionar a classe política a se comprometer de fato na defesa da Petrobrás, na reversão de todo esse processo de desmonte da companhia” – cobrou o economista.

Ucrânia em pauta

À tarde foi encerrada com o painel internacional “A guerra na Ucrânia e o desafio dos trabalhadores”, em que os palestrantes apresentaram suas perspectivas sobre o cenário trágico da guerra, que reflete uma crise mundial e humanitária, causada pelo conflito entre potências imperialistas: OTAN, liderada pelos EUA, e Rússia, de Putin. Um conflito quem tem levado a uma nova corrida armamentista no mundo. Vale a pena assistir a esse debate, transmitido, ao vivo, nos facebooks da FNP e de seus sindicatos.

Na mesa, os palestrantes: Diego Russo, militante da Liga Internacional dos Trabalhadores, morou na Rússia nos últimos 18 anos, onde militou no POI (Partido Operário Internacionalista); Antônio Carlos Mazzeo, professor livre-docente junto aos programas de Pós-Graduação em História Econômica da FFLCH – USP e Serviço Social na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Gabriel Casoni, jornalista, mestre em história econômica pela USP e membro da coordenação nacional da Resistência/PSOL.

Assembleia e homenagem

O primeiro dia do congresso encerrou com assembleia de prestação de contas da FNP votação da mudança do regimento interno que foram aprovadas pelos presentes. Na oportunidade, os dirigentes da FNP prestaram homenagem aos fundadores da Federação, Clarkson Messias Araújo do Nascimento e Jiumar Moreira do Carmo, que faleceram neste ano. Os dois eram grandes defensores da categoria e passaram boa parte da vida dedicando-se à luta dos petroleiros por melhores condições de vida e de trabalho.

Jiumar e Clarkson, presentes!

 

Fonte FNP