30 anos da greve histórica de 1995

Sindipetro-RJ rememora e exalta o movimento grevista que é inspiração para muitos petroleiros e orgulho de aposentados

A greve de 1995 começou no dia 03 de maio e durou 32 dias, transformando-se num símbolo de enfrentamento dos trabalhadores brasileiros ao projeto neoliberal do governo FHC (Fernando Henrique Cardoso).

FHC (PSDB) elegeu-se em 1994 através de alianças com os partidos da direita e tinha por objetivo realizar o desmonte do Estado.

E, começou pelo setor mais cobiçado pelos neoliberais atacando a Petrobrás.

Mal tomou posse em 1995, FHC enviou ao Congresso Nacional projeto de emenda constitucional (PEC) para acabar com o monopólio da Petrobrás sobre a exploração e produção de petróleo.

Juntamente com a política de privatização, vieram os ataques aos trabalhadores. Os petroleiros, então, se organizaram e se mobilizaram, cerrando filas com os servidores públicos, eletricitários, trabalhadores dos Correios, entre outros, contra o pacotão de FHC.

Na época, os telefônicos participaram fortemente da luta contra os privatistas que também queriam a quebra do monopólio no setor de telecomunicações.

A imprensa dominante aliada à direita jogou todas as fichas contra a greve, fazendo acusações aos petroleiros, principalmente pela falta de gás de cozinha.

Na presidência da Petrobrás, atuava o engenheiro e empresário Joel Mendes Rennó, que havia sido secretário-geral e vice-ministro de Minas e Energia do governo de Ernesto Geisel, na Ditadura. Sua gestão foi uma das mais longevas, de 1992 a 1999.

Veja a cronologia da luta histórica dos petroleiros:

03/05 – os petroleiros juntam-se a outras categorias numa greve unificada contra os ataques do governo FHC.

09/05 – sétimo dia de greve dos petroleiros, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou a greve abusiva.

11/05 – a direção da Petrobrás, anunciou a primeira lista de demitidos.

24/05 – FHC aprofundou a repressão e o Exército ocupou as refinarias de São José dos Campos (REVAP), Paulínia (REPLAN), Paraná (REPAR) e Mauá (RECAP).

25/05 – Centenas de estudantes, sindicalistas de outras categorias, movimentos sociais do Brasil e do exterior e parlamentares saíram em apoio aos grevistas.

26/05 – O TST julga a greve novamente abusiva e impõe multa aos sindicatos de R$ 100 mil por cada dia não trabalhado. Trabalhadores não cedem à pressão e mantém a greve.

31/05 – Passeatas pelo Brasil afora reuniram trabalhadores em solidariedade à greve.

01/06 – Uma frente parlamentar com representantes de vários partidos políticos é formada para intermediar as negociações com a Petrobrás, que volta à mesa de negociação com a representação sindical e se compromete a cancelar as punições e a parcelar o desconto dos dias parados.

Mas as perseguições a lideranças foram exemplares com demissões pontuais de 73, entre eles dirigentes sindicais. E os sindicatos e a federação tiveram bens penhorados e sofreram bloqueios nas contas bancárias e no repasse de mensalidades de associados.

Em 1997, houve a quebra do monopólio do petróleo com a promulgação da Lei 9.478, permitindo a atuação de outras empresas além da Petrobrás na indústria do petróleo. Na telefonia, a quebra ocorreu ainda em 1995 através da Emenda Constitucional nº 8.

Nos anos seguintes, até os dias de hoje, vieram políticas ferozes de desmonte e sucateamento da Estatal com vendas fatiadas em leilões. Tudo isso sempre sob forte protesto dos petroleiros que seguem na luta contra a privatização da Petrobrás, que está em pauta permanente dos privatistas, retirada de direitos e novas conquistas.

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