Petroleiros que trabalharam na Petrobrás há mais de 30 anos, que preferiram não se identificar, relataram que empregados foram demitidos por justa causa, por conta de esquemas de corrupção orquestrados por “peixe grande” na empresa.
Foram instauradas Comissões Internas de Apuração (CIA) para avaliar contratos antigos, tendo sido investigados e-mails de mais de 6 anos. Sem que soubessem que estavam sob investigação, trabalhadores foram alvo de manipulações na apuração dos fatos a fim de que fossem demitidos.
As fontes disseram que foram responsabilizadas individualmente por irregularidades em contratos investigados. Alguns executivos da estatal, apontados como possíveis verdadeiros culpados, estão ilesos até hoje.
Servindo de bodes expiatórios, já que as decisões sobre os contratos fugiam à alçada deles, os ex-empregados não tiveram o direito de se defender ou de, ao menos, explicar os fatos. Um dos demitidos, que ocupava cargo de gerência, ainda se mostrou indignado: “Você acha que eu, um gerente do terceiro escalão, tinha competência para isso?”, questionou.
Na opinião deles, as comissões de apuração eram verdadeiros “tribunais de Inquisição”.
Aliás, a própria Petrobrás parece ter concluído que os procedimentos adotados pelas comissões não eram adequados, pois, em abril de 2018, os alterou de maneira considerável.
A prova de que as demissões levadas a termo eram para “gringo ver” foi a declaração do próprio diretor de Conformidade da Petrobrás, que ao comentar sobre as punições afirmou ser necessário dar uma resposta ao mercado, que cobrava ações da empresa. Dessa maneira, ao invés de atacar a raiz dos problemas, a direção da empresa usa de medidas pirotécnicas para mostrar sua austeridade para os investidores.
O sindicato não defende corrupção nem mal feitos, mas também não compactua com injustiças. Defendemos que seja garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa, de forma transparente e com envolvimento do sindicato no acompanhamento do processo. A FNP enviou ofício solicitando reunião com o novo presidente na qual uma das pautas será o tema demissões injustas. Nos últimos tempos, não faltam exemplos.
(Texto publicado pela FNP, com edição do Sindipetro-RJ)
Versão do impresso Boletim CVIII