Mulheres petroleiras, o mês de março marca a celebração da nossa luta contra a violência, o feminicídio, a discrimi nação e o assédio. Seja em nossas casas, nas ruas ou dentro do sistema Petrobrás, encaramos o desafio de defender os nossos direitos, exigir respeito e mais do que isso, a valorização das diferenças. O oito de março (8M) é a data que celebra internacionalmente essa luta, e por isso nesta segunda-feira (9) estaremos nas ruas para juntas, de forma global, reafirmar a nossa mobilização!
É fato que essa conjuntura não está fácil para nós trabalhadoras (es) com Bolsonaro e sua trinca do mal: Paulo Guedes, Witzel e Crivella. Para a esmagadora maioria da população que depende do seu trabalho para viver, que precisa de políticas sociais, do fornecimento publico de medicamentos, da previdência, de direitos trabalhistas. Para quem quer liberdade de ser o que é com respeito e valorização; liberdade de se organizar politicamente; para quem quer a soberania nacional; para quem precisa de emprego. Para quem não quer ver mais corpos negros mortos ou encarcerados. Mas resistir é possível e lutar é preciso! E assim estamos fazendo!
A greve nacional petroleira
Hoje, o desmonte e a privatização do Sistema Petrobrás, geram apreensão e medo com o que possa acontecer no futuro. Na verdade, já convivemos com o medo constante de demissões, o que já é uma realidade. Na BR Distribuidora, inúmeras companheiras foram demitidas pelos novos donos da empresa após a chamada privatização “branca” feita pela pulverização de papeis da BR na Bolsa de Valores, ao final de 2019, quando a Petrobrás deixou de ter o controle acionário da subsidiária. Fazemos parte dos quase 2.000 demitidos(as).
Já no início de 2020 o ataque foi à Araucária Nitrogenados (ANSA-FAFEN-PR) onde um total de quase mil pessoas, 396 empregados (as) próprios e 600 terceirizados (as) tiveram formalizadas as suas demissões.
Mas isso não ficou barato: Mulheres e homens petroleiras(os) deflagraram uma greve nacional contra tais demissões, contra o desmonte da Petrobrás, entre outras pautas. Esta foi a maior greve desde 1995. Em 13 estados, contando com mais de 21000 trabalhadores(as) parados, em mais de cem unidades pelo país, mostramos a capacidade de organização e de luta da categoria petroleira. E sim! Nós mulheres estivemos à frente, junto com outros companheiros, dessa luta histórica.
Portanto, as contribuições das mulheres para a Petrobrás acontecem das mais variadas formas: Desde a exploração, passando pelo refino, distribuição, áreas administrativas e também na luta sindical, na defesa dos direitos de toda a categoria e das mulheres, na luta por emprego e pela soberania nacional.
Nosso cotidiano no mundo do trabalho e na Petrobrás
Ainda neste contexto sofremos com a rotina de assédios sofridos por conta do preconceito de gênero, raça e de orientação sexual, deficiência, etc.
Somos nós, mulheres, que recebemos os menores salários, que mais sofremos com os desvios de função, com a opressão gerencial, com a invisibilidade das nossas falas, do nosso trabalho. Também somos as principais vítimas de assédio sexual e moral e, este último, muitas vezes decorrente do primeiro, ou seja, uma vingança por uma investida sexual não correspondida. Somos cobradas por comportamentos que não justifiquem o assédio, como se algo pudesse justificá-lo.
Obviamente, tudo isso é potencializado por múltiplas vezes quando somos mulheres negras, terceirizadas, homossexuais, portadoras de deficiência e assim por diante. Em momentos se desmonte e privatização como o que estamos vivendo no Sistema Petrobrás essa situação se agrava.
Com o aumento da competitividade e a idéia da mulher como o pólo frágil; Com a redução de equipes e a utilização, consciente ou inconsciente, de critérios machistas para eliminação das mulheres; Com a tripla jornada e a atribuição à mulher dos cuidados com a casa, com os filhos, com a saúde na família, mas, ao mesmo tempo, isso sendo visto pelo empregador como pouco comprometimento com o trabalho e, por aí vai.
Apesar das dificuldades, resistimos! E mais que isso, seguimos em luta e unidas! Somos mães, somos filhas, companheiras, esposas, lésbicas, bissexuais, casadas, solteiras, roqueiras, pagodeiras, ousadas ou recatadas, em luta contra esse governo que afronta as trabalhadoras, ataca as liberdades individuais e o conjunto daqueles que vivem do trabalho. Somos operadoras, técnicas, engenheiras, assistentes sociais, geólogas, etc, etc.
Somos mulheres e petroleiras com muito orgulho! Defendemos os nossos empregos, a Petrobrás, o Brasil!