Os empregados da Petrobrás receberam nesta quarta-feira (20/10) um “convite” enviado pela comunicação da empresa para que compartilhem no workplace de suas respectivas gerências, experiências de retorno ao trabalho presencial
Muitos trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás vivem a insegurança da pandemia da COVID-19, que já causou mais de 600 mil mortes, incluídos os 58 óbitos de colegas de trabalho, em toda a empresa, como informa a 79ª edição do Boletim de Monitoramento da COVID-19, do Ministério de Minas e Energia, divulgado em 18/10 – dados que continuam a omitir as mortes e adoecimento dos trabalhadores terceirizados, além de ter vários indícios de subnotificação, considerando a falta de transparência da empresa e a dificuldade de reconhecimento da doença (ilustrado, por exemplo, na recusa em emitir CAT).
A realidade de quem volta não é o teatro que a direção da empresa quer apresentar a partir do workplace, quando, por exemplo, os empregados são obrigados a trabalhar em torres que não possuem janelas como no EDISEN. Esse convite de interação soa como um desrespeito às suas preocupações e cuidados.
Outro exemplo de insalubridade e falta de circulação de ar é no CENPES. Um trabalhador que não quis se identificar encaminhou o seguinte relato:
“O ambiente da nossa sala está muito insalubre: muita poeira pelas obras no entorno, mofo na sala e no duto de ar, e vento forte do ar-condicionado em cima da gente. O pessoal da empresa de asseio e conservação fez a limpeza do armário da sala e ficaram surpresos com a quantidade de mofo. Eu retornei esta semana, e confesso que cheguei hoje em casa passando mal, com muita dor de cabeça” – relata o empregado da unidade sobre as condições do ambiente de trabalho.
No pedido a empresa sugere até o uso de uma hastag #reencontrandocolegas, mas a correta a ser utilizada deveria ser #zoandoempregados.
Comportamento negacionista da direção da Petrobrás
A situação faz lembrar dos vídeos exibidos na CPI da COVID de pessoas internadas em hospitais que faziam declarações favoráveis ao uso de remédios ineficazes como a cloroquina, ao lado de médicos negacionistas que gravavam esses vídeos.
Não bastasse expor pessoas ao risco de contaminação, a direção da Petrobrás praticamente obriga seus trabalhadores a criarem um clima de normalidade onde há medo e preocupação, sendo condicionados a aderirem ao negacionismo da direção da empresa.
Como contraponto, a essa situação esdrúxula, o Sindipetro-RJ pede para que os empregados da Petrobrás escrevam para o Sindicato (contato@sindipetro.org.br) , expressando o que sentem na verdade em relação aos seus anseios, e como estão observando os protocolos no retorno trabalho presencial.