A bomba-relógio da má gestão no TABG

Não é de agora que a hierarquia privatista do Sistema Petrobrás vem sucateando as instalações de várias unidades da empresa, além da grave redução de efetivo, para facilitar a privatização

Essa evidente realidade nos Terminais Aquaviários da Baía de Guanabara (TABG) assusta dia e noite os trabalhadores que são obrigados a enfrentar um verdadeiro circo dos horrores.

A maioria dos acidentes é tratada com descaso pela gerência setorial (GS), sem emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e sem medidas preventivas contra novas ocorrências. As situações são diversas, indo dos casos com empregados acidentados à falta de manutenção, passando até por crime ambiental.

O papel do gerente não pode ser o de ficar fingindo que está tudo bem, enquanto pratica a subnotificação e o assédio aos empregados acidentados oferecendo folgas!

A fragilidade de um teto de tanque, por exemplo, é resultado de conservação inadequada, porque a má gestão mantém a falta de efetivo para uma inspeção de integridade do tanque.

Ora, então, o que FALTA nos Terminais é uma gestão capaz de manter as instalações em condições adequadas ao trabalho e competente para resolver os problemas de imediato com respeito à saúde e à segurança de todos, com emissão
de CAT e abertura de investigação interna com a participação da CIPA e do Sindicato.

É inacreditável que tudo isso esteja ocorrendo numa gigante como a Petrobrás, maior empresa da América Latina, que rende dividendos bilionários a seus acionistas! Por isso o Sindipetro-RJ defende uma Petrobrás 100% estatal, sob controle dos trabalhadores para e pelo povo brasileiro!

É preciso dar um basta na insegurança coletiva

Historicamente, a falta de prevenção nunca combinou com segurança. São inadmissíveis as ações do atual gerente setorial (GS) no TABG que colocam em risco a vida dos trabalhadores da unidade e de toda a população no entorno das instalações dos terminais.

Além de omitir graves ocorrências, o GS também esconde a realidade dos números no TABG para salvar sua reputação como bom gerente, levando a unidade cada vez mais ao fundo do poço.

Veja alguns dos inúmeros problemas e ocorrências abafados pelo GS no TABG:

– houve vazamento de petróleo na área dos canhões e constatou-se que os drenos dos canhões estavam entupidos. Um operador sujou o solado da bota com o petróleo e, ao descer a escada, escorregou e caiu de uma altura de um andar, machucando o pulso, mas foi mandado para casa. A escada está mantida sem antiderrapante, não foi aberta a CAT e o acidente foi tratado como incidente;

– outro trabalhador machucou o braço quando a lixa se soltou da máquina, mas o caso foi tratado como incidente;

– num dia de maré baixa, no final do turno, uma petroleira recebeu ajuda de um colega para desembarcar na lancha, mas ela escorregou. Ela cortou o joelho e ele teve o ombro deslocado. Não foi aberta a CAT, nem o comunicado de acidente, apenas foi colocada a grade no último piso para o desembarque da lancha;

– a iluminação na área dos tanques é precária e a situação de diversos pisos gradeados soltos em geral é preocupante;

– o prático ordenou ao rebocador uma manobra “apertada” entre o navio e o pier. O rebocador bateu no pier e derrubou uma das pontes que afundou na água. A empresa do rebocador ficou responsável por reparar a passarela;

– na Ilha Comprida, a linha de operação com produto refrigerado está insegura e não suporta o material;

– canhões de PIG de GNL que deveriam operar em zero de pressão, estão com 70 quilograma-força por centímetro quadrado (kgf/cm2);

– na sala de operação PP, foi constatada presença de mofo gerado por problemas de goteiras que caem nos trabalhadores e equipamentos elétricos podendo gerar graves acidentes;

– na Ilha Redonda, não há local específico para a realização de primeiros socorros, assim como não há logística de transporte marítimo para o caso de remoção;

– sobre a alimentação nas ilhas, foram relatados casos de atraso na entrega do café da manhã, presença de grande quantidade de moscas no refeitório da Ilha Redonda e fornecimento de picolés sem marca, de procedência e informação nutricional;

– a condição das lanchas que fazem o transporte dos trabalhadores é sofrível com recorrentes falhas no funcionamento e descontrole na lotação;

– há falta de segurança na torre da escada do PP2 e em reunião com a CIPA a empresa se comprometeu a instalar uma nova escada, mas até o momento nada;

– na Ilha Redonda, os trabalhadores não têm acesso a carro para transporte com o objetivo de otimizar o tempo de resposta a emergências, proteção a intempéries, transporte de materiais, entre outros;

– na operação de válvulas, os operadores ainda não utilizam abafadores de som nos aparelhos de comunicação;

– a manutenção inadequada dos tanques levou três trabalhadores ao desespero. Eles faziam a medição de rotina num dos tanques (TQ-100) quando ouviram um barulho: abria-se uma rachadura. O Sindipetro-RJ cobrou medidas urgentes. Os trabalhadores foram encaminhados ao serviço psicológico e mesmo com o pedido da CIPA de interdição do acesso aos tanques houve a emissão de permissão de trabalho (PT) no teto do TQ-106. A comissão interna funcionou precariamente e nem a CIPA, nem o Sindicato assinaram o relatório final;

– trabalhadores não treinados, que não são da operação, têm feito o transporte de ampolas de GLP;

– o sistema de combate a incêndio da Ilha Redonda/Comprida esteve praticamente inoperante, em modo manual e despressurizado com a bomba jockey fora de operação e diversos furos nas linhas;

– durante pelo menos 3 anos não ocorreu treinamento de combate a incêndio e, em vistoria realizada em maio deste ano pela CIPA, constatou-se posição incorreta dos canhões de água numa situação que poderia ser evitada com o treinamento.

Diante desse CAOS na unidade, e com os treinamentos vencidos, os Brigadistas Voluntários resolveram não cumprir mais a função que pode colocar em risco a própria vida e a de outros. O Sindipetro-RJ organizou um abaixo-assinado para solicitar providências imediatas à Transpetro.

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