Eleição de Lula: nossa defesa da Petrobrás para e pelos brasileiros deve ser intensificada
Vencemos Bolsonaro nas urnas, em uma vitória importante, mas o bolsonarismo e a ultradireita só poderão ser realmente derrotados nas ruas. Nossa primeira tarefa, neste momento, é a mobilização popular para derrotar nas ruas qualquer intento golpista para não reconhecer o resultado das eleições.
Nesta tarefa, a de garantir que os resultados das urnas sejam respeitados, temos que saber que as instituições que agora posam de democráticas foram as mesmas que sustentaram a permanência e agenda do governo Bolsonaro e que não são confiáveis para enfrentar a aventura golpista iniciada logo após anunciado o resultado das eleições, muito menos para enfrentar as ameaças do bolsonarismo e da ultradireita. Por isso, as organizações dos trabalhadores e seus aliados, o movimento estudantil, popular, das lutas contra as opressões devem agir de modo a contrapor os bloqueios de estradas.
Nossa defesa da democracia é antes de tudo a defesa de nossas conquistas democráticas como o direito à reunião, à organização, à manifestação, a ter nossa própria imprensa, etc., que os bolsonaristas querem acabar e que, ao longo do tempo, foi atacada por diversos governos. Ao mesmo tempo, defendemos estas conquistas democráticas como nossos métodos, com luta, mobilizações e manifestações.
É importante constatar que o resultado eleitoral foi garantido pelos trabalhadores e trabalhadoras que menos ganham, mesmo diante de todas as fraudes e ataques promovidos pelo governo Bolsonaro contra o processo eleitoral. Tivemos: a compra de políticos com Orçamento secreto e corrupto (o maior crime da história) e o derivado efeito voto; tentativa de compra de votos com Auxílio Brasil e outros benefícios concedidos em ano eleitoral (matéria denúncia do jornalista Caco Barcellos); compensação do ICMS na gasolina, desviando impostos da Segurança, Saúde e Educação mantendo os lucros bilionários das petrolíferas e distribuidoras e uma redução temporária e pequena no preço da gasolina para o consumidor; infiltração do Bolsonarismo nas igrejas e templos mentindo e desvirtuando a religiosidade (ex.: Damares); fakenews (ex.: Fábio Farias e a falsa denúncia de fraude nas inserções de mídia eleitoral nas rádios); Falso atentado ao candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (sua segurança, com agentes da ABIN e policiais militares, assassinou pessoa desarmada); e até promoveram operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no segundo turno, para frustrar o voto nas regiões em que, claramente, a chapa de Lula/Alckmin detinha larga vantagem nas pesquisas eleitorais que se concretizaram, posteriormente, nas urnas.
Naturalmente que essa posição de luta democrática pela garantia do resultado do processo eleitoral não significa e nem pode significar a mudança do caráter do Sindicato, que deve seguir sendo independente e crítico em relação a qualquer governo. A agenda de interesse dos trabalhadores só avançará com mobilização e organização do povo nas ruas. Esta será a nova quadra em que os sindicatos estarão desafiados a impor as pautas em favor dos trabalhadores contra a sanha do capital, tanto oposicionista quanto governista.
Ainda neste mesmo sentido, vamos cobrar do novo governo não apenas o programa de 10 pontos votados no Congresso da FNP e apresentados aos candidatos e candidatas à presidência da República. Vamos também cobrar o cumprimento das promessas eleitorais da chapa Lula/Alckmin.
Nos seus discursos, além de se posicionar contra a privatização Lula disse que vai:
– construir refinarias em busca da autossuficiência em refino;
– terminar a Refinaria Abreu e Lima que está funcionando parcialmente em Pernambuco; e
– rever a política de preços dos combustíveis com base em custos.
Portanto, os sindicatos petroleiros apresentarão seu programa de reivindicações para garantir a defesa da Petrobrás para os brasileiros: e de um setor petróleo que, de conjunto, tenha responsabilidades pelo abastecimento nacional a preços justos; defender a lógica de tornar a empresa novamente de energia e não apenas uma exploradora de óleo e gás; e, além de parar de realizar novas privatizações, reestatizar o que já foi privatizado, revertendo os benefícios das vantagens competitivas do país, tanto da Petrobrás quanto do Pré-Sal, à economia nacional e, também, diretamente à população.
Também fazem parte de nossa pauta o próprio funcionamento do Sistema onde a gestão de pessoas, por exemplo, está seguindo normas celebradas pela iniciativa privada como, por exemplo, a aplicação do Gerenciamento de Desempenho (GD), sem o consentimento dos empregados, que exige o cumprimento de metas (atividades extras que geram notas) e podem implicar em perdas financeiras e levar à demissão.
Por fim, esperamos que o próximo governo abra diálogo com o Sindipetro-RJ e a Federação Nacional dos Petroleiros para debater o atendimento aos pontos reivindicados em seus Congressos.