Para lá de histórico, com o tema “Nunca mais sem Nós”, o Encontro reuniu pelo menos 50 delegadas da FNP e FUP alavancando a participação das mulheres nas organizações sindicais e nas lutas em andamento e que estão por vira
O Encontro aconteceu entre os dias 23 e 25/05 e foi sediado no Instituto Cajamar – notória escola de formação sindical. Participaram aposentadas, pensionistas, terceirizadas e primeirizadas do Sistema Petrobrás.
Na abertura, as representantes sindicais da FNP (diretora do Sindipetro-RJ, Natália Russo) e FUP (Patrícia Jesus Silva) falaram sobre a importância do Encontro ao reunir pela primeira vez as petroleiras das duas federações para debater temas como o assédio na Petrobrás. Foi destacada a diversidade e o respeito na organização das trabalhadoras no Encontro, que também teve por objetivo sistematizar propostas da pauta das mulheres ao ACT 2023.
Participaram da abertura lideranças de movimentos sociais como Daiane Hohn (coordenação nacional do MAB), Leile Teixeira (MPA), Lucinéia de Freitas (direção nacional do MST), Júlia Aguiar (UNE), Maria Luiza da Costa (Marcha Mundial de Mulheres), Juliana Bruno (MTST-SP), Junéia Batista (CUT), Gizelle Freitas, covereadora de Belém pela Bancada Mulheres Amazônidas (PSOL-PA); Vera Lúcia Salgado (PSTU) e Sirlene Maciel, codeputada da bancada feminista do PSOL-SP).
Conjuntura em análise
Na programação, logo após a abertura, o debate proposto contou com a mediação das diretoras Cidiana Massi (FNP/Sindipetro SJC) e Míriam Cabreira (FUP/Sindipetro RS). Participaram Dalila Calixto (MAB), Leile Teixeira (MPA), Lucineia de Freitas (MST), Érica Andreassy (Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos – ILAESE) e Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
Foram abordados os impactos às mulheres negras, camponesas, indígenas e população LGBTQIA+ com o crescimento do fascismo e houve unanimidade sobre a posição em disputa permanente do governo atual, ressaltando-se o cenário de condições profundas de vulnerabilidade social.
Mesas temáticas
Mediado pela diretora do Sindipetro-RJ e da FNP, Raíra Coppola, e pela diretora do Sindipetro-BA e da FUP, Elizabeth Sacramento, o debate sobre “Formas de opressão e construção social de gênero” contou com a participação da advogada da assessoria jurídica do Sindipetro-RJ, Karina Mendonça; da economista Marilane Teixeira, pesquisadora do CESIT/IE-Unicamp; e da assistente social Clara Saraiva, pesquisadora da UFRJ.
A mesa sobre “Exemplos de políticas de resistência e combate ao machismo” teve participação de Aline Bernard, diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos; e de Michelle Ferreti, cofundadora e diretora do Instituto Alziras.
“Os instrumentos existentes na Petrobrás para combater opressões” também foi tema aprofundado no Encontro com mesa formada pela assistente social da Petrobrás, Ana Paula Baião; e pela ex-ouvidora da Transpetro, Cláudia Leitão, trazendo ao debate as políticas de equidade de gênero e de responsabilidade social. A mediação foi da diretora do Sindipetro-AL/SE e da FNP, Enilde Vasconcelos; e da diretora do Sindipetro-ES e da FUP, Bruna Moschem de Nadai.
Sociedade em pauta
No Encontro questionou-se o posicionamento do Estado e das empresas que priorizam mais a produção de bens e serviços do que o cuidado humano, gerando impactos sociais. E que essa desvalorização é uma forma de segregação aliada à desigualdade salarial haja visto comparativos entre carreiras como engenharia e enfermagem.
Também foi abordada a questão da opressão às mulheres que sofrem violência cotidiana por causa de ideologias conservadoras que estruturam a convivência das mulheres tanto dentro de casa quanto nos locais de trabalho. E mais ainda no ambiente do petróleo que é predominantemente masculino. É hora das mulheres vencerem o machismo!
Se lembrou, no Encontro, a luta permanente de se romper a resistência dos homens em serem comandados por mulheres e conquistas que precisam ser ampliadas como, por exemplo, a do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos que assinou convenção coletiva com 42 empresas da região que inclui a proteção às metalúrgicas vítimas de violência doméstica, sem demissão ou desconto dos dias em que precisarem ficar afastadas do trabalho.
Foi ressaltada a importância do empoderamento das mulheres ao participarem de cargos públicos, exaltando o trabalho político das mulheres nas tribunas contra, principalmente, opressão às mulheres negras.
Durante os debates, foram ressaltadas, ainda, as formas de acolhimento e procedimentos internos de denúncias feitas por mulheres petroleiras que precisam ser revistos pela nova gestão da Petrobrás.
Plenária
No Encontro, as mulheres petroleiras identificaram pontos unificados de luta contra assédios com aprovação unânime de cláusulas que serão consolidadas pelas duas federações para o ACT 2023 como teletrabalho de cinco dias no último mês de gestação e até 36 meses de idade da criança. Foi também elaborada cláusula robusta de combate ao assédio moral e sexual. E ainda a garantia ao direito à licença maternidade/paternidade, inclusive quando através do processo de adoções, das pessoas LGBTQIA+, conforme o papel que exercerá no cuidado do filho(a).
Participe das assembleias que estão em andamento para a escolha e delegados e delegadas ao Congresso do Sindipetro-RJ. E compartilhe!