Ter o nome escrito numa porta de banheiro do seu trabalho com a indicação de que é gay como se ainda vivêssemos sob um regime nazifascista. Isso mais uma vez mostra de que na Petrobrás a pratica de homofobia e perseguições contra LGBTs ainda é uma realidade no ambiente de trabalho da empresa. O fato é denunciado pelo petroleiro Charles Vieira, funcionário há mais de 10 anos da empresa que postou um vídeo no Facebook relatando o fato.
“Na última terça-feira (12), por volta das 19h, observei que o meu nome e de outros 3 colegas estava escrito numa lista gay na porta do banheiro de um dos prédios do Centro de Operações Logística Sul (COLS – FRONAPE/CAJU) . Eu e outro colega da lista somos assumidamente gays aqui na Petrobrás. Os outros dois sofrem com perseguição e piadas homofóbicas pelo simples fato de não falarem de futebol e dizer quantas namoradas têm, por exemplo, temas tão comuns no senso comum dos heteros. Está nítido o caráter vexatório, discriminatório e homofóbico dessa lista de banheiro” – conta Charles que é ativista da luta LGBT e atualmente tem mandato de conselheiro fiscal eleito do Sindipetro-RJ.
Segundo Charles Vieira o fato de assumir sua sexualidade infere em mostrar a importância de militância política na luta pela diversidade e que, por isso, luta contra as discriminações na Petrobrás.
“Entramos na empresa para trabalhar, fazer o nosso melhor e contribuir para o seu desenvolvimento, além, claro, do nosso profissional. O fato de sermos gays, lésbicas, trans e travestis não muda nada nesse processo, o que queremos é respeito, não queremos ser desrespeitados em nossos direitos. Essa pessoa que fez essa lista não vai mudar em nada a minha preferência sexual e de outros colegas pelo fato de não nos aceitar. Então não adianta esse ataque e esse comportamento discriminatório com pichações e piadinhas homofóbicas, em pleno Séc. XXI não dá para entender esse tipo de comportamento” – enfatiza Charles que protocolou um ofício na Ouvidoria da Petrobrás denunciando o caso.
Denúncias de Discriminação
Em seu relatório de Sustentabilidade 2016, documento que reúne dados do período de 1º de janeiro a 31 de dezembro, a Petrobrás informa que no período foram recebidas 26 denúncias de discriminação envolvendo gênero, raça/cor de pele, origem étnica, orientação sexual, identidade religiosa e natureza de contrato de trabalho (empregados de empresas prestadoras de serviços).
Segundo a empresa 13 denúncias encontram-se ainda em tratamento e 10 foram avaliadas e encerradas como arquivadas ou improcedentes. Das três denúncias confirmadas, todas foram encerradas com orientação (ao denunciado ou a toda a equipe) e advertência.
Pelo jeito, os números apresentados parecem ser menores do que a realidade que o petroleiro Charles Vieira denuncia. É preciso que casos como esse que envolvam assédio, machismo, racismo e homofobia entre outras discriminações sejam denunciados com maior frequência à Ouvidoria da Petrobrás. Quanto mais denúncias sejam formalizadas, maior será a conscientização e respeito à Diversidade no ambiente de trabalho.
https://www.facebook.com/charles.vieira.545/videos/10159623365925545/