A Mediocridade da Gerência de “Gestão de Pessoas”
Mais que nunca, vivemos tempos de imensa desonestidade intelectual permeando diversas esferas da gestão da Petrobrás. Sentimos diariamente os efeitos do desserviço contínuo de uma alta gestão que não tem o menor compromisso com o futuro da empresa, muito menos com a categoria petroleira, atualmente referenciada como “colaboradores”, como se houvesse verdade no falacioso discurso em que se prega a valorização das pessoas como o maior tesouro da companhia.
A cada “negociação” de ACT e na baixa priorização dada às urgentes modificações que se fazem necessárias em diversos locais de trabalho na empresa, temos exemplos contundentes do “valor” que se dá a esse tesouro. Somam-se ainda as vergonhosas práticas de assédio moral contra os trabalhadores capitaneadas pela própria gerência executiva de recursos humanos, hoje sob o pomposo nome de Gestão de Pessoas, a qual é pródiga em romper o histórico vínculo de pertencimento da categoria com a Petrobrás. Para além da possibilidade de explorar as riquezas nacionais no que se refere à óleo & gás, o que levou a companhia à posição de relevo em seu segmento foram o extremo compromisso, a dedicação e a competência de seus trabalhadores, que, majoritariamente, sempre viram na Petrobrás muito mais que um CNPJ pagador de seu salário, mas uma empresa cuja história se confunde com a do país em que vivemos e com nossas próprias vidas. A categoria petroleira construiu esta empresa entregando muito de si neste trabalho, vestindo a camisa, ciente da importância da Petrobrás para o desenvolvimento do Brasil.
Hoje, alegando um urgente e necessário alinhamento às práticas do deus mercado, a gerência que deveria gerir pessoas acaba por destruir carreiras, adoecer trabalhadores e quebrar gradativa e covardemente o senso de pertencimento, atropelando até mesmo a dignidade daqueles que ousam pensar diferente e expressar este pensamento através da luta sindical. Uma gestão que estufa o peito para afirmar que respeita a diversidade, não tem maturidade e competência sequer para respeitar a diversidade do pensamento. Sequer para respeitar o próprio Código de Ética da companhia ou mesmo a Constituição Federal [1-3]. Fala-se de mérito e a seguir desconsidera-se o mérito por conveniência. Fala-se em adequação da força de trabalho à Transformação Digital e ao mesmo tempo estimula-se a redução de horas dispendidas com cursos e treinamentos.
Fala-se em mobilidade e profissionais competentes, se veem sem opções de locais para trabalhar. Fala-se em adesão voluntária ao PCR, e petroleiros (as) perdem seus cargos unicamente por não terem aderido.
Fala-se em produtividade, chegando-se à esparrela da remuneração em função desta produtividade, e profissionais são proibidos de desempenhar suas funções, ficando sem trabalho. Discurso e prática seguem dissociados de forma flagrante e desrespeitosa. Maior desonestidade intelectual do que esta é difícil de encontrar.
Versão do impresso Boletim CX