Não adiantou a truculência dos agentes do GSI, nem o descaso intencional da Transpetro e Petrobrás com a repressão ao Sindicato no evento de lançamento da retomada da indústria naval realizado no TEBIG, em Angra dos Reis. Mesmo assim, o Sindipetro-RJ entregou ao presidente Lula a “Carta aberta do Sindipetro-RJ a todos os trabalhadores do Brasil: a Petrobrás foi criada para servir ao Brasil e não aos banqueiros!”, documento que sintetiza a atual realidade da Petrobrás e de seus trabalhadores
Um governo que se diz dos trabalhadores aplicando prática antissindical e antidemocrática?
Na segunda-feira (17/02), na cerimônia promovida pela Presidência da República e pela Petrobrás, “Retomada da Indústria Naval”, que marcou o lançamento da segunda licitação do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobrás e foram assinados Protocolos de Intenções para o reaproveitamento de plataformas da Petrobrás que estão em fase de desmobilização, os dirigentes sindicais da FNP do Sindipetro-RJ, mesmo sendo barrados nos locais indicados para dirigentes sindicais das federações petroleiras, mesmo devidamente credenciados, nossos diretores foram impedidos por seguranças do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República de acessar o local ao qual estavam credenciados.
Mesmo diante de uma situação hostil, quando tiveram até que mostrar e foram questionados sobre conteúdo escrito nas camisas “PCCS Plano de Carreira, Cargos e Salários – Construído por Trabalhadoras e Trabalhadores”, situação que mais uma vez mostrou a prática antissindical e antidemocrática, repetindo o ocorrido em setembro do ano passado na inauguração do Complexo Boaventura, quando Lula e a direção da Petrobrás anunciaram mais uma retomada de investimentos da companhia, os diretores do Sindipetro-RJ, Alex Parada, Bruno Dantas, Enaldo Barcellos Rego, JP Nascimento, Leandro Baesso, Leandro Lanfredi, Paulo Ladeira, Sergio Paes e Vinicius Araújo, conseguiram entregar para Lula, ao final do evento, o documento produzido pelo Sindipetro-RJ. Isso só aconteceu após o diretor do Sindicato, Leandro Baesso conseguiu entregar a carta aberta para o presidente.
“É importante ressaltar que mais uma vez fomos cerceados e discriminados, mesmo sendo diretores da FNP credenciados à área que era reservada para os dirigentes. Foi um ataque direto à democracia da categoria petroleira do Rio de Janeiro e ao Sindipetro-RJ. Tivemos aqui , recentemente, um acidente com duas mortes de trabalhadores, que em nenhum momento foi citado, não sendo feita nenhuma referência a esses dois trabalhadores, Hebert Martins e Diego Nazareth, durante a cerimônia” – disse Sérgio Paes, diretor do Sindipetro-RJ e da FNP, mostrando sua insatisfação com o ocorrido no evento da Presidência da República.
Uma carta da categoria petroleira
A “Carta aberta do Sindipetro-RJ a todos os trabalhadores do Brasil: a Petrobrás foi criada para servir ao Brasil e não aos banqueiros!”, é um documento que contém as reinvindicações proeminentes dos trabalhadores do sistema Petrobrás, como disse o diretor do Sindipetro-RJ, Leandro Lanfredi.
“Conseguimos entregar a carta com as reivindicações da categoria, mostrando nossa luta para que não tenha nenhum retrocesso no Teletrabalho; direitos iguais para os terceirizados; exigindo que sejam retomadas todas as unidades que foram privatizadas; que sejam retirados os PEDs assassinos da Petros; e a convocação do cadastro reserva dos concursos do Sistema Petrobrás. Além disso, criticamos a continuação da gestão neoliberal, com autoritarismo, não só na companhia, configurado nos ataques ao Teletrabalho, nos ataques aos servidores federais, na aplicação do arcabouço fiscal e no ataque aos direitos dos trabalhadores. Reafirmamos, mais uma vez, que sofremos um cerceamento, uma censura que impediu que entrássemos, depois quis impedir que filmássemos, e por fim impediram que entrássemos na parte dos convidados, apesar de terem nos cadastrado para a cerimônia. Isso mostra que esse governo e a direção da Petrobrás têm medo de ouvir a cobrança da categoria”, afirmou Lanfredi.
Luta dos terceirizados consta na carta entregue ao Lula
Na carta aberta é citada a situação dos trabalhadores terceirizados da Petrobrás, que foram substancialmente prejudicados pela reforma Trabalhista promovida pelo governo de Michel Temer (2016-2018), e exigida a reposição de trabalhadores efetivos próprios nas áreas de produção e transporte de óleo.
“Desde o governo Temer, os terceirizados têm sofrido com o efetivo e piso salarial e direitos reduzidos, a retirada dos direitos até hoje não foi revogada pelo governo. Colocamos também nesta carta a questão dos efetivos dos trabalhadores próprios do sistema Petrobrás, que a cada dia está mais reduzido. Exigimos a reposição dos efetivos. Isso representa geração de empregos saúde e segurança operacional. Chegamos aqui representando a categoria petroleira do Rio de Janeiro, deveríamos sentar no espaço que nos era por direito”, explicou o diretor do Sindipetro-RJ, JP Nascimento.
Lula, agora sabe da realidade da categoria petroleira, desculpas não colam mais
Por fim, o diretor Leandro Baesso, que é da base do TEBIG, narra a verdadeira “odisseia” para entrega da carta aberta para Lula.
“Tentaram dificultar o acesso ao presidente Lula, provavelmente para servir de desculpa de que Lula não sabia, sobre o que acontece com a categoria. Entregamos a pauta de reinvindicação da categoria da base do Sindipetro-RJ, e agora ele sabe o que está acontecendo e das nossas dificuldades. Está nas mãos dele a oportunidade de mudar esse jogo”, finalizou Baesso.
Confira aqui íntegra do documento entregue ao Lula
Confira o relato dos diretores em vídeo