Mais atual do que nunca, Glauber Rocha (1939-1981) é um daqueles que transformaram a sociedade através do cinema. Participou do Cinema Novo, movimento que começou em 1960, e marcou mudanças com a frase: “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. A partir daí, o cinema brasileiro ganhou uma identidade nova que levava o expectador à reflexão sobre os problemas existentes no país.
Hoje (este ano, em agosto, serão completos 40 anos da sua morte), os internautas compartilham textos sobre Glauber e links de seus filmes que proporcionam o estudo a fundo das relações do cinema com a representação histórica. E momentos desconhecidos por muitos que foram vividos intensamente por Glauber como esses:
“Em 1969, o cineasta baiano foi a Cannes levar seu ‘O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro’ para estreia mundial. Saiu da Riviera Francesa com o prêmio de melhor direção e duas propostas para filmar na Europa, com orçamento ilimitado e sem ter de submeter as propostas à aprovação do produtor. Naquele momento, Glauber era o cineasta mais respeitado do mundo depois de Godard.
No Brasil, seis meses antes, o AI-5 era o golpe dentro do golpe dado por militares em 1964. O novo Ato suspendia garantias institucionais, extinguia direito de defesa a presos políticos, que passavam a ser tratados como presos comuns, e instituía a censura irrestrita à imprensa. Glauber não retornou ao Brasil após Cannes. Ao invés disso, passou a perambular pelo mundo, buscando em outras paragens a viabilidade de um cinema revolucionário cuja ideia nascera com sua geração e com o Cinema Novo, cerca de 10 anos antes.
Em 25 de abril de 1974, Glauber estava em Portugal. Naquele dia, apoiadas pela população e pela imprensa nacional, as Forças Armadas Portuguesas depuseram o governo salazarista, que oprimira a nação desde o golpe de 1926. No dia seguinte, 26 de abril, o sindicato de trabalhadores do cinema foi às ruas empunhando câmeras para documentar a agitação e a euforia do povo nas ruas, afoito para gozar da liberdade que voltava a cantar. Glauber, um operário do cinema, com grande visão histórica, juntou-se aos colegas profissionais de ofício e tomou parte naquilo que viria a ser o filme ‘As armas e o povo’, registro mais fidedigno dos desdobramentos da ‘Revolução dos Cravos’.”
“As armas e o povo” está disponível na Cinemateca Portuguesa: https://www.youtube.com/watch?v=BMDWo-5abbE
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