A série de reportagens sobre o atendimento da APS mostra como a nova configuração da semi-privatizada AMS causa dor de cabeça e aborrecimentos
Em reportagem anterior apresentamos problemas recorrentes que ocorrem com os petroleiros aposentados e pensionistas, que sofrem como a demora em autorizações e reembolsos, cobranças abusivas , burocracia excessiva, enfim, um rosário de problemas.
Neste material produzido a partir de relatos de ativos, aposentados e médicos credenciados você leitor petroleiro vai saber que a APS até exclui dependentes incluídos por determinação judicial, ferindo o seu estatuto; que sim, ativos também encontram problemas com descredenciamento ao não conseguir um atendimento emergencial ortopédico e que médico demoram até seis (06) meses para receberem seus repasses.
Para preservar o anonimato contra possíveis represálias nesta reportagem serão utilizados somente as iniciais dos nomes.
Exclusão de ex-esposa
“Depois de 40 anos, a APS excluiu minha ex-esposa do plano em 19 de janeiro de 2021. Por conta do nosso processo de divórcio, e dada a precariedade de sua saúde, ela continuava como minha dependente no plano de saúde por determinação judicial. A juíza que homologou nossa separação determinou que além da pensão alimentar, 25% do meus proventos, sendo eu aposentado, que ela deveria ser mantida no plano de saúde da Petrobrás. Mas infelizmente, a APS não respeitou a decisão judicial” – conta JP.
Confira a frieza da resposta da APS, por e-mail, ao aposentado:
“Prezado ‘JP’, conforme respondido na manifestação…., informamos que a dependente 04 – “LPL” foi desativada do Saúde Petrobras em 19/01/2021.Esclarecemos que o Saúde Petrobras não possui em seu quadro de dependentes ‘Ex Cônjuge ou Ex Companheiro(a)’ – diz de forma lacônica o e-mail da APS.
Desta forma, a APS contraria os artigos 1702,1706 e 1694 do novo código civil e o artigo 854, e parágrafo único do código do Processo Civil, que tratam da obrigação do cônjuge separado com condições financeiras em prover cônjuges desprovidos de recursos para se manterem. Até o próprio Estatuto da AMS diz de forma enfática: “Lembramos que não podem ser excluídos os dependentes incluídos por determinação judicial específica para a concessão do plano de assistência à saúde”.
Acidente nas férias, sem rede credenciada
Neste período de início de ano uma trabalhadora própria da Petrobrás, junto com sua companheira, resolveu passar suas férias no litoral Norte de Santa Catarina, na cidade de Itajuba. Por conta de ter tomando um choque elétrico de grau 3, o grau máximo é de 4, no braço direito, na casa da avó de sua companheira, L. teve necessidade de procurar um atendimento médico de emergência. Junto com sua esposa passou por uma verdadeira peregrinação para conseguir atendimento na região. O que era para ser uma viagem para descansar, e também tratar de uma tendinite no ombro, acabou por se tornar um roteiro de dor, pois o choque acentuou o problema ocasionando uma forte contratura muscular.
“Entrei em contato com a “Saúde Petrobrás”, mas para a minha surpresa fui informada que naquela região não havia nada credenciado, isso após telefonemas e uma espera de mais de 20 minutos. Daí me foi informado que eu teria que utilizar a rede indireta, que só estava disponível a partir de um raio de 60 km de onde estávamos. Então, 24 horas depois do acidente, conseguimos localizar um hospital da Unimed em Joinville onde consegui ser atendida por um clínico geral, que inicialmente precisava avaliar os efeitos do choque elétrico. Depois fui encaminhada para um ortopedista. No atendimento me foram passados anti-inflamatórios e morfina para diminuir a intensidade da dor, foi um verdadeiro sufoco” – conta L.
Médicos que demoram a receber repasses
Além de problemas ocorridos com ativos, aposentados e pensionistas, os profissionais de saúde credenciados na APS reclamam na demora dos repasses. Um dentista relata que ficou cinco (05) meses sem receber em 2021, sendo atendido após ter sido ajudado por uma assistente social do plano.
Já a diretora de uma clínica no Rio de Janeiro informa que o plano de saúde da Petrobrás só faz os repasses após seis meses conforme os prazos abaixo informados:
Jan/21 só recebemos em 07/07/21;
Fev/21 só recebemos em 07/07/21;
Abr/21 só recebemos em 07/10/21;
Mai/21 só recebemos em 07/10/21;e
Jun/21 só recebemos 07/10/21.
“Os meses de Out/21 e Nov/21, ainda não foram pagos, disseram que não encontram nossos lotes, mas temos os mesmos protocolos do envio realizado dentro da plataforma AMS. Somente as assistentes sociais nos prestam algum tipo de apoio para recebermos.”
Burocracia do reembolso
Uma aposentada, que atualmente mora em João Pessoa-PB, relata o verdadeiro calvário que é tentar receber um reembolso da APS:
“Estou morando em João Pessoa, e, como se não bastasse, aqui tem uma carência enorme de médicos credenciados. Quando se faz a opção de pagar, como foi o caso de uma cirurgia de urgência que fiz, a AMS (APS) devolveu-me por três vezes o recibo, e por ultimo me pediu um prontuário de internação do hospital. O hospital foi pago pela AMS (APS) e o médico particular que era urgente, foi o que consegui. Como a AMS paga o hospital e pede o prontuário hospitalar? A pessoa tem que ter muita paciência pra receber um reembolso. Eu nunca consegui. Eu imaginei que me aposentaria para ter paz, mas vivo numa tremenda incerteza do futuro da AMS. Além disso, tem a utopia do Benefício Farmácia, que no meu caso não contempla 99% do que preciso. De 0 a 10, a minha nota é zero! Estou muito aborrecida” – desabafa N.