Banqueiros e empresários não querem ser taxados, mas desejam usar grana da privatização para auxílio emergencial

Por André Lobão

Convergência formada pela burguesia brasileira atua para desmontar estatais e dar migalhas aos mais afetados pela pandemia

Com a crise da pandemia da COVID-19, a burguesia brasileira mostra mais uma vez o quanto se locupleta do Estado brasileiro na defesa de seus interesses como classe exploradora da população. Um exemplo disso é a proposta do Movimento Convergência Brasil, uma iniciativa formada por banqueiros e empresários que defende a aplicação do receituário neoliberal com o desmonte total das políticas sociais no país, que propõe que recursos provenientes do desmonte e privatização de estatais sejam direcionados para o pagamento de auxílio emergencial, com o objetivo de viabilizar um programa de renda básica. Cabe lembrar que esta mesma burguesia se recusa a aceitar a criação de um imposto sobre suas fortunas para financiar programas sociais e já paga menores impostos sobre as suas propriedades e rendas do que a média do que é prática nos países da OCDE.

Como disse recentemente a economista Maria Lúcia Fatorelli, o Estado brasileiro foi capturado pela banca financeira para garantir a farra da dívida pública, garantindo os ganhos dos especuladores às custas do povo. Vale lembrar que no início da pandemia, o governo Bolsonaro, através do ministério da Economia de Paulo Guedes liberou para os bancos R$ 1,2 trilhão para que esses emprestassem dinheiro a juros para quem sofreu os efeitos econômicos da pandemia.

O que fica claro e evidente é que o Movimento Convergência Brasil é uma iniciativa que promove lobby empresarial no Congresso Nacional em apoio às reformas neoliberais, usando a desculpa esfarrapada do uso de recursos da privatização para financiamento do auxílio emergencial e futuramente uma renda básica. Se traveste como defensor do Meio Ambiente, se posicionando contra o descalabro da política ambiental de Bolsonaro, mas monstrando sua contradição, e real intenção de atuar em favor das reformas neoliberais do ministro Paulo Guedes que desmontam o Estado brasileiro, retiram direitos trabalhistas e previdenciários e oferecem migalhas ao povo brasileiro diante de uma grave crise sanitária.

Esse mesmo movimento que defende os interesses da elite econômica conseguiu nesta terça-feira (06/04), na Câmara dos Deputados a aprovação do texto-base do Projeto de Lei 948/21, que permite à iniciativa privada comprar vacinas para a imunização gratuita de seus empregados. Enquanto isso falta o imunizante nos estados e municípios, com uma incompetência proposital de governos que jogam na rota da morte profissionais de educação, alunos, profissionais da saúde e o restante da população que fica exposta no transporte público e nas ruas, sofrendo com o colapso da saúde que já apresenta a falta de leitos e insumos hospitalares. O genocídio brasileiro tem mais responsáveis, além de Bolsonaro e seus milicianos.

Isso mostra o quanto esta crise da saúde, que apresenta 4 mil mortes ao dia, com quase 350 mil mortos em um ano de pandemia da COVID-19, enseja o momento de “passar à boiada” , como disse o tosco ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em reunião ministerial de Bolsonaro, para promover o desmonte total do Brasil e um acúmulo maior de riquezas para a burguesia brasileira, saqueando a Petrobrás e demais estatais como já acontece.

Os tempos são difíceis, mas precisamos lutar contra três pandemias: A COVID-19, Bolsonaro e o neoliberalismo. Não é fácil.

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