Novo governo pretende entregar a BR Distribuidora para a Shell e EMBRAER para a Boeing
Evidenciando cada vez mais que o programa do novo governo é de rápida entrega das riquezas e empresas nacionais aos “apoiadores” estrangeiros, o vice-presidente eleito, general Mourão, disse em videoconferência com investidores em Nova York na terça-feira (13/11), que pretende privatizar a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás responsável pela distribuição de combustíveis em todo país, inclusive em localidades onde a iniciativa privada jamais teria interesse em atender. Para uma plateia de investidores e executivos, o general também comentou que uma proposta de acordo pela qual a Boeing adquiriria o controle das operações de jatos comerciais da Embraer é “muito boa” para o Brasil.
A Petrobrás realizou a IPO (venda de ações em oferta pública) da BR em dezembro do ano passado, e ainda detém 71% das ações. Vale mencionar que a BR Distribuidora fechou o dia na segunda-feira (12/11) com valor de mercado de R$ 25 bilhões. Talvez por isso, o general afirmou que sua venda será rápida.
Alinhada aos planos de privatizar a BR, está a ideia de privatizar o “downstream” (refino, logística e distribuição) como um todo, de modo a atender o anseio de empre sas concorrentes que buscam, sem real investimento, abocanhar o mercado brasileiro de derivados.
A principal concorrente da estatal brasileira na distribuição é a Raizen – fusão da anglo-holandesa Shell (com o capital-majoritário) com a patronal da cana Cosan (que também conta com participação estrangeira); certamente uma eventual privatização da BR seria muito bem vinda… para a Raizen.
Os governos anteriores já deram início ao projeto de entrega de nossas riquezas e desmantelamento de estatais, como a Petrobrás, quando aprofundaram a terceirização, beneficiaram cartéis, instituíram a venda de ativos e desinvestimentos, “as parcerias” com concorrentes, bem como a âncora cambial, ao determinarem a “livre oscilação” do preço dos combustíveis vinculada à cotação internacional, condição fundamental para facilitar sua privatização aos capitais internacionais.
Por outro lado, que melhor forma de capitalizar a concorrência para comprar nossos ativos, senão tirando mercado da BR Distribuidora através de uma política de preços suicida? Como sempre, quem paga esta conta somos todos nós trabalhadores, povo brasileiro.
Versão do impresso Boletim XCVIII