Carta aberta aos empregados das usinas da PBIO

Colegas das usinas,

Escrevemos a vocês desde a sede da PBIO, no Rio de Janeiro. Juntos, nós e vocês, das usinas de biodiesel de Montes Claros (MG), Candeias (BA) e Quixadá (CE), temos lutado, desde o momento em que a PBIO foi colocada à venda. Temos lutado ombro a ombro contra a privatização, pela incorporação na Petrobras controladora, por nossos empregos, por direitos… Essa luta, todos sabemos, é por nós mesmos (e isso é suficiente pra torná-la justa), e é também parte da luta por uma Petrobras realmente comprometida com uma transição energética justa e capaz de exercer realmente, de modo mais profundo, seu papel de especial relevo na independência do Brasil e na justiça social no nosso país.

A luta em torno do ACT está entrelaçada à luta mais geral. Quanto mais pra trás a PBIO fica em termos de direitos comparativamente à Petrobras controladora, mais fácil fica privatizar a PBIO. Mais fácil fica perdermos os nossos empregos. Mais facilitado fica o caminho da agroindústria privada, em detrimento dos esforços estatais e potencialmente públicos.

Todos nós sabemos que a atual proposta da empresa pro ACT é muito insuficiente, notadamente por três motivos:

1) não recupera o reajuste a menos que tivemos no ano passado;

2) não garante a nossa permanência no Sistema Petrobras se a PBIO for vendida; e

3) não apresenta a ultratividade (pelo princípio da ultratividade, o ACT continuaria valendo entre o término da sua vigência até a assinatura de um novo acordo, e isso é importante pra que possamos debater sem faca no pescoço).

Sabemos que a FUP indicou aceitação da atual proposta. Sabemos que um setor da FNP também está defendendo a aceitação. Mas a FNP indicou rejeição. E o Sindipetro-RJ, apesar de um setor defender a aprovação, não apenas indicou rejeição, como também está engajado na continuidade da luta.

O ideal é que a proposta seja rejeitada em toda a categoria, em todo o Sistema Petrobras. Mas se, pelo menos, rejeitarmos a proposta em toda a PBIO (sede + usinas), manteremos possibilidades concretas de lutar, ainda no contexto da atual campanha do ACT, por um acordo que resolva pelo menos parte dos pontos cruciais pra nós. Será a empresa inteira (PBIO) rejeitando a proposta. Não é pouca coisa. Mesmo que todo o restante do Sistema Petrobras aprove a proposta, se a PBIO de conjunto rejeitar, a empresa terá que voltar à mesa. Ou, no governo encabeçado pelo Lula, a vontade democrática dos trabalhadores vai ser solenemente ignorada? O Lula já disse várias vezes que o governo precisa ser cobrado. Pois bem, nós, que ajudamos a eleger o atual governo, estamos cobrando que haja coerência prática com o discurso. Que se resolva pelo menos parte dos pontos cruciais que nos levam a rejeitar a proposta da empresa. Não estamos pedindo nada demais. Não somos irredutíveis. Mas estamos cansados de promessas. O atual governo vai completar um ano em breve e a PBIO continua no rol de privatizações. E nem a recuperação do reajuste a menos, aplicada no governo anterior, chamado diversas vezes de fascista, vai ser resolvida?! Quem nos garante que a correlação de forças no governo e do governo na sociedade não vai estar pior daqui a dois anos ou mesmo antes desse prazo? É muito importante resolvermos agora.

Queremos crer que, se rejeitarmos conjuntamente a proposta (sede + usinas), os sindicatos filiados à FUP ligados às usinas se juntarão a nós na luta. Na assembleia da sede, rejeitamos a proposta por unanimidade. A bola está com vocês. Façamos a unidade mais importante, a unidade do chão de fábrica com o chão de escritório. Queremos crer que as diretorias sindicais saberão valorizar a nossa união e estarão todos juntos na luta conosco.

Não temos bola de cristal pra ter certeza se a nossa luta será vitoriosa. Mas sabemos que a nossa luta conjunta foi fundamental pra impedir a privatização até agora. Não desistamos antes de tentar.

Contamos com vocês. Contem conosco. Contemos uns com os outros.

Abraços.

Empregados da sede da PBIO

Essa Carta é apoiada pelo Sindipetro-RJ.

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