Em mensagem de fim de ano enviada a todos os funcionários da Petrobrás, Roberto Castello Branco qualificou de ‘muito bom’ o ano que se encerra. Ano que, segundo ele, foi marcado por ‘muitas realizações’ e ‘muitas conquistas’ em várias áreas. Na verdade, o que o presidente da empresa entende por ‘muitas conquistas’ foi (e continua sendo) uma política sem precedentes de desmonte e vendas fatiadas e aceleradas de ativos da Petrobrás, com gravíssimas consequências para o país e os petroleiros. E com grandes benefícios e lucros ao capital privado.
Só para lembrar: além da entrega de campos do Pré-Sal e da venda da BR Distribuidora — onde centenas de petroleiros já foram demitidos —, a gestão Castello Branco já anunciou a intenção de vender a REPAR (PR), a REGAP (MG), a RLAM (BA) e mais cinco refinarias, entregando o mercado de combustíveis ao capital privado. Outros anúncios foram a venda da participação em 15 blocos exploratórios em terra, na bacia de Sergipe-Alagoas; os arrendamentos das FAFENs e do Terminal de Regaseificação; e o fim da parceria com a chinesa CNPC para construção da refinaria do COMPERJ.
Não é à toa que, ao final de seu texto, após pedir ‘esforço’ e ‘dedicação’ aos petroleiros, Castello Branco diz que em 2020 a Petrobrás tem de estar ‘mais focada em petróleo e gás com base em geração de valor para o acionista’. Ou seja: que a empresa gere ainda mais lucros para os acionistas privados, em detrimento da própria longevidade e dos interesses da indústria nacional de petróleo, dos petroleiros e da população brasileira.
Gerência de RH na Área da Presidência
Em outro comunicado de final de ano, a gestão Castello Branco informa que a Gerência Executiva de Recursos Humanos (RH) ficará ligada à Área da Presidência. Curiosa foi uma das ‘justificativas’ apresentadas: o fortalecimento do ‘foco nas pessoas’. Como se a atual gestão tivesse um mínimo de preocupação com a situação funcional dos petroleiros e da empresa. Sobre este assunto, a Brasil Energia Online noticiou que a reestruturação visa também “apaziguar os ânimos internos”, ou seja, reprimir ainda mais a categoria para buscar mantê-la sob controle. A gestão do assédio, que já custou a saúde de vários trabalhadores e para a Petrobrás cerca de R$ 50 milhões de multa por assédio coletivo e outros, dá sinal de que tende a se aprofundar. Reage, petroleiro!