Da Redação
A direção da Petrobrás nos brinda com mais uma surpresa: demanda a instalação do aplicativo Intune em dispositivos móveis, particulares ou corporativos, para acesso às informações corporativas.
O Intune é um serviço em nuvem da Microsoft para gerenciamento de dispositivos móveis (MDM) e aplicações (MAM) que acessarão um ambiente corporativo. Para os dispositivos corporativos, o gerenciamento abrangerá ambos, e para os dispositivos particulares, somente o MAM.
Um dos problemas da instalação do software é que mesmo a empresa não é capaz de diferenciar especificamente o que será considerado um aplicativo ou informação “corporativa” (e portanto sujeito a seu controle e monitoramento). Esse tema é sempre tratado de forma genérica. Segundo informações da empresa, caso seja um aplicativo “corporativo”, não será possível o download de arquivos, fazer print screen ou copiar um texto para outro aplicativo. Os dados ainda poderão ser monitorados e apagados. Os comunicados da empresa também dizem que o acesso será dado por aplicativo e não por conta. Portanto, não está claro se o uso do Outlook, OneDrive, etc, em uma conta pessoal poderá ser controlado pela empresa, além de outras diretrizes genéricas. A identificação dos nossos dados pessoais para “perfilação” (outro termo bastante genérico) está prevista no item 3.4 do padrão de diretriz do uso seguro de dispositivos móveis. Segundo o mesmo padrão, estes dados serão incorporados ao banco de dados da Petrobras.
Dentro da lógica de falta de informações objetivas, a gestão da Petrobrás não apresenta suas autorizações de acesso por aplicativo.
O Sindipetro-RJ questiona o objetivo dessa diretriz, como também questionou a proibição de acesso à mídias externas, como pen drives, pois de acordo com várias matérias divulgadas na grande imprensa parece que é justamente o alto escalão da empresa e do conselho de administração que vazam informações relevantes para fora da companhia. Na prática, o que vemos é mais uma forma de controle injustificável.
Dispositivos particulares no trabalho
Essa “novidade” acaba por trazer à tona as lacunas criadas pela direção da Petrobrás, quando da implementação do teletrabalho sem o devido planejamento. Se lembrarmos de que desde dezembro o coronavírus vinha se espalhando pelo mundo com crescimento exponencial do número de infectados e mortos, a direção da empresa teve tempo de organizar a casa. Porém, preferiu decretar o início do teletrabalho para 17/03, aos trancos e barrancos ao final do dia anterior. Além de não proporcionar as devidas condições ergonômicas aos trabalhadores, ainda criou uma situação em que muitos de nós precisam usar seus equipamentos particulares, como notebooks, tablets e celulares, inclusive recomendando seu uso para participar de reuniões com a hierarquia.
Sabemos que há algum tempo, muitos empregados utilizam seus dispositivos particulares para o trabalho. E a gestão da empresa se aproveita disso ao criar grupos de Whatsapp de trabalho, por exemplo. A utilização destes dispositivos é abusiva pois atropela qualquer controle de jornada, normatização coletiva, etc. Com o teletrabalho, no entanto, isso se tornou ainda mais grave pois a empresa não planejou a transição da forma devida.
Neste cenário, surge agora mais uma exigência, sob a capa de um cuidado com a segurança da informação, mas que não passa de mais um mecanismo de controle corporativo invadindo a esfera dos dispositivos móveis particulares.
Demandam que disponibilizemos nossos dados para trabalhar em nossos próprios dispositivos, como se a empresa nos fizesse um favor em nos permitir cumprir jornadas exaustivas às nossas custas. Em suma, ao invés de nos proporcionar condições adequadas para trabalhar de forma saudável e produtiva, cada vez mais a direção da Petrobrás nos cobra um preço para que trabalhemos na empresa e sequer aceita prorrogar o prazo do ACT vigente.
Você, petroleir@, pretende abrir mais uma concessão a quem te concede nada?
O Sindipetro-RJ orienta a não instalação do Intune! Proteja seus dados pessoais!