Governo pode precisar fazer manobras para não perder a maioria no colegiado
Enquanto Bolsonaro usa a Petrobrás como trampolim eleitoral, dando a entender ao povo que a troca de comando ajuda a resolver o problema dos altos preços dos combustíveis e do gás, a estatal segue aplicando o Preço de Paridade de Importação (PPI) que atropela a realidade brasileira e deixa o povo cada vez mais refém da inflação.
Em reunião na segunda (18), o Conselho de Administração da estatal manteve rejeição de dois nomes indicados por Bolsonaro: Jonathas Nery, da Casa Civil, e Ricardo Alencar, procurador-geral da Fazenda Nacional. O CA confirmou a análise da Comissão de Elegibilidade (CELEG) que apontou conflito de interesses entre a função que teriam na empresa e as atividades que eles desempenham no governo.
Margem de manobra
O CA é formado por 11 cadeiras (1 é do representante dos empregados; 6 são do governo e as outras 2 o governo perdeu para o maior acionista privado da companhia, o Banco Clássico, na última assembleia de acionistas.
Bolsonaro indicou 6 nomes novos, incluindo Caio Paes de Andrade, e a recondução de 2 – Márcio Weber e Ruy Schneider. Esse dois foram vistos como “margem de manobra” caso houvesse algum impedimento. E foi o que aconteceu com Jonathas Nery e Ricardo Alencar.
Agora, o governo ainda pode fazer outras indicações até o dia da Assembleia Geral Extraordinária, mas caso haja algum impedimento de um desses últimos indicados para assumir o cargo, o governo poderá ser obrigado a ter que lançar mão de mais uma manobra na AGE para não perder a maioria dos assentos no colegiado.
Bolsonaro não quer acabar com PPI
Bolsonaro já chegou a afirmar que os últimos presidentes da Petrobrás indicados por ele não tinham “sentimento social”. Mas é sob o comando do seu governo que temos visto a inflação disparar tendo como um dos vilões o PPI, que poderia ser resolvido com uma canetada. Porém, a prioridade não é mesmo o social, mas encher os bolsos dos acionistas.
Vale lembrar que antes da AGE de agosto, foi feito, na quarta ( 20/07), o pagamento da última quota dos R$ 45 bi de dividendos do 1º trimestre/2022. E, na semana que vem, na terça ( 26/07), será anunciado o resultado para o 2º trimestre e a montanha de dividendos a serem distribuídos, que vêm turbinados pelo PPI e pela especulação internacional impulsionada pela guerra.
A Petrobrás tem que ser 100% estatal para e pelo povo brasileiro!
