Contradição: Petrobrás põe PBIO junto com empregados à venda, mas planeja inaugurar Biorrefinaria

A Honeywell, que cataloga, há mais de 100 anos, invenções como a gasolina sem chumbo e o código de barras, tem a Petrobrás como uma de suas maiores clientes no Brasil. O presidente da empresa estadunidense, Vimal Kapur, afirmou esse mês que outros países tentam alcançar a liderança do Brasil em energias renováveis. E ele está certo.

Investimento em Biorrefinaria

Desde o início deste ano, a petrolífera estatal se movimenta para manter-se firme no mercado dos biocombustíveis. Um dos planos é uma biorrefinaria totalmente dedicada à produção de diesel renovável e bioquerosene de aviação (bioQAV). Segundo Plano Estratégico da empresa, a unidade teria capacidade instalada para fabricar entre 500 mil e um milhão de toneladas por ano e consumiria investimentos da ordem de US$ 600 milhões. 

No início do mês de junho passado, a Petrobrás informou que concluiu o primeiro teste de produção de bioquerosene de aviação com resultados “promissores”.   

No final de junho, outro exemplo, começou a fornecer 120 mil litros de Diesel R5 (com 5% de diesel renovável) produzido na Refinaria Getúlio Vargas (REPAR) para as linhas 617, 650 e 684 de ônibus em Curitiba. O objetivo é avaliar em situação real a influência do novo combustível na redução de emissões, no desempenho e na manutenção desses veículos.

Mas, é nesse mundo que está voltado a uma maior sustentabilidade da matriz energética que a Petrobrás sai completamente do trilho ao manter a privatização da Petrobrás Biocombustível (PBIO), criada justamente para construir essa transição, planejar e estruturar essa mudança no Brasil. 

Mão de obra desprezada

Sabemos que para o desenvolvimento de projetos de pesquisa nesse setor é necessário todo o conhecimento em agricultura, em negócios envolvendo agricultura, em tratamento de óleos vegetais, em mercado de óleos e gorduras. Como vai ser? Construído… novamente? Sim. A resposta foi dada por um diretor da PBIO em reunião com os empregados!

Iniciado mais diretamente há 2 anos, o processo de venda da PBIO, subsidiária integral da Petrobrás, continua em aberto e com praticamente nenhuma informação divulgada, contrastando com o que a empresa tem feito em relação à parte considerável dos ativos da controladora à venda, quando, ainda que divulgado muito menos do que deveria pelos princípios de democracia e de transparência, publica os grandes marcos do andamento da privatização.  

Qual seria a razão para o tratamento diferenciado quanto à falta de transparência no caso da PBIO? 

A venda contempla as três usinas de biodiesel localizadas em Montes Claros (MG), Candeias (BA) e Quixadá (CE), além dos mais de 100 empregados admitidos via concurso público realizado em 2010. 

Durante 12 anos, diversos projetos voltados para biocombustíveis (bioQAV, HVO e etc.) foram desenvolvidos pela PBIO em parceria firmada com o CENPES (Centro de Pesquisas da Petrobrás). Os empregados foram treinados para atuar na área do agronegócio, muitos com pós-graduação, mestrado e doutorado. Dentro do Sistema Petrobrás, essa mão de obra só é encontrada na PBIO!

Mas, depois de uma década de treinamento, atuação, expertise e construção de um status de referência, os empregados da PBIO estão fazendo parte do pacote da venda da empresa, caminhando para um futuro incerto em uma empresa privada que se beneficiará amplamente do investimento feito pela estatal. 

Enquanto os empregados da PBIO estiverem saindo por uma porta com toda essa bagagem, novos investimentos deverão ser feitos na construção de uma curva de conhecimento que a empresa está dispensando. 

As perguntas, que acabaram de completar 2 anos, são: 

“Por que estes empregados não são absorvidos nestes novos projetos?”

“Por que todo esse investimento está sendo desperdiçado?”

“Por que a Petrobrás está vendendo a Petrobrás Biocombustível num momento em que o setor é tão promissor?

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