Por Rosa Maria Corrêa
A Central que recebia, armazenava e controlava a distribuição de todas as vacinas, soros e medicamentos entre outros insumos na rede pública a partir de comandos recebidos do Ministério da Saúde foi privatizada em 2018 e foram demitidos pelo menos 200 técnicos que dominavam o funcionamento da estrutura nacional.
A transação feita durante o governo Temer passou praticamente despercebida, mas agora está afetando toda a população, porque o processo da vacinação contra a COVID-19 está nas mãos da empresa VTCLob, do grupo Voetur, que sequer responde aos questionamentos da Imprensa. Na época, o governo anunciou a privatização para “modernizar a infraestrutura e melhora a eficiência do trabalho e racionalizar os custos” e fechou contrato com a VTCLog no valor anual de R$ 97 milhões contra os gastos de R$ 120 milhões registrados pela Central em 2018.
Serviço piorou em todo o país
Depois de 20 anos, o então ministro da Saúde, Ricardo Barros, em 2018, mandou fechar a Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos (CENADI) que funcionava no Rio de Janeiro e era diretamente subordinada ao governo e contratou a VTCLob, de São Paulo para o serviço. Ignorando que a localização no Rio de Janeiro era estratégica, perto do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde por onde as vacinas passam antes da distribuição.
Os profissionais de saúde envolvidos nos serviços públicos de vacinação relatam que os problemas só estão aumentando depois da privatização. E que tudo pode piorar ainda mais quando as campanhas de influenza e COVID-19 estiverem juntas a partir de abril.
Logística não está funcionando
Hoje, a partir de reclamações de funcionários encarregados do processo da vacina contra a COVID-19 em alguns estados, como atrasos em remessas, além da entrega de itens errados e desorganização na comunicação, a privatização da CENADI está sendo hoje questionada. E ao ser procurada pela Imprensa, a VTCLob sequer emitiu respostas. Vale destacarmos que essa empresa também é a responsável pelo controle do estoque de imunobiológicos que são adquiridos pelo Brasil no exterior.
Privatização esquisita
Na Assembléia Legislativa, essa privatização foi questionada com denúncias de que houve interferência direta dos interessados que teriam chegado a ajudar na elaboração dos editais. O Tribunal de Contas da União chegou a adiar a licitação, mas depois ela deu-se normalmente. O contrato com a VTCLog está previsto para ir até 2023.
Esquisita também são as privatizações que Paulo Guedes está determinado a fazer como as da Caixa, da DataPreve, Serpro (que possibilitaram o pagamento do Auxílio Emergencial), refinarias da Petrobrás, Petrobrás Biocombustível, Correios, Eletrobrás, entre outras estatais. O povo ficará refém nas mãos de empresa privadas que não têm a menor responsabilidade no atendimento?