Depois de pedir a privatização da Petrobrás, elite brasileira agora quer uma nova reforma da Previdência

Em editorial publicado na segunda-feira (9/09), o jornal O Globo coloca culpa no “envelhecimento” da população brasileira. Cabe lembrar que o mesmo jornal da família Marinho apoiou a nefasta reforma da Previdência de Bolsonaro e Paulo Guedes em 2019

 

Há quase cinco anos, em 22 de outubro de 2019, Senado aprovou, em segundo turno, a reforma da Previdência Social proposta pelo então governo de Jair Bolsonaro em janeiro deste daquele ano, se mantendo hoje intacta, sem qualquer questionamento do atual governo Lula.

Com isso, a reforma tirou direitos de mais de 100 milhões de pessoas, prejudicando quem trabalha no mercado de trabalho formal, informal ou já são aposentados e pensionistas.

A reforma estabeleceu uma idade mínima de 65 anos para os homens e 62 anos para as mulheres, com tempo mínimo de contribuição de 20 anos e 15 anos, respectivamente. O valor, porém, representa o equivalente a 60% da média do valor de referência das contribuições, ou seja, o equivalente à renda do trabalhador na ativa.

Além disso, a reforma fez com que os trabalhadores tivessem aumentado o seu tempo de contribuição para 40 anos. Assim, com a nova regra, o trabalhador e a trabalhadora trabalham por mais tempo, ultrapassando o limite da idade mínima, para ter direito ao valor integral. Mas quase cinco anos depois, a elite brasileira mostra que isso não bastou quando o assunto é Previdência Social, e eles (mercado-burguesia) querem mais.

Segundo o Globo, os efeitos da reforma de Bolsonaro e Guedes vão se esgotar em 2027. “Como o envelhecimento populacional acelerou, a economia propiciada pelas mudanças de 2019 está prestes a acabar. Mais uma vez será preciso aumentar a idade mínima para a aposentadoria e estimular a permanência no mercado de trabalho. Não fazer nada equivalerá a não dispor de recursos para arcar com as obrigações previdenciárias — a um rombo fiscal maior” – diz o editorial.

Esse discurso visa, sobretudo, garantir os ganhos do mercado financeiro com o tal equilíbrio fiscal, também conhecido como arcabouço fiscal, que na realidade é aplicado para garantir os ganhos da dívida pública brasileira que consome 43,23% do orçamento da União, representando um valor de R$ 1,89 trilhão.  A Previdência Social consome o equivalente a 20,93%.  A dívida pública brasileira é em realidade um “bolsa banqueiro” (mercado financeiro). Os dados são da Auditoria da Dívida Cidadã.  Mas para a elite do Brasil o problema é a Previdência Social, culpa dos nossos “velhinhos”.

No dia 21/08, o Sindipetro-RJ marcou presença em uma Audiência Pública na Câmara dos Deputados denominada “Previdência Social”.

Petroleiros de olho

Os petroleiros já convivem com sucessivos equacionamentos de sua previdência complementar na Petros, que já inviabiliza financeiramente a vida de muitos aposentados e pensionistas. Além disso, convivem há anos com o arrocho imposto por sucessos governos, incluindo também os do PT, que não melhoram em nada a situação dos aposentados e pensionistas, pelo contrário, pois realizaram promoveram uma reforma da Previdência (dez/2002) e ataque direto na Petros ao plano Benefício Definido (BD)

Uma nova reforma da Previdência não só afetaria a vida de quem já sofre como aposentado e pensionista, como também, e principalmente a de quem está na ativa.

É inaceitável que todos os governos sempre cobram o preço da má gestão do sistema aos trabalhadores, quando se sabe que existe um passivo dos patrões com o sistema previdenciário que chega a R$ 450 bilhões, conforme identificado pela CPI da Previdência realizada em 2017, com informações da Procuradoria da Fazendo Nacional. Deste montante, somente R$ 175 bilhões são considerados recuperáveis.

Mercado: farinha pouca, meu pirão primeiro

E como ter um sistema previdenciário em superávit se o trabalho formal é desestimulado no país, acompanhado de desonerações cavalares na folha de pagamentos de setores produtivos como acontece em 17 setores que são:

Confecção e vestuário; Calçados; Construção civil; Call center; Comunicação; Construção e obras de infraestrutura; Couro; Fabricação de veículos e carroçarias; Máquinas e equipamentos; Proteína animal; Têxtil; Tecnologia da informação (TI); Tecnologia da informação e comunicação (TIC); Projeto de circuitos integrados; Transporte metroferroviário de passageiros; Transporte rodoviário coletivo e Transporte rodoviário de cargas.

Se você reparou na lista acima, o Globo, leia-se, família Marinho, atua no setor de Comunicado. Não estaria atuando então em causa própria ao pedir mais uma reforma da Previdência?

Segundo o ministro da Economia, Fernando Haddad, para 2024 é esperado um valor entre R$ 17 a 18 bilhões por conta das desonerações. Assim, a elite brasileira quer que o governo federal e Lula, banque uma renúncia fiscal com o dinheiro dos aposentados, e não com o que deixariam de pagar da dívida pública

Até quando vamos ter que conviver com mudanças de regras da Previdência, impostas sempre pelos mais ricos, que possuem dívidas monstruosas com a Previdência Social, afetando nossas vidas? Pelo jeito, ele burguesia brasileira dá calote na dívida da previdência, para comprar títulos pública e ganhar dinheiro com a dívida pública.

Lula não mexa de novo na Previdência Social!

No dia 1º de outubro, o Sindipetro-RJ chama para um ato, Às 12h30, a ser realizado no EDISEN, para marcar os 21 anos de implementação do Estatuto do Idoso, e denunciar que mais uma vez o sistema financeiro e elite brasileira já se movimentam para a realização de mais uma reforma da Previdência. Precisamos ficar atentos às movimentações que já começam nas esferas e instituições políticas brasileiras para mais esse absurdo. Durante o ato, o Sindicato vai realizar a distribuição de uma cartilha atualizada do Estatuto do Idoso.

Também no dia 1º/10,  no EDISEN, será realizada a Reunião Mensal dos Aposentados, às 14h. 

 

Imagem Marcello Casal/ Agência Brasil

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