Política entreguista e neoliberal vai reduzir a Petrobrás a apenas 30%
Grande parte da cadeia produtiva da indústria do petróleo está sendo adiquirida pelos concorrentes da Petrobrás por obra deste governo entreguista e de sua direção na empresa, encabeçada por Roberto Castello Branco, um rentista neoliberal oriundo da Escola de Chicago.
O anúncio de venda de quatro refinarias, de um total de oito, a venda das malhas de dutos (NTS e TAG), da BR Distribuidora, da Liquigás, a hibernação das FAFENs e a intenção de venda da Transpetro, principal empresa de logística da Petrobrás, praticamente restringe a companhia somente ao ramo de extração do petróleo, abandonando o conceito de uma empresa de energia integrada.
Vale lembrar que refino e logística, incluindo, distribuição, perfazem 60,9% da fonte de receitas da Petrobrás. Ou seja, Bolsonaro, Paulo Guedes e Castello Branco querem deixar a Petrobrás operando somente com 30% de sua fonte de receitas obtidas através do E&P. Alguém tem ideia do custo social que isso terá com milhares de desempregados?
Ato nacional contra a venda das refinarias e em defesa da vida
Na próxima sexta-feira, 16, termina o prazo para que possíveis compradores se credenciem, na fase não vinculante, para compra de ativos nos segmentos de Gás Natural e Refino, disponibilizados no programa de desinvestimento da companhia, na verdade, entrega do nosso patrimônio. Neste pacote estão as refinarias Alberto Pasqualini ( REFAP), no Rio Grande do Sul, Presidente Getúlio Vargas ( REPAR), no Paraná, Landulpho Alves ( RLAM), na Bahia, e Abreu e Lima ( RNEST), em Pernambuco, além da Liquigás. O desinvestimento na área de refino inclui toda a infraestrutura do entorno, contemplando dutos e terminais.
Também na sexta, há 35 anos, um acidente na plataforma Enchova- 1 da Petrobrás, situada na Bacia de Campos, deixou 37 mortos e 23 feridos. Neste dia, o Sindipetro-RJ estará no TEBIG, pela manhã, e às 12h no EDISE, denunciando o descaso da Petrobrás com a vida dos trabalhadores, as perseguições e punições ilegítimas e o desmonte acelerado da companhia, para privatização e entrega ao capital internacional. Exigimos o fim das perseguições e a imediata reversão da punição ao Técnico de Manutenção Nilson Miranda, dirigente sindical do Sindipetro-RJ e membro da CIPA Transpetro.
Mais entrega: a agenda se acelera
A Petrobrás deverá lançar, ainda em setembro, as etapas de divulgação (teasers) para venda dos 10% restantes de suas participações na Nova Transportadora do Sudeste (NTS) e Transportadora Associada de Gás (TAG), além do segundo pacote de refino, composto pela Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná e pelas refinarias Gabriel Passos ( REGAP), em Minas Gerais, Isaac Sabbá ( REMAN), no Amazonas, e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), no Ceará. O planejamento de 2019 poderá incluir a ainda a divulgação do teaser da Gaspetro, no mês de dezembro. E, para o primeiro trimestre de 2020, está prevista a venda da fatia de 51% da Petrobras na Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG). O processo depende ainda da conclusão da chamada pública da ANP para contratação de capacidade de transporte de gás natural, referente ao gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).
Enchova-1, uma triste lembrança
Há 35 anos, na madrugada de 16 de agosto de 1984, um acidente na plataforma Enchova-1 da Petrobrás, situada na Bacia de Campos, deixou 37 mortos e 23 feridos. A perfuração de um poço de petróleo provocou uma explosão seguida de um grande incêndio. Buscando fugir do sinistro, os trabalhadores guarneceram uma baleeira, porém um dos cabos de aço da mesma ficou preso, o outro se rompeu e a embarcação despencou de 30 metros de altura. Algumas pessoas morreram em razão da queda e outras por afogamento.
A falta de manutenção adequada e o mau estado de conservação de alguns equipamentos da plataforma podem ter sido as principais causas do desastre. Até hoje, o acidente não foi devidamente explicado pela Petrobrás.
Um laudo “técnico”, elaborado pela direção da empresa, sem participação sindical, concluiu por falha humana. Nos últimos 23 anos, são mais de 379 petroleiros mortos em acidentes de trabalho, dos quais 308 terceirizados. Uma realidade que mostra que a cada dez acidentes, oito são com prestadores de serviço. A sensação de insegurança é cada vez mais frequente nas plataformas, terminais e campos de produção terrestre. A precarização, redução de efetivos, terceirização, e, sobretudo, a privatização são responsáveis por isso. Um verdadeiro boicote contra a empresa e seus trabalhadores, o qual atinge níveis históricos na atualidade.
Punições e perseguições
Na quarta-feira, 31 de julho, ocorreu na Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro uma audiência sobre o caso das diretoras do Sindipetro-RJ, Carla Marinho e Patrícia Laier, destituídas de suas respectivas consultorias, em clara perseguição por ambas exercerem atividade sindical. Na ação movida pelo Sindicato, as diretoras pedem a reincorporação das consultorias à Petrobrás.
O Sindipetro-RJ e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) também acompanham práticas de assédio, perseguições e punições a outros companheiros como os diretores do Sindipetro-RJ Moara Zanetti (EDISEN) e Antony Devalle (EDISE), e Tiago Nicolini Lima (UTGCA) do Sindipetro-LP.
Versão do impresso Boletim CXXXIV