Especial Agosto Lilás – O enfrentamento ao machismo na Petrobrás e no setor privado, e o assédio sexual às trabalhadoras terceirizadas do CENPES
Esta edição do Boletim do Sindipetro/RJ dedica-se, exclusivamente, a dialogar com a comunidade do CENPES e com a categoria petroleira em geral (Petrobrás e Setor Privado) sobre questões relativas à violência e assédio sexual contra mulheres e sobre a cultura machista que lhe serve de base, a partir de mitos e fatos envolvendo emblemático caso ocorrido contra trabalhadoras terceirizadas CENPES.
Isso se faz necessário por 2 motivos: O primeiro deles é pela necessidade urgente de combate ao machismo, pois ele é a base das inúmeras violências e até mortes de milhares de mulheres no Brasil. O machismo parte de uma suposta superioridade dos homens sobre as mulheres, o que inclui a crença da mulher como objeto e posse do homem, assim como a ideia de que os homens são mais competentes do que as mulheres e de que o cuidado com a casa e com os filhos é delas e os homens, quando muito, as ajudam.
Esses e outros achismos se expressam de diversas formas, como: salários menores para as mulheres mesmo que estejam desempenhando as mesmas atividades que os homens; percepção de que mulheres são menos capazes de ocupar determinadas funções ou desenvolver determinadas atividades; a sobrecarga de trabalho das mulheres, com o acúmulo do trabalho fora e dentro de casa; a violência verbal, psicológica, patrimonial, física, chegando ao assassinato de mulheres, também tem como raiz essas crenças. Por isso, falar sobre esse assunto é tão crucial para mulheres e para os homens.
O segundo deles é porque, as trabalhadoras terceirizadas do CENPES que sofreram a violência sexual seguem sofrendo com comentários machistas e sendo vítimas de calúnia e difamação no interior do CENPES. Isso acontece quando, na verdade, essas mulheres merecem o nosso mais profundo agradecimento pela contribuição corajosa e fundamental que deram a toda a categoria petroleira.
Corajosa, pois tratam-se de mulheres com vínculos de trabalho precaríssimos e em uma Petrobrás que, gestão após gestão silenciou, negligenciou e negou qualquer tipo de assédio. É fundamental, pois, foi a partir do horror ocorrido com essas mulheres e a sua denúncia, em diversas esferas, que a gestão da Petrobrás efetivamente se debruçou sobre esse tema, começou a rever a sua política, discurso e procedimentos.
Foi também a partir da ação delas que a mulherada petroleira se organizou e detonou um grande movimento de denúncia sobre esse tema, estendendo-o para o tema do assédio moral, trazendo avanços em toda a empresa, inclusive para os homens. Desta forma, essas mulheres deveriam estar protegidas pela Petrobrás e pela Vinil – empresa a qual estão vinculadas e contar com o reconhecimento e agradecimento de toda a categoria petroleira!