Docas usa truculência contra o Armazém da Utopia

De forma arbitrária, a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) lacrou na manhã da sexta (15) o Armazém da Utopia – espaço reconhecidamente de Cultura na cidade. O SINDIPETRO-RJ que mantém parceria com a Companhia Ensaio Aberto, obtendo descontos em ingressos de apresentações teatrais para a categoria petroleira, se solidariza com a Companhia, que foi surpreendida com a ação dos funcionários da Docas, acompanhados por guardas portuários. Eles chegaram logo cedo ao Armazém, sem qualquer documento oficial, e realizaram o cercamento do local e o fechamento do Armazém com um cadeado.

Quase uma década em atividade

Desde 2010, o armazém 6 e parte dos anexos 5 e 6 do Cais do Porto passaram ser ocupados pelo Armazém da Utopia e vinham sendo utilizados pelo Ensaio Aberto para estudos, ensaios, apresentações e guarda de todo o material utilizado para promover eventos culturais. Há uma semana de estreia, marcada para o dia 22, e uma temporada de apresentações já agendadas do espetáculo “Luz nas trevas”, a Companhia viu-se surpreendida por uma ação de força inesperada. Vale resgatar que o local esteve por décadas abandonado e com o destino à Cultura atrai pessoas de todas as classes e origens, chegando a registrar 400 mil visitantes em 2018. O armazém 6 foi cedido pela Prefeitura do Rio em acordo definitivo. Mas, o uso dos anexos, vinha sendo firmado com a Docas. Em nota, a CDRJ afirmou que a ação teve como objetivo desocupar os anexos para que eles sejam entregues à Píer Mauá, empresa que administra o Terminal Internacional de Cruzeiros do Porto do Rio de Janeiro, e que teria o direito de uso da área desde 2018 quando fez um acordo com o então Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (atual Ministério da Infraestrutura). Agora, após pressão de manifestações no local e denúncia nas redes sociais contra esta ação repressora da Docas, foi acordado prazo de vinte dias para que haja negociação sobre o uso do espaço. E durante este prazo, o Armazém da Utopia vai funcionar normalmente.

 

No vídeo, a atriz Tuca Moraes, indignada, faz a denúncia e Luiz Fernando Lobo – fundador da Ensaio Aberto em 1992, chama a atenção dos funcionários da Docas sobre a responsabilidade no cumprimento de ordens questionáveis.

Espaço cultural inestimável

A Companhia Ensaio Aberto transformou o armazém 6 abandonado do Cais do Porto em um ponto de cultura e arte. É uma espécie de centro cultural no bairro da Gamboa, na Zona Central da cidade do Rio de Janeiro próximo ao VLT Carioca, frequentado por inúmeros artistas e prestigiado por milhares de populares, que notabilizou-se no cenário cultural nos últimos anos.

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