Faixa Livre: Sindipetro-RJ/FNP explica entrega do dossiê sobre PPI em Brasília

Programa conversou com Eduardo Henrique, um dos coordenadores da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), e diretor do Sindipetro-RJ, que falou sobre a luta contra a privatização da Petrobrás e do levantamento produzido pelo Observatório Social da Petrobrás (OSP) sobre a atual política de preços da companhia e do governo Bolsonaro

No último dia 08/12, o programa Faixa Livre, que vai ao ar na Radio Bandeirantes AM-860, do Rio de Janeiro, recebeu o representante da FNP e do Sindicato. Confira a versão em texto da entrevista.

Cerca de 80 ativos da Petrobrás já foram pulverizados

Faixa Livre – Os petroleiros têm enfrentado neste ano de 2021 o período mais difícil da história do país e da Petrobrás, com essa gestão entreguista do governo Bolsonaro. Nunca presenciamos um processo de venda de ativos como refinarias, gasodutos, áreas do Pré-Sal, como este. Tudo isso sendo entregue a preço de banana, favorecendo os anseios do capital hegemônico. Qual o balanço que a categoria petroleira faz deste momento?

Eduardo Henrique – Nunca houve um processo como está ocorrendo agora. Na verdade isso não se iniciou agora, a Petrobrás tem sido atacada também por todos os governos anteriores. O processo de venda de ativos, que está se concretizando agora, teve início no governo Dilma, com a escolha do Aldemir Bendine para presidir a Petrobrás, que depois virou presidiário, prosseguindo no governo Temer, e atualmente, no governo Bolsonaro que joga a pá de cal, favorecendo os interesses do imperialismo e das multinacionais. Estamos sofrendo um ataque, um assédio brutal, muito em função da cobiça no Pré-Sal.

Só no governo Bolsonaro já foram vendidos algo em torno de 80 ativos da Petrobrás sob um argumento falacioso de melhorar os investimentos para garantir a concorrência. Na realidade, o que se vê é a transformação da operação desses ativos vendidos em monopólios regionais como está acontecendo com as refinarias, aumentos dos preços dos combustíveis, que ocorrem em função disso, expansão dos carteis de postos de gasolina, com nada disso fazendo com que melhore ou facilite a vida da população e dos trabalhadores da Petrobrás.

Dossiê denuncia política de preços

Faixa Livre – A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) esteve presente em Brasília, na Câmara dos Deputados, entregando um dossiê produzido pelo Observatório Social da Petrobrás (OSP) com uma série de informações técnicas e econômicas, sobretudo, sobre a política nacional de preços dos combustíveis. Esse material foi elaborado pelo economista Eric Gil Dantas do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (IBESP), apontando que é possível vender combustíveis no país a preços mais acessíveis. Nesta ação, em Brasília, representando o Sindipetro-RJ, esteve presente o diretor Vinícius Camargo, como você avalia essa visita da FNP e como foi a repercussão do estudo junto aos parlamentares?

Eduardo Henrique – A FNP continua nesta missão em Brasília apesar da debandada do final de ano, com as festas de natal e ano novo. Estamos atuantes neste campo e descobrindo algumas coisas que de fato mostram como funciona esse cartel de postos de combustíveis. Um exemplo disso é o que aconteceu em Manaus quando pela programação da FNP, em 24/11, no “Dia Nacional da Gasolina sem PPI”, uma ação que distribuímos gasolina subsidiada para motoristas de aplicativos, um posto local cancelou em cima da hora a ação que estava sendo organizada pelo Sindipetro-AM/MA/AP/PA, em atitude claramente política.

Bom, dito isso, é importante dizer que conseguimos trazer essa pauta do preço dos combustíveis para a grande mídia, focando na questão que envolve o Preço de Paridade de Importação (PPI). Para quem não sabe e muita gente não sabe, a Petrobrás hoje faz um cálculo de venda dos combustíveis, segundo o que diz o seu principal acionista, o Governo Federal, tendo como referência os preços internacionais, o que já acontecia nos governos anteriores, como no da Dilma, em que constava no Plano de Negócios da empresa, que começou a ser implementado na gestão da então presidente da Petrobrás, Graça Foster. E com o Temer, sob a gestão do Pedro Parente, a Petrobrás instituiu a PPI, que é colocar no cálculo, como se fosse custo de produção da Petrobrás, o que em tese seria importado incluindo taxas alfandegárias, logística, etc. Isso só facilita a vida da concorrência aqui no Brasil, beneficiando as multinacionais em detrimento do patrimônio brasileiro.

Então estamos tentando esclarecer a população brasileira sobre o que está acontecendo, incluindo os parlamentares. Por incrível que pareça muitos deputados não têm noção do que está acontecendo, tivemos o trabalho de fazer a distribuição do dossiê na Câmara dos Deputados, de gabinete em gabinete, sendo que neste início já visitamos mais de 80 deputados. Estamos sendo amplamente recebidos, pois é um trabalho de visita a todos os gabinetes, independente da linha ideológica de cada um. Enfim, é um trabalho válido e importante que será retomado ano que vem após o recesso parlamentar.

Além desse trabalho, em Brasília, tivemos uma reunião com um representante da presidência da Petrobrás em que apresentamos o dossiê, com o objetivo de firmar a nossa posição diante do contexto da atual gestão da empresa.

O que podemos destacar também é que foi retirada de pauta no Congresso o projeto de privatização dos Correios, mas seguimos vigilantes pois a qualquer momento o Governo Federal pode apresentar um projeto de abrir mão de ser o acionista majoritário da Petrobrás, ou seja, seria a privatização total da empresa. Então, estamos atentos a qualquer movimento que possa ser feito.

Faixa Livre – Não é só a defesa da Petrobrás.

Eduardo Henrique – Certamente, tem essa questão da tramitação da PEC32 que pretende acabar com o funcionalismo público, mas sobretudo, com os serviços públicos como um todo. O mais prejudicado nessa situação, caso essa PEC seja aprovada será a população mais necessitada.

Ouça a entrevista:

 

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