Em claro conflito de interesse banco de Paulo Guedes pode ganhar mais dinheiro no governo Bolsonaro

Indiciado no dia 30/11 pela Polícia Federal por suspeita de fraudes contra fundos de pensão, entre eles o Petros, entre 2009 e 2013, o futuro superministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, parece estar em processo de fritura antes de assumir o cargo, por conta de suas ligações e conflitos de interesses vindos à tona. Na próxima quarta-feira (5) prestará depoimento à PF sobre seus negócios com fundos de pensão de estatais. Em seis anos ele fez fortuna ao captar cerca de R$ 1 bi de sete fundos, segundo publicado pelo Jornal do Brasil.

O The Intercept publica que a Bozano Investimentos, uma gestora de investimentos de Paulo Guedes, futuro superministro da Economia de Jair Bolsonaro, pode dar muito retorno aos seus investidores caso Guedes consiga emplacar suas reformas ultraneoliberais. “Guedes tem alinhamento com o setor bancário e com o mercado financeiro, privilegiados pela lógica ultraliberal defendida por ele. Sua ideia é privilegiar o sistema privado, inclusive vendendo aos pedaços a Caixa e o Banco do Brasil” – diz um trecho da reportagem.

Segundo o The Intercept, nesse contexto, a reforma da Previdência, considerada ideal por Guedes, é a primeira ponta de interesse dos bancos privados. Eles estão de olho no sistema de capitalização. Cada trabalhador contribuiria, isoladamente, em uma conta de aposentadoria, que poderia ser resgatada mensalmente até o fim da vida a partir de determinada idade ou sacada na íntegra. Isso acabaria com o atual sistema de repartição, mutualismo e com as participações do Estado na gestão da seguridade social, em que as contribuições servem para garantir as aposentadorias e outros benefícios da previdência, a saúde e a assistência social.

O The Intercept diz que há também, sob gestão da Bozano, fundos que se concentram em investimentos em títulos públicos, “mas é o posicionamento das fichas de Guedes na roleta do mercado de ações que revela a força da convergência entre as intenções declaradas por ele para a economia brasileira e as apostas feitas em praticamente todas as empresas investidas pela Bozano”.

Segundo a reportagem, o fato é que Guedes ao aplicar o dinheiro gerido pela companhia fez o indicativo de que, para serem rentáveis, esses investimentos dependem de privatizações nas áreas de saúde, educação e energia, além de reformas liberais no setor financeiro, no varejo e na construção civil.

Paulo Guedes também está atento à área de energia, com a perspectiva de ampla privatização do setor, com a venda de ativos da Eletrobrás. O terceiro maior investimento da Bozano é na Equatorial Energia, com atuação forte nas regiões Norte e Nordeste.

No fim de julho, a empresa arrematou em leilão a compra da Companhia Energética do Piauí. Em setembro, a Equatorial pegou também 49% da Integração Transmissora de Energia, da Eletrobrás.

A empresa – que tem entre seus acionistas a americana BlackRock, maior gestora de investimentos do mundo, e o Fundo Soberano de Cingapura – é uma das companhias mais bem posicionadas para aproveitar o saldão da Eletrobrás.

Outro investimento da Bozano é a Transmissão Paulista, concessionária privada responsável pela transmissão de quase um terço de toda a energia do Brasil. A dona da maior parcela daqueles cabos de alta tensão que você vê em estradas país afora ainda é a Eletrobrás (por meio das controladas Furnas e Eletrosul, por exemplo). Mas com a privatização encaminhada, é possível que a Transmissão Paulista aumente a sua fatia de controle sobre a transmissão da energia elétrica consumida no Brasil.

A proposta de redução do tamanho do Estado segue sempre a mesma receita: Estado e serviços mínimos para o povo e facilidades máximas para os oportunistas vinculados, de uma forma ou de outra, em desfavor ao mesmo governo que se quer reduzir.

 

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