Petrobrás anuncia lucro de R$ 31,1 bilhões e a antecipação da distribuição de dividendos de R$ 31,8 bilhões. Governo Bolsonaro usa Petrobrás para fazer transferência de renda dos trabalhadores para os ricos e especuladores
A Petrobrás anunciou na quinta (28/10) os resultados financeiros do terceiro trimestre de 2021. Segundo a empresa, o desempenho financeiro do trimestre foi resultado da boa performance operacional. A produção média de óleo e gás natural alcançou a marca de 2,83 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) no período, um aumento de 1,2% em relação ao trimestre anterior, mesmo em um cenário ainda de restrições em função da pandemia da COVID-19. O Pré-Sal atingiu 71% da produção total, com destaque para a entrada em operação do FPSO Carioca (campo de Sépia) e o atingimento do topo de produção do FPSO P-70 (campo de Atapu).
Sangue e suor dos trabalhadores omitido nos resultados
Com esse anúncio, alguns pontos importantes precisam ficar bem esclarecidos. Quando a empresa diz que seu desempenho financeiro foi resultado da boa performance operacional, em realidade esquece de dizer, ou certamente faz questão de omitir, a importância do papel dos seus trabalhadores próprios e terceirizados que implantaram e desenvolveram a produção no Pré-Sal nos últimos 15 anos e, agora, durante estes dois anos de pandemia têm cumprido jornadas extenuantes e convivido com a retirada de direitos de aposentadoria e saúde, além de surtos em plataformas que não são reconhecidos pela empresa quando ela não emite as CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) e abusos de todos os tipos e magnitudes contra os terceirizados: assédio, atrasos, calotes. No que concerne à pandemia, segundo o Boletim de Monitoramento da COVID-19 do Ministério de Minas e Energia (MME), em sua 80ª edição, 57 trabalhadores diretos da Petrobrás morreram de COVID durante a pandemia. Todas as mortes e adoecimentos, entre os trabalhadores terceirizados que atuam lado a lado aos próprios, em cada operação da Petrobrás, é omitida tanto do relatório do Ministério das Minas e Energias quanto dos relatórios da Petrobrás e todas as suas subsidiarias.
Lucro turbinado pelos preços sobre a base dos resultados
O impacto da Política de Preços de Paridade de Importação (PPI), com o aumento abusivo dos preços contra o país, vinculado ao aumento do preço do barril (tipo Brent), variação do dólar acrescido de custos logísticos imaginários de importação e internação dos derivados, mais uma vez, revela sua magnitude no lucro líquido do terceiro trimestre da Petrobrás.
Esse lucro é o resultado da aplicação aprofundada por Bolsonaro/Guedes/Luna de um modelo de gestão neoliberal que vinha sendo adotado em menor medida pelas direções anteriores da Petrobrás, que só foca nos lucros aos acionistas no curto prazo em detrimento do bem estar da população e crescimento da economia de todo o país no médio e longo prazos. Em prejuízo do próprio fortalecimento do mercado que explora a riqueza natural ímpar (Pré-Sal), explora a mão de obra local, põe em risco o meio ambiente e retira seus lucros para a concentração privada. No mesmo descompromisso com o país, promove a privatização, a precarização das condições de trabalho (salário, segurança, saúde e aposentadoria), e a desnacionalização da produção, exportando petróleo bruto para importar derivados em dólar, em prejuízo de nosso parque de refino.
PPI bancada pela população
Todos esses fatores acabam por formar o preço final do combustível, como, por exemplo, da gasolina que em alguns lugares chega a R$ 8,00 o litro, que você compra no posto de combustível para abastecer o seu carro, e mais de R$ 100 no botijão de gás. Na realidade, o lucro da empresa e a antecipação de dividendos está sendo bancada por nós consumidores.
Mais contradição
O que mostra ser uma grande contradição é constatar que nunca se produziu tanto petróleo no Brasil: são 2,83 milhões de barris (boed) só pela Petrobrás. Quem tem idade entre 40 e 50 anos, sempre ouviu quando jovem que o fato do Brasil não ser um grande produtor explicaria os preços altos dos combustíveis no país. Além disso, a Petrobrás consegue extrair do Pré-Sal um petróleo que tem o menor custo de extração do mundo, que segundo a mídia especializada está abaixo de US$ 3 por barril.
Ainda sobre os resultados divulgados, na comparação do segundo e do terceiro trimestres, o fator de utilização das refinarias aumentou de 75% para 85% e, em outubro, chegou a alcançar 90%. Ou seja, como explicar que o governo Bolsonaro e a direção da Petrobrás preferem transformá-la em uma vaca leiteira para acionistas e ser uma exploradora da população, garantindo lucros cada vez maiores? A resposta é simples, estão preparando a empresa para a privatização, usando essa política de preços tanto para negativar a imagem da Petrobrás junto aos consumidores – para justificar seu desmonte e sua venda, quanto assegurar um privilégio aos empresários internacionais, assegurando uma rentabilidade em dólar, sem risco cambial, para comprar os ativos em privatização e operá-los.
Um chamado à categoria petroleira!
No fundo, Bolsonaro e Paulo Guedes não querem assumir o ônus da gestão entreguista que fazem contra a Petrobrás e o Brasil. Querem resolver dois problemas em uma jogada só: encher os bolsos dos grandes especuladores e se livrar da responsabilidade dos sucessivos aumentos de combustíveis.
Além disso, a população precisa entender que a culpa desse assalto contra os seus bolsos não é da Petrobrás e sim do governo Bolsonaro, preposto dos banqueiros e da burguesia, que tem como executor o pilhador do patrimônio do Brasil, Paulo Guedes.
Diante do quadro, o Sindipetro-RJ/FNP, ratifica seu chamado à totalidade da categoria para uma grande mobilização e convocação de uma greve geral petroleira contra esse descalabro que está sendo feito por este governo da corrupção, do saque, do desemprego, da carestia e da fome, contra o povo e de lucros bilionários para os ricos.