Faixa Livre: diretor do Sindipetro-RJ explica como o PPI prejudica à Petrobrás e aos brasileiros

“O preço do petróleo internacional já esteve mais alto do que está hoje, mas internamente nunca chegou neste patamar que estamos vendo neste momento”

Na quinta-feira (04/11), o Programa Faixa Livre, que vai ao ar na Radio Bandeirantes AM 860, realizou uma entrevista com o diretor do Sindipetro-RJ, André Bucaresky (Buca), com uma abordagem sobre a situação da atual política de preços da Petrobrás, o Preço de Paridade de Importação (PPI) que faz com que a população brasileira seja surrupiada para aumentar os ganhos dos acionistas da Petrobrás. Entre outros assuntos, André Buca falou sobre como o PPI é na verdade uma forma de fortalecer os concorrentes da Petrobrás, facilitando o desmonte da empresa e a entrega de seus ativos como as refinarias. As mobilizações da categoria petroleira na defesa de seus direitos e de uma Petrobrás a serviço do povo brasileiro e a greve dos caminhoneiros também foram abordados na conversa com o Faixa Livre.

A razão do PPI é a privatização da Petrobrás

Faixa Livre: a política de preços adotada pela direção da Petrobrás, que leva em conta a variação da cotação do dólar, das tarifas portuárias e dos preços do petróleo no mercado internacional, faz com que os combustíveis sejam os principais vilões da inflação cada vez mais galopante que se apresenta nos últimos meses. Segundo dados do Observatório da Petrobrás, o preço da gasolina atingiu o seu maior valor desde quando a ANP começou a publicar os valores semanais, em um ano já são mais de 70% de aumento acumulado, como o Sindipetro-RJ avalia essa situação?

André Buca: essa questão envolve totalmente a política de preços da Petrobrás, por mais que se tente desviar do assunto. Nós vemos cada vez mais, vários setores da população, percebendo que o centro do debate é a política de preços da Petrobras, porque não é culpa da Petrobrás, é uma culpa é de quem está na direção da Petrobrás. O preço do petróleo internacional já esteve mais alto do que está hoje, mas internamente nunca chegou neste patamar que estamos vendo neste momento.

Tudo isso está ligado a questão da privatização da Petrobrás e do interesse dos setores privados. Porque não tem nenhum sentido nós vendermos o combustível, (gasolina, o diesel e o gás de cozinha) com preços praticados hoje. A Petrobrás , graças à competência técnica dos trabalhadores da empresa, que conseguiu descobrir o pré-sal, explorá-lo e produzi-lo com muita competência. Segundo dados do Instituto latino-americano de estudos socioeconômicos, o ILAESE, a Petrobrás produz ao custo de US$ 7,00 o barril de petróleo, ou menos, isso com dados do ano passado . A Petrobrás é uma das empresas mais produtivas do mundo e que produz mais barato. Então, se você comparar os US$ 7,00, ou menos que a Petrobrás produz, e os mais de US$ 80,00 , valor do preço atual do barril de petróleo, vai verificar o significado dessa diferença em termos de possibilidade para diminuição de preço.

O problema é que, atualmente, o nosso preço interno não está referido ao custo de produção da Petrobrás, como já foi no passado em que havia uma fórmula que calculava o preço do combustível no Brasil. Hoje, por política do governo, segue os preços internacionais de importação, e o preço no mercado internacional reflete uma produtividade do petróleo muito inferior ao da Petrobrás que temos aqui dentro do país. Então pagamos um preço mais caro do que seria o real. O problema não está fundamentalmente nos impostos, e sim na política de preços que segue a paridade internacional que vai beneficiar os grandes acionistas, principalmente, e os concorrentes da Petrobrás que podem vender seu petróleo aqui dentro porque não precisam competir com o preço que a Petrobrás pode entregar para o povo brasileiro. Estamos pagando mais caro para beneficiar outros tipos de interesses.

Lucro oriundo do sobrepreço e da venda de ativos

Faixa Livre: Está mais do que provado que essa política de Preços de Paridade de Importação (PPI) se dá apenas para favorecer os acionistas da Petrobrás, com o interesse público sendo deixado de lado. O exemplo disso são os resultados financeiros apresentados pela empresa em seu recente balanço financeiro divulgado no final de outubro último, referente ao terceiro trimestre de 2021. Houve um lucro de R$ 31 bilhões entre os meses de julho e setembro, só que prontamente a Petrobrás anunciou uma distribuição de R$ 31,8 bilhões em dividendos para seus acionistas. Como analisar esse lucros que a companhia teve no terceiro trimestre do ano, e o que levou a chegar a esse resultado expressivo?

André Buca: Se nós não entendêssemos os interesses que estão por detrás disso, seria inacreditável, como o tamanho da cara de pau desta gestão. Porque a Petrobrás está apresentando lucros enormes cuja parte está sendo obtida com a venda a preço vil de participações e de ativos muito importantes para o Brasil que estão sendo vendidos, e outra parte é oriunda desse sobrepreço aplicado ao preço dos combustíveis, totalmente desnecessário.

Aí os incautos podem deduzir que esse dinheiro todo que a Petrobrás está arrecadando vai servir para alavancar os investimentos da empresa e o desenvolvimento do país, para ajudar na saúde e educação, de que estão vendendo os ativos da empresa para melhorar as condições do povo, mas não é nada disso. Em 2021, de conjunto, já existe uma lucratividade de R$ 75 bilhões, desse valor a grande parte, R$ 63 bilhões vai para aos acionistas, anteriormente a distribuição desses dividendos chegava a somente 25% do lucro. Desses R$ 63 bilhões, R$ 25,6 bilhões estão indo para acionistas estrangeiros, um presente, uma mina de dinheiro para esses acionistas, e R$ 14,3 bilhões vão para os bolsos de acionistas privados no Brasil. Ou seja, mais de 60% do dinheiro que a Petrobrás está distribuindo, desnecessariamente, é para acionistas privados, majoritariamente, para fora do Brasil. Isso é totalmente oposto ao que deveria ser. Deveria ser uma Petrobrás não a serviço do acionista, mas uma Petrobrás da forma como ela foi criada, na luta do “Petróleo é Nosso, com mandato do povo brasileiro, para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, garantidora da soberania energética com abastecimento de petróleo e derivados em todo o território nacional. E não é isso que acontece hoje, que está sendo feito. O que existe é um desmonte acompanhado de privatização com a entrega da nossa riqueza, apenas isso. Sabemos que por detrás disso há grandes interesses.

No terceiro trimestre houve um lucro de R$ 31 bilhões, e a distribuição de dividendos para acionista é maior do que o lucro! Então esses fato vão demonstrando que a nossa riqueza novamente está se esvaindo como se esvaiu o pau-brasil, a cana-de-açúcar e o ouro. Todas as riquezas que foram produzidas aqui foram embora pela exploração dos grandes colonialistas, imperialistas e dos grandes capitais que depois que deixam a miséria em volta, pegam esse dinheiro, que nos foi roubado, para aplicar em outros negócios lucrativos.

É de causar indignação toda essa situação com a distribuição de dividendos, e a motivação de lucro. A Petrobrás pode muito bem manter seus investimentos plenamente sem um preço tão exorbitante do petróleo, tanto é provado isso que eles estão mandando esse dinheiro para o estrangeiro.

Tubarões acumulam ganhos

Faixa Livre: E essa distribuição de dividendos aos acionistas, anunciada simultaneamente com os resultados financeiros da Petrobrás, parece uma provocação da direção entreguista?

André Buca: Todo esse dinheiro que está saindo do país Antigamente a Petrobrás transformava parte do seu lucro em incentivos culturais, esportivos e em pesquisa em tecnologia nas universidades , gerando um efeito de distribuição de renda no país, e agora neste momento em que observamos pessoas disputando ossos, restos de alimentos para sobreviverem com tanta miserabilidade, de desemprego, de tantas dificuldades, estamos vendo um desperdício , uma distribuição acintosa de nossos recursos para grandes capitais. Sabemos que existem pequenos acionistas das Petrobrás, mas os ganhos deles não se comparam aos tubarões que acumulam ganhos absurdos com a empresa, possuindo uma grande influência sobre governos, e isso realmente é uma provocação contra o país, e está na hora do povo brasileiro reagir à altura.

Culpar impostos e mascarar a realidade

Faixa Livre: recentemente houve uma tentativa de se reduzir os preços dos combustíveis com o anúncio do congelamento da base de cálculo do ICMS por 90 dias, intenção anunciada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), formado pelo Governo e integrantes dos estados. Isso resolve o problema?

André Buca: Não. O problema não está nos impostos, pois baixos ou altos vão para os cofres do governo que em geral gasta mal esse dinheiro, sendo este outro problema. O que vai reduzir o valor do combustível é o fim da PPI que está absorvendo uma geração de lucro da Petrobrás para os capitais privados internacionais e nacionais. Daí está claro que o problema é não são os impostos, da forma como está sendo colocado como a “cortina de fumaça” e não vai resolver nada.

Bolsonaro, é um cara de pau

Faixa Livre: em meio a toda essa pressão por conta dos preços dos combustíveis , o presidente Bolsonaro aventa a possibilidade de privatização da Petrobrás, porque, segundo ele, a empresa tem dado muita “dor de cabeça” ao governo. Só que logo depois, o mesmo Bolsonaro defendeu um viés social para a empresa, dizendo que os acionistas deveriam lucrar menos. Dá para entender essas contradições do Bolsonaro?

André Buca: O Bolsonaro faz essas declarações porque ele tem compromissos justamente com esse capital internacional. Então, em vez de ele aplicar uma política favorável ao povo brasileiro, que transforme todo esse ganho de produtividade, toda essa riqueza que está sendo produzida aqui no país, ela se derrame para a população, através de preços baixos dos combustíveis, que repercute em toda cadeia produtiva do país, inclusive no preço dos alimentos, transporte, assim como em investimentos produtivos no país, em desenvolvimento e tecnologia, educação, saúde, essa política poderia ter sido dirigida para isso, mas não foi. Bolsonaro e seu grupo político prefere carrear essa riqueza e recursos para os bolsos dos acionistas e investidores internacionais, ajudando a viabilizar os concorrentes da Petrobrás. Ele quer privatizar as refinarias, mas nenhuma empresa vai comprar uma refinaria da Petrobrás se tiver que competir com um preço menor que a própria Petrobrás possa entregar para o povo brasileiro, em termos de derivados de petróleo. Para manter esses grandes interesses ele (governo) precisa manter essa política de preços artificialmente alta, ligada ao mercado internacional e não ao preço de custo do petróleo extraído aqui no Brasil.

Jair Bolsonaro quando fala da privatização da Petrobrás mostra que é um tremendo “cara de pau” , por que , qual o motivo para privatizar a Petrobrás, por que ela é competente e produz muito bem? Ou por que Bolsonaro não pode contrariar os interesses? Então, a única saída para ele é privatizar a Petrobrás para deixar de ser pressionado. Mas se privatizar a Petrobrás nunca mais vamos ter uma política de preços que favoreça aos brasileiros, por quê? Porque essa empresa (Petrobrás) vai ser uma grande empresa monopolista no Brasil que vai definir esses preços internacionais, para sempre, como referência e vai fazer o que bem entender com esse lucro que será só para ela, com toda riqueza gerada indo embora do Brasil. Esse lucro não vai se transformar em emprego, educação, saúde, desenvolvimento de tecnologia, ou em preços baixos. Vai apenas acrescentar lucros aos grandes capitalistas.

É um absurdo que se cogite que uma empresa com tantos méritos como a Petrobrás, tão importante para o nosso país, que pode, inclusive, nos redimir socialmente, se for colocada a serviço do povo brasileiro, controlada por trabalhadores, tenha um projeto oposto seguindo o raciocínio: “Já que estão levando nosso lucro mesmo, entrega todo o ouro ao bandido”. É isso justamente o que tem sido feito em relação a Petrobrás. Entrega o ouro negro (petróleo) aos bandidos internacionais que exploram a nossa riqueza e que tem grandes interesses que se expressam dentro do governo através do tráfico de interesses, que sabemos que existe em demasia, sendo esses que serão beneficiados com essa privatização.

Por isso, temos que lutar para defender o que é nosso. Porque se nós não defendermos a Petrobrás e todas as outras estatais hoje, com unhas e dentes, vamos chorar muito e vamos precisar fazer uma revolução no país para recuperar o que foi perdido, mas isso ainda pode ser impedido se nós nos mobilizarmos na defesa dos interesses do Brasil.

Mais uma lorota: a necessidade de aumentar importação de combustíveis

Faixa Livre: surgiu a informação de que a Petrobrás terá que importar combustível para atender a demanda do mercado nacional nos meses de novembro e dezembro. O que fará com que os preços aumentem, é realmente necessária essa importação para um país que há muitos anos é autossuficiente na produção e no refino?

André Buca: Essa notícia é uma tremenda forçação de barra. O fator de utilização das refinarias entre 2020 e 2021 está entre 70% e 75%, ou seja, se mantinha entre 25% e 30% de capacidade ociosa. Por que se manteve essa capacidade ociosa durante todo esse tempo? Isso está relacionado com a política de preços para viabilizar os concorrentes e a privatização das refinarias. Para atrair os concorrentes da Petrobrás e beneficiar outros grupos econômicos de forma totalmente desnecessária para a população brasileira.

Como eu disse anteriormente, nenhuma empresa estrangeira vai comprar uma refinaria no Brasil se tiver que competir com o preço barato que a Petrobrás pode oferecer aos consumidores, se essa for a política de algum governo. Só que com a subida do dólar, com a alta do petróleo no mercado internacional, houve uma demanda das distribuidoras, talvez para fazer estoque mais a frente, fazendo que ocorresse um aumento à 85%, não atingindo ainda o limite da capacidade produtiva do Brasil. Mas podemos observar que se o país tiver um crescimento econômico efetivo, o que não é o caso, nós vamos ter de fato dificuldades.
Então, é necessário que em vez de sucatear o parque produtivo da Petrobrás, e vendê-lo, o governo deveria estar usando uma parte desse dinheiro do lucro da empresa, para, além de reduzir o preço dos combustíveis, investir na ampliação da capacidade de refino, como na retomada da reconstrução do COMPERJ, para que o Brasil passe a ser de fato autossuficiente , além da produção de petróleo cru, mas que seja autossuficiente na produção em refino dos derivados do petróleo, e também da cadeia petroquímica.

Nós podemos fazer isso aqui no Brasil, desde que tenhamos um projeto de independência nacional e autossuficiência do país que só pode acontecer se os trabalhadores tiverem à frente, e se isso for interesse da classe trabalhadora, e não de interesse dos grandes grupos econômicos internacionais e nacionais, como tem sido defendido por este governo, e por outros que vieram anteriormente.

O que o Sindipetro-RJ tem feito e articulado

Faixa Livre: Como avaliar essas ameças de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes de privatização da Petrobrás, nos aumentos exorbitantes dos derivados de petróleo, o que o Sindipetro-RJ tem feito para que os interesses do povo brasileiro sejam respeitados?

André Buca: O Sindipetro-RJ e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) têm realizado campanhas de esclarecimento da população. Existe uma campanha pela internet em defesa da Petrobrás – Defender a Petrobrás é defender o Brasil – promovendo e produzindo vídeos, memes, áudios, realizando e divulgando entrevistas em vários canais de mídia social. Estamos organizando a categoria petroleira e acumulando forças para entrarmos em cena e lutarmos efetivamente na defesa da Petrobrás, do petróleo brasileiro e da população brasileira. Também articulamos e apoiamos o movimento da greve dos caminhoneiros, que apesar de ter sido encerrado, continua ativo, inclusive ajudamos nessa questão do entendimento da PPI, atuando também no apoio aos motoristas de aplicativos de entrega e transporte de passageiros.

Estamos atuando também, através da campanha “Solidariedade Petroleira”, na distribuição subsidiada de quase 3 mil botijões de gás de cozinha e cestas básicas, em favelas do Rio e Grande Rio, para demonstrar ao povo que o preço do gás de cozinha pode ser menor ao atual praticado, sem o PPI. (A campanha recebe apoio de quem quiser ajudar através do PIX solidariedade@sindipetro.org.br)

Estamos articulando com várias entidades e centrais sindicais, pois sabemos que a luta contra a privatização da Petrobrás é uma luta ampla contra um projeto macro de entrega do país que se expressa, além da privatização da Petrobrás, também na venda de outras estatais como Correios, Eletrobrás CEDAE, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Casa da Moeda; também na reforma Administrativa, contra o ataque aos direitos dos trabalhadores e contra o negacionismo da COVID-19. Entendemos que todas essas lutas estão interligadas. Nós não podemos defender a Petrobrás e o petróleo do Brasil de uma forma isolada, em uma luta corporativa.

Nós vamos defender, mostrando que é parte de uma luta mais geral do povo brasileiro contra um projeto de entrega do país que tem transformado o Brasil e um mero produtor e exportador de matérias-primas, em um processo que transcorre há quase 40 anos, beneficiando a industrialização do sudoeste asiático, em especial da China, a serviço das multinacionais.

Nós não queremos voltar a ser apenas um exportador de matérias-primas, queremos um país que desenvolva tecnologia, que tenha indústrias de ponta e que esteja sob o controle dos trabalhadores. Pois só assim podemos virar esse jogo. Estamos conversando com várias centrais sindicais como a CSP Conlutas, entre outras, e participado das manifestações para levar nossa pauta como parte da luta mais geral, e não como uma pauta isolada que seria um erro de concepção que não enxergaria essa luta nesse marco mais geral. Esperamos colocar a categoria petroleira em campo o mais breve possível para ajudar a levantar o povo brasileiro na defesa do que é seu.

Apoio à greve dos caminhoneiros

Faixa Livre: os caminhoneiros realizaram uma greve iniciada no dia 01/11 e encerrada recentemente, com o objetivo de pressionar o Governo Federal em atuar para alterar a política de preços dos combustíveis. O movimento não apresentou uma grande adesão, a que você atribui isso?

André Buca: Discordo de que existe um fracasso no movimento da greve dos caminhoneiros. Quem participou de greves sabe que elas têm uma dinâmica própria. Existem greves que já no primeiro dia ganham grande adesão, outras começam devagar e crescem aos poucos. Então não podemos julgar a greve pelo início dela. E essa greve em relação a aquele grande movimento dos caminhoneiros de 2018 teve várias nuances como, por exemplo, a não participação do setor patronal ~que naquele movimento ~ que agora não apoiou o movimento, e a intensa repressão que foi feita.

O Bolsonaro que se dizia amigo do caminhoneiro aplicou uma grande repressão ao movimento usando de forças policiais e o sistema judiciário. Ocorreram 29 interditos proibitórios em 20 estados que aplicaram multas de R$ 10 mil a R$ 100 mil, por dia, isso, sem dúvida, é uma forma autoritária e antidemocrática. E mesmo assim, com todas essas dificuldades, em vários lugares a greve foi um sucesso.

O porto de Santos, principal do país, mostrou isso, assim como o porto de Salvador, rodovias com manifestações que mostraram como cresce a indignação dentro da categoria contra o que vem sendo aplicado pelo governo Bolsonaro, a partir da política de preços da Petrobrás, que afeta substancialmente seus gastos com o diesel, o principal combustível utilizado pelos caminhoneiros.

Nós apoiamos a luta dos caminhoneiros, que está relacionada com a nossa, que exige o fim do PPI, apoiando também as outras pautas como aposentadoria especial, a questão do frete, acreditamos que são pautas justas que defendem a vida deles. Nós queremos passar a mensagem aos caminhoneiros de que a nossa luta é a mesma deles, que só vamos vencer lutando juntos e de braços dados. O inimigo é muito poderoso, com aliados no poder, que tem apenas o objetivo de arrancar o nosso couro. Sigamos juntos nessa luta, pois o nível de indignação é muito grande , vamos virar esse jogo e derrubar esse governo e essa política que tanto mal faz ao nosso país.

Viva a greve dos caminhoneiros, e viva a luta dos trabalhadores!

 

Ouça na íntegra

Disponível também no YouTube: https://youtu.be/byWP69ZLhkU&t=45m30s