Por Rosa Maria Corrêa
No início desse mês, o ministério da Economia lançou o Relatório de Benefícios das Empresas Estatais Federais (REBEF) expondo de forma inédita os salários e benefícios de funcionários de 46 empresas de controle direto da União. O problema maior é que ao analisarem os dados, economistas e imprensa liberais, afinados com o privatismo, divulgam opiniões contra os trabalhadores, misturando inclusive todos os setores em um único pacote.
Para que seja feita uma justa comparação de salários é essencial que sejam comparadas empresas de mesmo porte e do mesmo ramo. Mas, antes de qualquer comparação, é necessário fazer um estudo apropriado. Aspectos relevantes como qualificação, cargo e função, tempo de trabalho, benefícios como anuênios e triênios são fatores a considerar. A expertise dos profissionais, por exemplo, já que os mais experientes costumam ser melhor remunerados, também é um destes aspectos.
Em junho de 2019, o petroleiro Marcelo Gauto, especialista em Petróleo, Gás e Energia, comparou número de empregados, custo anual com salários, receita operacional e percentual da receita gasto com salários de empresas estrangeiras (BP, Equinor, Total e Shell) com a Petrobrás. http://sindipetro.org.br/desmistificando-com-numeros-a-lenda-de-quem-trabalha-na-petrobras-e-maraja/ E concluiu que “o percentual médio da Petrobrás está alinhado ao dessas empresas, considerando o pacote de benefícios como um todo e a análise das tabelas permite concluir que o custo com salários e benefícios da Petrobras é similar aos players de mercado com a qual ela concorre, especialmente no Pré-Sal”.
Porém, o REBEF divulgado pelo governo Bolsonaro exibiu também os mais altos salários na estatal. Temos perguntas importantes como “Quem ganha os R$ 106 mil?”, “Quanto os nomes apontados pelo Centrão poderão vir a receber na empresa conforme for o jogo de dança de cadeiras iniciado com a saída de Castello Branco?”