FAFEN-SE tem previsão de retorno de operações até o final do ano

Após ser arrendada por 10 anos pela empresa Proquigel Química S.A., de propriedade do Grupo Unigel, a FAFEN-SE tem previsão de retomada de suas atividades no final de 2020.
Em entrevista à Rádio Nova Brasil FM de Sergipe, o ex-gerente geral da FAFEN-SE, e hoje consultor da Proquigel, Eduardo Barreto, disse que a retomada das operações após quase dois anos de hibernação promovida pela direção da Petrobrás será viabilizada até o final do ano. A empresa também assumiu a operação da FAFEN-BA.

 

 

Um exemplo de má gestão e entreguismo

O surreal desta situação é que a direção da Petrobrás alegou que hibernaria a fábrica por conta de “prejuízos” no segmento e sua mudança estratégica de concentrar suas atividades em exploração e produção. Na conversa com a rádio sergipana o consultor disse que o mercado de fertilizantes no atual momento se mostra bastante promissor com as exportações do agronegócio representando 45% da pauta do Brasil. “Só neste ano o consumo de fertilizantes apresenta um crescimento em seu consumo na ordem 15% quando comparado com o ano passado (2019), mesmo com a crise do Coronavírus (COVID-19). A safra brasileira deste ano de 2020 vai ultrapassar a marca de 250 milhões de toneladas de grãos, e o fertilizante é um insumo indispensável para o agronegócio brasileiro, tanto na atividade agrícola como na atividade de pecuária” – explicou o consultor mostrando que a direção da Petrobrás adotou uma linha lesiva aos seus negócios, ao abandonar o segmento de fertilizantes. O Sindipetro-RJ já havia sinalizado isso em suas publicações (vide boletins n°s 26 e 158).

As FAFENs de Bahia e Sergipe produziam ureia, um dos principais insumos que compõem a alimentação para gado, chegando a responder por 20% da produção brasileira. Para termos uma noção do prejuízo causado pela hibernação das fábricas, o Brasil importou sete milhões de toneladas de ureia. A produção das duas fábricas era de um milhão de toneladas, hoje essa produção é zero!

Ao mudar seu plano estratégico a Petrobrás abandonou totalmente projetos importantes no ramo de fertilizantes que ajudaria a atender a essa demanda do agronegócio como o fechamento da UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados Três Lagoas), no Mato Grosso do Sul, que está com suas obras paralisadas desde de 2014, estando 80% pronta. A fábrica chegou a ser vendida para uma empresa russa, a Acron, mas o negócio foi desfeito. Como também a ANSA-PR (Araucária Nitrogenados) que foi fechada em fechada no último mês de fevereiro, causando a demissão de milhares de trabalhadores. A ANSA além de tudo produzia ARLA-32, de obrigatório na frota diesel brasileira.

“É importante que tenhamos apoio do governo federal neste contexto para que o país não fique nessa dependência do mercado internacional” – disse consultor.

Ora, não era a lógica de mercado que prevaleceria neste governo neoliberal fascista de Bolsonaro a partir da política econômica de Paulo Guedes? Sendo mote e justificativa do desmonte da Petrobrás a retirada da participação de estatais e do Estado do ambiente de negócios ?

O fato é que quando a Petrobrás operava no setor, um mar de dificuldades era apontado como impeditivo para sua atuação. Desde os contratos de fornecimento de gás e água até a falta de isonomia com o produto importado. Agora, prontamente, tudo isso é saneado para facilitar a passagem à operação privada. Tudo isso com ajuda do governo federal, mostrando que o capitalismo brasileiro não se desenvolve sem o “papai” Estado. Estado mínimo só para o povo!

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