“Novo modelo mental” incentiva os petroleiros e petroleiras a trabalharem doentes para cumprir as metas do PRVE
Do satélite à ultrassonografia, temos nossas vidas vigiadas desde o útero por olhos sem rosto. O dia-a-dia registrado como num imenso Big Brother. Quanto mais escondido, disfarçado, mais eficiente é o controle. E o que tudo isso tem a ver com a Petrobrás?
Nesta quinta-feira (27), durante a última rodada de reunião desta semana, a FNP e a FUP foram enfáticas ao criticar o programa “Amigo do Peito”, que teoricamente visa despertar o sentimento de solidariedade da força de trabalho, visando o “cuidar do outro” e se deixar cuidar; e, consequentemente, reduzir as taxas de acidentes. Invés disso cria, na realidade, um ambiente hostil entre os trabalhadores, onde todo mundo vigia todo mundo.
E, então, com essa consciência cada vez mais autocrítica, o trabalhador torna-se seu próprio carrasco. Esta é a forma moderna de controle, com uma constante vigilância, que busca separar e dividir o trabalhador para melhor controlar.
Enquanto isso, centenas de trabalhadores se acidentam, adoecem e morrem pela ausência de uma política de segurança focada nas reais necessidades da categoria.
Por isso, a FNP e a FUP deixaram claro, durante a reunião, que a saúde e a segurança não podem ser tratadas como custo e menos ainda utilizadas como ferramentas de cooptação, punição e sonegação pela Petrobrás.
Para as federações, a técnica utilizada pela Petrobrás objetiva afastar as representações sindicais de todos os espaços de intervenção e debates, deixando o caminho livre para a empresa implementar o “novo modelo mental”, que incentiva os petroleiros e petroleiras a trabalharem doentes para cumprir as metas do PRVE. Vale lembrar mais uma vez, que assim, a técnica molda o trabalhador para melhor controlá-lo.
Lamentavelmente, os representantes do departamento de Gestão de Pessoa (GP) insistiram em defender a proposta rejeitada pela categoria, cujo capítulo de SMS foi praticamente desmontado. Das atuais 19 cláusulas, os gestores mantiveram somente 03; retiraram 02 e alteraram 14, com reduções de direitos.
Mas, as entidades sindicais enfatizaram que não aceitarão nenhum direito a menos e cobraram o aperfeiçoamento das cláusulas do atual Acordo Coletivo.
AMS
Em relação à AMS, as entidades sindicais cobraram a manutenção do regramento do custeio 70 x 30 no Acordo Coletivo, avanços na qualidade do programa e uma auditoria externa em suas contas.
As rodadas de negociação com a Petrobrás continuam na próxima semana, com reuniões na segunda (resultados da empresa), terça (horas extras, relações sindicais e terceirização) e quarta (remuneração e vantagens).
Fonte: FNP