Fundo dos Emirados Árabes compra RLAM na pechincha de Castello Branco

Por André Lobão

Assim, direção da Petrobrás abre mão de nossa primeira refinaria e segue no desmonte do patrimônio brasileiro

A Petrobrás anunciou nesta segunda-feira (08/02) que que finalizou a rodada final do processo de venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, e que a melhor oferta recebida foi a do Mubadala Capital, um fundo soberano de Abu Dhabi, Emirados Árabes, no valor de US$ 1,65 bilhão (o equivalente a R$ 8,87 bilhões).

Segundo a direção da Petrobrás, a assinatura do contrato de compra e venda ainda está sujeita à aprovação dos órgãos competentes. Informações extraoficiais dão conta de que o processo de venda será concluído em março.

Para se ter ideia da pechincha feita pela Petrobrás ao grupo Mubadala, a refinaria em 2010 estruturou um programa de modernização ao custo de de R$ 3 bilhões.

Situada no estado da Bahia, a RLAM possui capacidade de processamento de 333 mil barris/dia (14% da capacidade total de refino de petróleo do Brasil) e seus ativos incluem quatro terminais de armazenamento e um conjunto de oleodutos totalizando 669 km. O complexo industrial é responsável por nada menos que 18% da arrecadação da Bahia. Apenas em ICMS, a RLAM recolhe mais de R$ 750 milhões por ano aos cofres estaduais, cerca de 8% da arrecadação do governo com esse imposto.

Com 70 anos completados em 2020, a refinaria começou a ser construída em 1949 em Mataripe, distrito localizado no município de São Francisco do Conde, perto de Candeias, onde foi encontrado e instalado o primeiro o poço comercial de petróleo no Brasil. A refinaria começou a operar em 1953, sendo incorporada pela Petrobrás naquele ano.

Mubadala e seus “parceiros” sem rosto, sem CNPJ e sem CPF

Em negócios pelo mundo, o fundo Mubadala atua em associação com a Shell; sim ela mesma, a multinacional estrangeira mais beneficiada com o desmonte da Petrobrás. Um exemplo disso é o recente anuncio de uma operação em parceria de ambos no Egito, onde foi anunciado no último dia 21 de janeiro a assinatura de um acordo com o governo local para exploração de blocos no mar Vermelho.

Vale lembrar que o fundo Mubadala no passado investiu cerca de US$ 2 bi em negócios de Eike Batista. Dos espólios que recebeu do falido bilionário, que foi preso na Operação Lava Jato, restou ainda a carcaça do histórico Hotel Glória no Rio de Janeiro, que o fundo ainda não conseguiu vender e que está há anos com obras inacabadas.

No Brasil, o que se sabe da Mubadala Capital é que ela é administrada por uma empresa chamada BRL Trust Investimentos Ltda., com sede no tradicional bairro Itaim Bibi, São Paulo, operando com a capitação de fundos, devidamente autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O setor de imprensa do Sindipetro-RJ tentou acessar no sistema da Receita Federal informações sobre quem seriam os sócios do Mubadala no Brasil, mas o sistema informa que “Não há informações de quadro de sócios e administradores (QSA) na base de dados do CNPJ”. Já a busca no sistema pelo CNPJ da BRL Trust revelou a seguinte informação: “número de CNPJ inválido”.
O que se pode pensar destas negociações de venda da RLAM?

 

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